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sábado, 13 de janeiro de 2024

Otl Aicher e os Jogos Olímpicos de 1972

    Otto "Otl" Aicher, foi um designer gráfico e tipógrafo alemão conhecido por ser um dos fundadores da influente Ulm School of Design. Também, liderou a equipa de design dos Jogos Olímpicos de Verão de 1972 em Munique e, supervisionou a criação do sistema de pictogramas usado com destaque na altura.


Otto Aicher, 1922-1991


    Aicher nasceu em Ulm, no estado de Baden-Württemberg, a 13 de maio de 1922. Era colega de classe e amigo de Werner Scholl, e através dele conheceu a sua família. Tal como os Scholls, Aicher opôs-se fortemente ao movimento nazi e, por isso, acabou por ser preso em 1937 por se recusar a ingressar na Juventude Hitlerista e, consequentemente, foi reprovado no exame de entrada na faculdade em 1941. Posteriormente, foi convocado para o exército alemão para lutar na Segunda Guerra Mundial, embora tenha tentado sair em várias vezes. Acabou por abandonar, em 1945, escondendo-se na casa dos Scholls.

    Em 1946, após o fim da guerra, Aicher começou a estudar escultura na Academia de Belas Artes de Munique, abrindo o seu próprio estúdio um ano depois. Casou-se com Inge Scholl, uns anos mais tarde e juntos com o Max Bill fundaram a Escola de Design de Ulm, uma escola com os ensinamentos relacionados a Bauhaus, que se tornou um dos principais centros educacionais de design da Alemanha desde a sua fundação até o seu encerramento em 1968.



Escola de Design de Ulm



    Em 1966, Aicher foi convidado pelos organizadores dos Jogos Olímpicos de Verão de 1972 em Munique para se tornar o designer-chefe da equipa de Design dos Jogos Olímpicos. Foi convidado a criar um projeto que complementasse a arquitetura do estádio recém-construído em Munique, projetado por Günther Behnisch. 


    Baseou o seu trabalho na iconografia dos Jogos de 1964, o designer criou um conjunto de pictogramas destinados a fornecer uma interpretação visual do esporte que apresentavam, para que atletas e visitantes da Vila Olímpica se pudessem orientar. Com base num sistema de grades criou os pictogramas e escolheu uma paleta de cores brilhantes específica, escolhida por si.



Pictogramas, Jogos Olímpicos de 1972



    As cores escolhidas para os designs dos jogos foram selecionadas para refletir os tons dos Alpes, uma seleção de azul, branco, verde, laranja e prata. As cores foram utilizadas para identificar temas atribuídos como mídia, serviços técnicos, hospitalidade de celebridades e funções públicas e, cada uma tinha uma cor diferente para que os visitantes pudessem diferenciar os temas ao redor do estádio e da vila. 


    Aicher usou a fonte Univers para os designs olímpicos, produziu 21 cartazes para divulgar as diferentes modalidades nos jogos, utilizando as cores oficiais do design e incluindo também o logotipo e "München 1972".




Posters, Jogos Olímpicos de 1972

    Por fim, a equipa de design escolheu utilizar uma técnica chamada "posterização" para os gráficos dos posters, separando as qualidades tonais das imagens num processo manual. O primeiro desses cartazes foi um cartaz do estádio olímpico que se tornou o cartaz oficial desses jogos.




sites consultados:

https://www.studiointernational.com/otl-aicher-design-type-thinking-winfried-nerdinger-and-wilhelm-vossenkuhl-book-review-prestel

https://designhistorylab.com/olympics/Markus_Rathgeb_Otl_Aicher1.pdf




quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Lourdes Castro

 Lourdes Castro, nasceu no Funchal a 9 de dezembro 1930, e é reconhecida como uma das grandes artistas plásticas portuguesas.


Lourdes Castro, na Madeira

“Não corro para mostrar às galerias. Nunca corri. Mostro assim a um ou outro que vem cá e depois guardo. Não estou à espera de nada”


    Frequentou a escola alemã dessa ilha até esta encerrar devido a 2ª Guerra Mundial, ficando mais três anos na Madeira até se mudar para Lisboa. A artista frequentou o curso de pintura da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, não dando como concluído por “expulsão” em 1956, devido  à “não conformidade com o cânone académico que dominava o sistema de ensino de então". 

