Me interessa o tema do acesso do público ao livro de artista e a possibilidade de circulação deste objeto de arte. Ele cabe em um espaço expositivo dito museu ou galeria de arte, em uma coleção de biblioteca de arte, em uma livraria especializada ou não, em uma feira de arte ou de publicações independentes.
Em cada um destes espaços se estabelece diferentes relações entre o público e o objeto de arte: o livro pode ou não ser tocado, aberto, vivido, percorrido, adquirido.
No primeiro post escrevi sobre Katsumi Komagata, um artista designer cuja obra transita entre os limites: livro de artista, livro ilustrado, livro para criança e pode ser encontrada em feiras de livro ilustrado, em feira de livros de artistas, em museus de arte contemporânea e em livrarias infantis.
Hoje escrevo sobre a Éditions du Livre, uma pequena editora francesa independente comandada por Alexandre Chaize, que publica livros de artistas para crianças. Achei interessante que na própria apresentação da editora ela se autodefine como um espaço que publica livros de artistas para crianças.
Em suas publicações há um importante diálogo entre forma e conteúdo, onde o objeto livro é a própria substância. Há uma preocupação com o livro quanto experiência sensível. Quando percorrido e manipulado, o livro pode ganhar outro estado, mudar de forma, ser recombinado e/ou reinventado.
Para que esta experiência sensível aconteça, há um cuidado primoroso com as partes que arquitetam a forma livro, além da qualidade de impressão, escolha de papel, formato, peso, tamanho do objeto na mão da criança.
Penso que os principais temas de seus livros são a manipulação do objeto e suas possibilidades combinatórias, escultóricas e de leitura visual como se podemos ver nesta série de Antonio Ladrillo, composta por 3 livros: Colors, Lines e Dots.
Todos possuem o mesmo número de páginas, formato e recortes, têm apenas uma diferença: seu padrão é composto por blocos de cor, linhas ou pontos que modificam a nossa perceção visual.
Antonio Ladrillo, 2020
24 páginas, 13,3 x 13 cm, impressão fluorescente de processo de quatro cores
Capa mole, encadernação Singer-stitch, colofão de folha brilhante
ISBN 979-10-90475-25-0 (segunda edição)
Já em Le Papillon imprimeur, de Fanette Mellier, o livro é formado por folhas destacáveis unidas por um elástico central. Cada folha representa uma borboleta ou mariposa cujas asas multicoloridas criam uma engraçada cartela de cores. Ao destacar as folhas do livro, o leitor pode explorar essas duplas de páginas, recombiná-las e criar um novo bater de asas coloridos.
Fanette Mellier, 2016
16 páginas, 20 x 30 cm
Impressão offset em 8 cores Serigrafia em 13 cores e tinta fosforescente
Folha mate, metálica, holográfica e arco-íris
Amarração de cordão elástico
ISBN 979-10-90475-16-8
Os livros da Édtitions du Livre também já se ganharam paredes e se transformação em instalações em uma espécie de livro expandido no espaço.
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