quarta-feira, 1 de dezembro de 2021
quarta-feira, 10 de novembro de 2021
A edição de imagem como concretização do imaginário
“o círculo cromático está, portanto, vinculado à realidade concreta, visível, ao passo que a escala linear de cinzas só surge a partir de uma abstração – da subtração da primeira camada do real. Assim, enquanto as fotos coloridas tendem a mostrar o ser – a realidade tal como se mostra aos nossos olhos –, as fotos em preto e branco permitem a expressão de um dever-ser.
Um exemplo tirado da nossa vida cotidiana talvez ilumine essa questão. Sabemos que as pessoas gostam de cores vivas: os levantamentos internacionais sempre apontam o azul, o vermelho, o verde. Contudo, quando compram seus automóveis, elas optam, em sua grande maioria, pela escala P&B: preferem carros brancos, prateados, cinzentos, pretos.
Como explicar esse paradoxo? Segundo Pastoureau em seu Dicionário das cores do nosso tempo, ele resulta do fato de que a escolha da cor ocorre por exclusão. O vendedor exibe um extenso mostruário, mas as possibilidades à mão são restritas: uma cor só estará disponível em três meses, outra exige um pagamento extra, outra não existe para o modelo desejado. A escolha se faz por exclusão a partir das três ou quatro cores disponíveis: “O cliente elimina aquilo que o repugna e escolhe, não a cor de que gosta, mas a que lhe desagrada menos”.
Se é assim, por que as massas preferem comprar automóveis na escala preto e branco, se elas no fundo preferem o círculo cromático? Porque as pessoas sabem que serão julgadas publicamente por suas escolhas. Como diz Pastoureau, “todos somos julgados, classificados, hierarquizados, postos em números e em discursos, quer queiramos ou não, segundo a cor do nosso carro”. Assim, quando escolhem um veículo em preto e branco, as pessoas ostentam não o que elas são, mas sim o que elas deveriam ser – mais sóbrias, elegantes, respeitáveis.
O dever-ser é a fachada social de cada proprietário. Cada indivíduo busca aparecer socialmente como algo que ele gostaria de ser, mas não é. O uso da escala em preto e branco para emitir juízos morais sobre o mundo se baseia nessa predisposição inconsciente das massas. Tal atitude é tão comum que não se reflete só na fotografia. Quando Picasso pintou Guernica, deixou o quadro praticamente sem cores. A série Retirantes, de Portinari, deve sua força aos contrastes de luz e sombra, e o negro domina a capela de Rothko em Houston. A mesma opção é frequentemente adotada no cinema: quantos diretores não preferiram filmar suas obras em preto e branco, mesmo tendo à mão a possibilidade de usar as cores?”A alteração da fotografia pretende chegar a uma sensação ou um sentimento específico que na maioria das vezes existe já na foto inicial, mas que é acentuada ou reformulada pelas nossas escolhas. Queremos torná-la mais singular, e a melhor maneira de o fazer é fugindo do campo que nos abrange a todos: a realidade.
terça-feira, 19 de outubro de 2021
Internet, Online state and Addiction
Para este projeto começou-se por ver o que é um livro de
artista e depois quais as abordagens possíveis que interessavam para ele.
Começando por definir o que é isto do livro de artista, um livro
de artista são obras de arte realizadas sob a forma de um livro. São feitas poucas
tiragens para manter a sua raridade e singularidade. Segundo a definição de
Stephen Bury, “Livros de artista são (...) objetos em forma de livro; sobre os
quais, na aparência, final o artista tem um grande controle. O livro é
entendido nele mesmo como uma obra de arte. Estes não são livros com
reproduções de obras de artistas, ou apenas um texto ilustrado por um artista.
Na prática, esta definição quebra-se quando o artista a desafia, puxando o
formato livro em direções inesperadas." Livros de artista não devem ser apenas
livros.
As obras de arte nunca foram apenas o que se vê, mas também
o que não se vê: o visual tem de estar conectado ao significado. A arte tem o
poder de, se se quiser, ser crítica. O livro de artista, assim como outro
formato de criação artística, tem esse poder.
Após ler algumas definições, foi feita uma pesquisa sobre livros de artista já feitos para referência de formatos, técnicas, temas e materiais usados.
PAPARAZZI |
GRAFFITI |
LITTLE TENTATIVE RECIPE |
CUTS ON A BOOK OF "ED RUSCHA"
Noriko Ambe
Após pensar nos temas que gostaria
de trabalhar no livro, decidi que gostaria de trabalhar num tema atualmente
relevante, como por exemplo a Internet e tecnologia e a nossa relação com elas.
Vivemos num tempo em que o digital, mais do que estar
consolidado, é necessário na nossa sociedade. Por esse motivo, afeta
diretamente as nossas vidas e dos que nos rodeiam. E
afeta de várias formas, no entanto a nossa necessidade tem vindo a aumentar ao
longo do tempo, principalmente com a pandemia, onde o mundo digital foi o que
manteve o mundo físico conectado.
Uma exploração desta temática através do texto e da imagem faz todo no formato “livro de artista”, ainda com possibilidades de escolha entre livro físico ou digital mas com a ideia de que o livro físico dará mais possibilidades de criação. (Ainda por decidir se se vai usar conteúdo próprio ou se adaptado de um documento de outro(a) autor(a)/artista)
Webliografia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Livro_de_artista
http://cargocollective.com/image-type-text/1A-Artists-books-digital-artists-books
https://rvb-books.com/collections/catalog