    A artista disse na sua entrevista ao expresso: “Já não podia mais com aquilo. Se a gente não pintava corzinha de pele, meio rosa… O mestre de Pintura não aceitava. Pintei a pele dos nus de verde e de azul. Como pintava em casa, comecei a pintar à minha maneira. Já fazia outras coisas. Isto era no Curso Superior de Belas Artes, que não acabei. Porque era preciso fazer seis modelos nus, seis naturezas mortas e mais não sei o quê… Era tudo às meias-dúzias.”

    Viveu um ano em Munique e pouco tempo depois partiu para Paris com o seu marido René Bertholo. Juntos fundaram, em 1958, a revista KWY, de uma forma espontânea no seu apartamento. Esta seria concebida como meio de comunicação e de partilha de ideias e conteúdos, utilizando a serigrafia como impressão. Chegaram a ser criadas doze revistas com ajuda e colaboração de amigos.


Lote de diversos convites e postais do grupo KWY


    Em meados da década de 60, as suas obras com as sombras projetadas seguiram de diversas formas, começando pela pintura e desenho, as serigrafias, o video acrílico, os lençóis bordados e até performances.


Sombra projetada, 1965
Sombras horizontais e verticais, 1979




Sombra projetada, 1964



    Completando quase dois anos desde o seu falecimento, a 8 de janeiro de 2022, termino relembrando uma pergunta que foi feita na última entrevista que Lourdes deu ao Expresso em 2019, quando o jornalista afirmou “A Lourdes gosta muito de dizer que não faz arte.”, ao que a artista lhe respondeu: “Nem faço arte nem deixo de fazer. Sim, chamem-lhe arte. Com os nomes não me estorvo. Podem dizer que é arte e que sou artista, não me abala. Diz-se “arte” para as pessoas saberem. Assim como temos um nome, para nos chamarem. Pois, tem de se dizer que é arte e que não é arte.”



Sites Consultados:


https://expresso.pt/cultura/2022-01-08-o-que-somos-nos-senao-um-agregado-de-mil-coisas--a-ultima-entrevista-de-lourdes-castro-ao-expresso-em-2019


https://cham.fcsh.unl.pt/actividades-detalhe.php?p=932


https://cham.fcsh.unl.pt/actividades-detalhe.php?p=932


https://gulbenkian.pt/historia-das-exposicoes/exhibitions/1003/













quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Irmã Corita e a Serigrafia

 


    Irmã Corita Kent (1918-1986)


    Frances Elizabeth Kent, nasceu em 1918 e aos 18 anos ingressou na ordem católica do Imaculado Coração de Maria, em Los Angeles, sendo conhecida como Irmã Corita, artista e educadora. 

    Corita estudou arte, mestre em História da Arte, foi também professora na ordem católica onde estava a atrair diversas pessoas ao mundo da arte. Ao mesmo tempo tinha a paixão de fazer serigrafia onde aprendeu com a Maria Martinez (mulher do pintor Alfredo Ramos Martinez), onde fez várias experiências nessa area. Foi nesta paixão que Corita produziu mais de 700 obras até falecer, em 1986.
  
with love to the everyday miracle


    Toda a coleção de trabalhos de Corita se pode encontrar nesta página: https://collection.corita.org/piece/67-22




Poster "10 rules"
    Ela ensinou e fez arte durante a década de 1960, uma época nos EUA repleta de convulsões sociais e caos. Durante essa época, nas suas aulas Corita criou uma lista com 10 regras para os seus alunos. Estas regras tinham como objetivo a aceita-la e a melhoria no trabalho que era criado como também, ser aceites e tratar os outros e a nós mesmos de forma gentil. Estas incentivam a auto-compaixão em vez da auto-crítica, sendo que a última regra é para não quebrar essas regras. 



    Um video que explica a vida e toda a arte criada pela irmã Corita, onde se pode ouvir a irmã a citar as 10 regras, pode ser visto aqui:  


Sites Consultados:

https://www.silkscreenkato.com/post/conheça-clarita-kent-a-freira-que-revolucionou-a-serigrafia



https://might-could.com/essays/10-rules-for-artists-by-sister-corita-kent/




quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Internacional Typographic Style

 


Palavras-chave: simplicidade, clareza, legibilidade e objetividade

    

    O “Internacional Typographic Style" é uma interpretação sistemática do design gráfico presente entre as décadas de 1930 a 1950, que acabou por ser desenvolvido internacionalmente, sendo considerado como a base do estilo suíço. Esta realizou-se a partir dos movimentos artísticos como o De Stijl e a Bauhaus. 


    Neste estilo podemos observar diferentes características tais como os layouts assimétricos, utilizando grelhas e fontes sem serifa, como também os textos alinhados a esquerda sendo eles irregulares à direita. Neste estilo trocavam-se as ilustrações ou desenhos por fotografias. 


    A fotografia é outro elemento de design destinado a apresentar informações com clareza e sem nenhuma das influências persuasivas da propaganda ou publicidade comercial. Este foco tão forte na ordem e na clareza vem dos primeiros pioneiros do movimento, que acreditavam que o design é uma "atividade socialmente útil e importante... os designers definem seus papéis não como artistas, mas como canais objetivos para espalhar informações importantes entre os componentes da sociedade.” (Meggs' History of Graphic Design (4th ed.)).


    Muitos dos primeiros trabalhos deste “Estilo Tipográfico Internacional” apresentavam a tipografia como elemento principal de design, para além de seu uso em texto. As influências deste movimento continuam a ser vistas como ensinamento e metodologia da teoria do design até aos dias de hoje.


    Podemos considerar as palavras chave para este estilo: simplicidade, clareza, legibilidade e objetividade.  


    Alguns nomes como Ernst Keller, Josef Müller-Brockmann, Armin Hofmann, Max Bill eram conhecidos como mestres designers desta estilo. Algumas obras destes artistas seguem em baixo: 




Quem diz que aprecia o estilo suíço significa que deve apreciar as fontes que deram início a este estilo. Os sistemas de grade não seriam nada sem a fonte clássica sem serifa que assenta perfeitamente no estilo suíço. Profissionais que ensinaram o Swiss Style focavam-se em ensinar que o design deveria focar no conteúdo e não nos extras decorativos.






quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Adrian Frutiger, um génio tipográfico.

   



    Adrian Frutiger (1928-2015) foi um designer gráfico suíço do século XX. Seu forte era o design de fontes e ele foi considerado responsável pelo avanço da tipografia manual para a tipografia digital. A sua valiosa contribuição para a tipografia inclui os tipos de letra Univers e Frutiger.


    Desde muito jovem, começou a experimentar caligrafia estilizada, desafiando a caligrafia formal e cursiva ensinada nas escolas suíças. Acabou por entrar no mundo da impressão, mantendo vivo o seu amor pela escultura, incorporando os desenhos da escultura nas suas fontes.


    A Univers foi uma das primeiras famílias tipográficas a concretizar a ideia de que uma fonte deveria formar uma família de tipos consistentes e relacionados entre si. Ao criar uma gama correspondente de estilos e pesos, a Univers permitiu que os documentos fossem criados num tipo de letra consistente para todo o texto, sendo mais fácil definir artisticamente os documentos correspondendo ao desejo dos praticantes do "estilo suíço" de tipografia  e de fontes neutras sem serifa, evitando excessos artísticos.


    Após a recepção bem-sucedida desta fonte moderna, foi contratado para trabalhar no novo Aeroporto Internacional Charles de Gaulle. Ele criou um alfabeto de sinalização que orientasse e que fosse legível de longe e de qualquer ângulo. 

    

    Assim, decidiu primeiro adaptar a fonte Univers, acabando por abandonar essa ideia, considerando-a um pouco desatualizada para a altura. Decidiu então seguir uma abordagem diferente e acabou por alterar a sua fonte Univers fundindo-a com influências orgânicas da fonte Gill Sans de Eric Gill. Esta fonte foi originalmente intitulada como Roissy, embora tenha sido renomeada para Frutiger, em 1976.


    Em baixo, apresentam-se as duas fontes que falei, a Univers na imagem de cima e a Frutiger a seguir: