segunda-feira, 27 de novembro de 2023

3# Dislexia e Fontes para Leitura: Uma Abordagem Acessível

Adislexia é um transtorno específico da aprendizagem que afeta a habilidade de uma pessoa em ler, escrever e soletrar. Geralmente, é caracterizada por dificuldades na decodificação de palavras, associadas à velocidade de leitura e compreensão. No entanto, é importante ressaltar que a dislexia não está relacionada à inteligência,  mas enfrentam desafios específicos na área da leitura.


Felizmente, existem várias fontes e recursos que foram desenvolvidos para auxiliar aqueles com dislexia a melhorar suas habilidades de leitura. Desde fontes tipográficas especiais até softwares e aplicativos que oferecem suporte na leitura, a tecnologia desempenha um papel crucial para ajudar pessoas disléxicas a superar obstáculos na leitura .Entre as fontes mais conhecidas temos a Lexia Readable, dyslexie, a open Dyslexic e a Sylexiad.



A fonte OpenDyslexic é uma fonte de texto de distribuição gratuita e destinada a pessoas com dislexia. Desenvolvida pelo designer Abelardo Gonzalez em 2011, a OpenDyslexic foi projetada com o propósito de minimizar os obstáculos enfrentados por indivíduos disléxicos durante a leitura.Esta fonte possui características distintas, como letras levemente inclinadas para trás e maior espessura nas extremidades das letras, o que pode ajudar na redução da confusão entre caracteres similares. Além disso, as letras possuem espaçamento mais amplo entre elas para melhorar a legibilidade e evitar que se sobreponham. A ideia por trás da OpenDyslexic é proporcionar uma experiência de leitura mais confortável e menos cansativa para aqueles com dislexia, criando um texto mais claro e de fácil compreensão. 







OpenDyslexic  regular






As fontes e ferramentas desenvolvidas para ajudar indivíduos com dislexia são testemunho do poder da tecnologia em tornar a educação mais inclusiva e adaptada às necessidades individuais. Ao reconhecer e utilizar esses recursos, é possível oferecer oportunidades equitativas de aprendizado, capacitando e apoiando pessoas com dislexia em sua jornada educacional e pessoal.



https://dislexia.pt/blog/fontes-de-texto/

https://opendyslexic.org


Explorando a cor e a geometria através de Ikko Tanaka

Ikko Tanaka 
(田中 一光, Tanaka Ikkō)
    Ikko Tanaka 田中 一光, (1930–2002) foi um designer gráfico japonês internacionalmente reconhecido nascido em Nara, Japão, que desempenhou um papel crucial na formação da identidade visual do Japão pós-guerra. O seu trabalho é caracterizado por uma fusão de estética japonesa tradicional com princípios modernos de design. Recebeu imensos prémios, incluindo o Prémio de Design Mainichi e o Prémio da Academia do Japão, mas o legado de Tanaka vai além dos seus trabalhos individuais. Esteve também envolvido na educação, lecionando em instituições como a Escola de Design Kuwasawa e a Universidade de Artes de Musashino, e defendendo o design como uma força cultural e económica e um elemento crucial na construção de qualquer sociedade.

    O estilo que Tanaka desenvolveu ao longo do seu percurso como designer integrava a arte japonesa tradicional, principalmente a caligrafia com símbolos culturais, encontrando um equilíbrio entre a simplicidade e a sofisticação. Influenciado por filosofias de design japonesas e ocidentais, as suas criações, como o icónico poster para a Exposição Mundial de Osaka de 1970, apresentando um sol estilizado em vermelho, tornaram-se símbolos de eventos culturais de referência na cultura visual. A influência de Ikko Tanaka persiste no design contemporâneo, e as suas contribuições são celebradas tanto no Japão quanto mundialmente, marcando-o como uma figura significativa na história do design gráfico.

Japan Week LA 洛杉磯日本週海報, Ikko Tanaka (1987)


TOMIN MANZAI CHINKONKA YUKI NINGYOZAMASSATSU #1, Ikko Tanaka (1973)


Amnesty International, Ikko Tanaka (1977)

 

Nihon Buyo, Ikko Tanaka (1981)

    Ikko Tanaka combinou habilmente a estética modernista ocidental com a tradição japonesa para criar um estilo visual contemporâneo. Para além de identidades visuais, posters, desenvolveu tanto trabalhos corporativos como portfólio pessoal e artístico onde o seu uso de cores vivas e geometria funcional brilhava. A sua ingenuidade bem aplicada no uso da cor como participante ativo no design e das formas geométricas, remetendo à escola da Bauhaus fez com que se tornasse requisitado por marcas, entidades e trouxe um novo olhar sobre o que era então entendido sobre design japonês. Ao contrário das tendências mecânicas frequentemente associadas ao design modernista, a abordagem de Tanaka incorporava um toque lúdico e criativo.
    Colaborou com diversas marcas, como por exemplo a Issey Miyake, onde a beleza formal do seu trabalho foi aproveitada e resultaram convulsões entre o design gráfico, o design de moda,
a cor e a forma, a pureza e o requinte. (1)

  • Communication & Print, Ikko Tanaka (1991)
(1)

Tipografia Dadaísta, a rebelião (i)rracional

    Assim como os Cubistas, os artistas modernistas que impulsionaram o movimento Dadaísta no pós-guerra da primeira guerra mundial, demonstraram grande interesse em incorporar tipografia nas suas composições. A palavra não só era essencial como tinha um carácter de protesto, metafórico e enigmático. Artistas como Raoul Hausmann ou Kurt Schwitters utilizavam fontes em negrito, espessas e sem serifa, posicionavam os seus textos em configurações diagonais, horizontais e verticais, incorporando as características do movimento, de anti-conformismo, absurdismo e espontaneidade mas levando o design gráfico e a tipografia muito a sério. Até então, o texto convencionalmente era alinhado apenas horizontalmente. Além disso, artistas reconhecidos parte desta corrente artística aventuraram-se a experimentar o espaçamento entre linhas e letras.


Merz no 11, Kurt Schwitters (1924) Pelikan. 
Letterpress, 17 1/4 x 11 1/2” (43.8 x 29.2 cm)

    Os Dadaístas desempenharam um papel fundamental na formação do Design Gráfico ao produzirem revistas que promoviam a arte. A sua informalidade no exercício do design editorial deixou marca historicamente, influenciando os designers gráficos em ascensão. Notavelmente, a influência do Dadaísmo neste campo seria reconhecida pelos designers da Bauhaus.



Optophonetic media, Raoul Hausmann (1919)

DADA, Raoul Hausmann (1919)

DADA KOMMT!, Raoul Hausmann (1958)

    O movimento Dada tinha uma forte dimensão política, com muitos dos artistas utilizando a arte para expressar desilusão e raiva em resposta à devastação da Primeira Guerra Mundial. Os dadaístas criticavam o nacionalismo, o militarismo e o autoritarismo, refletindo sobre as mais amplas convulsões sociais e políticas da época. Hausmann declamou "poemas de letras" que envolviam todo o corpo por meio de variações de respiração e voz para serem expressos, sem saber que essa poesia sem palavras já formava só por si uma das qualidades mais marcantes do Dadaísmo. Construiu-se nesta época o conceito de libertação de uma linguagem explícita que "se tornara ineficaz", pois fora "devastada pelo jornalismo". O radical Hausmann estava a milhas de distância de qualquer ato de reverência a qualquer tipo de autoridade ou cânones estabelecidos, pois despojava a linguagem até aos seus estado mais cru, ou seja, até as próprias letras. As letras eram o seu "novo material", os blocos de construção da sua poesia optofonética.

    Seguindo a sua máxima de "anti-regras", os dadaístas insurgiam-se e protestavam contra tudo o que seria convencionalmente aceito na época, redefinindo a maneira como a tipografia era utilizada. Através do livre uso de fontes, adotavam pontuações de forma não convencional e apreciavam a inclusão aleatória de letras ou símbolos nas suas páginas. Imprimiam tanto na horizontal quanto na vertical no mesmo papel, compondo de maneira indiferente em qualquer direção. O impacto visual tornava-se essencial no seus posteres, e cada página era explosiva, como se a intenção fosse que ela "gritasse" para o leitor. Conquistavam esse efeito por meio de uma hierarquia extrema, uso abundante de letras maiúsculas e minúsculas, tipos condensados e leves. Além disso, alguns dadaístas preferiam que o seu texto não fosse condicionado ao significado. Em muitos dos posteres da época, a legibilidade do texto provavelmente sofria como resultado dessa abordagem e esse fator também fazia parte de todo o sentido da obra.

    Outro artista emergente do século XX, Hans Arp ou Jean Harp, era conhecido pelo uso inovador do acaso no seu processo artístico. Muitas vezes criava colagens deixando cair ou rasgando pedaços de papel sobre uma superfície, permitindo que a aleatoriedade desempenhasse um papel na composição. Esta abordagem reflectia o interesse dadaísta em minar a racionalidade e abraçar o arbitrário. A abordagem multidisciplinar de Jean Arp, combinando arte visual e poesia, bem como o seu compromisso em explorar o "momento" e o orgânico, deixaram um impacto duradouro na trajetória da arte moderna e contemporânea e um trabalho sólido e conceptual na área da tipografia e design.

Der Pyramidenrock, Jean Hans Arp (1924) 

'Arp/ 1/ Prapoganda/ und Arp...', Jean Hans Arp (1923)

ARP (Jean) & TAEUBER-ARP (Sophie). le siège de l'air. poèmes 1915-1945, Jean Hans Arp (1946)

    Os dadaístas foram também prolíficos na criação de manifestos e publicações que apresentavam os seus ideais juntamente com a sua tipografia vanguardista. Revistas como "Cabaret Voltaire" e "Dada" serviram como plataformas para disseminar as ideias dadaístas e mostrar designs tipográficos inovadores. Apesar do movimento ter perdido relevância após a chegada do surrealismo, este prevalece como um movimento fértil em todas as áreas artísticas para a condução de um espírito crítico e que ajudou a solidificar ainda mais a ideia da arte como um mero exercício de consciência.

    O gene experimental e rebelde do uso da tipografia pelo movimento dadaísta teve repercussões no design gráfico e na tipografia. Abriu caminho para movimentos vanguardistas subsequentes e influenciou o desenvolvimento de princípios modernos de design. A abordagem dadaísta à tipografia, com ênfase na liberdade, caos e quebra de tradição, continua a inspirar designers contemporâneos que procuram ultrapassar os limites da comunicação visual.      

   



quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Art Nouveau

Alfonse Mucha, pôster de Gismonda, de Victorien Sardou, estrelado por Sarah Bernhardt no Théâtre de la Renaissance em Paris, 1894, litografia, 216 x 74,2 cm


 O tema que vou abordar é o movimento artístico “Art Nouveau” e como ele tem um impacto positivo no design.


Art Nouveau foi um movimento artístico que surgiu na França na década de 1890 e   se desenvolveu até 1910, na era moderna da nossa sociedade. Este movimento surgiu durante a segunda Revolução Industrial e influenciou o mundo nas mais diversas formas de arte além do destaque ou do design. Este movimento contribuiu para o desenvolvimento social, estético, político e tecnológico que surgiu de uma contradição na estética da época, que se caracterizava pelo neoclassicismo e por uma visão puramente académica na estética e na pintura. O termo “art Nouveau”   surgiu numa galeria dirigida por Marchand Samuel Bing localizada em Paris. Esta galeria ganhou visibilidade internacional onde muitos jovens artistas foram consecutivamente apresentados a novas correntes artísticas. É considerado um estilo transitório que evoluiu do historicismo e estabeleceu predominância na área do design durante o século XIX.

Caracteriza-se principalmente pela simplicidade, elegância feminina e um visual fantástico. É identificado pelo uso de ornamentação exagerada e uso de curvas; ou uso de núcleos vibrantes e elementos tipográficos decorativos. Já suas influências estéticas vêm do Rococó e do Ukyio-e.

Dentro do design podemos encontrar esse estilo na arquitetura, não em produtos imobiliários, na joalheria, na pintura e principalmente na publicidade (cartões). Aqui podemos verificar todos os elementos que caracterizam este movimento de forma clara e objetiva como a figura feminina, a ornamentação orgânica e a tipografia. Este estilo acabou surgindo com o objetivo de atender às necessidades do comércio de massa, por isso os designers procuraram encontrar métodos de impressão que pudessem ser aplicados, como é o caso da litografia. 

Gostaria de destacar alguns exemplos do desenvolvimento da Art Nouveau nas letras. Em 1890, na Escola de Arte de Glasgow, um grupo de estudantes formados em “Os Quatro” desenvolveu um estilo muito original e simbólico. O grupo era composto por Charles Rennie Mackintosh, J. Herbert McNair, Margaret e Frances Macdonald. Inventámos um estilo geométrico de composição com uma combinação de elementos florais e curvilíneos e estruturas retilíneas. Macdonald também afirma pertencer ao grupo e ter convicções religiosas e usar ideias místicas em sua composição. Esta convergência entre a composição retilínea e estrutural mas o mundo da fantasia acabou por produzir um novo estilo. 

Grupo "The Four", pôster do Instituto de Belas Artes de Glasgow, 1896

        Outro acontecimento importante na história foi um   movimento denominado Secessão de Viena constituído por um grupo de jovens artistas do século XIX liderados por Gustav Klimt. Este grupo protestou contra as normas artísticas tradicionais da época. Nas cartas que divulgam as exposições do grupo podemos encontrar os elementos da Art Nouveau que acompanham a evolução deste estilo ao longo de dois anos.

Destaco alguns artistas importantes desta época como Alfonse Mucha, Emilie Louise-Floge e Toulouse de Lautrec, onde podemos encontrar as características deste movimento não-design.






Irmã Corita e a Serigrafia

 


    Irmã Corita Kent (1918-1986)


    Frances Elizabeth Kent, nasceu em 1918 e aos 18 anos ingressou na ordem católica do Imaculado Coração de Maria, em Los Angeles, sendo conhecida como Irmã Corita, artista e educadora. 

    Corita estudou arte, mestre em História da Arte, foi também professora na ordem católica onde estava a atrair diversas pessoas ao mundo da arte. Ao mesmo tempo tinha a paixão de fazer serigrafia onde aprendeu com a Maria Martinez (mulher do pintor Alfredo Ramos Martinez), onde fez várias experiências nessa area. Foi nesta paixão que Corita produziu mais de 700 obras até falecer, em 1986.
  
with love to the everyday miracle


    Toda a coleção de trabalhos de Corita se pode encontrar nesta página: https://collection.corita.org/piece/67-22




Poster "10 rules"
    Ela ensinou e fez arte durante a década de 1960, uma época nos EUA repleta de convulsões sociais e caos. Durante essa época, nas suas aulas Corita criou uma lista com 10 regras para os seus alunos. Estas regras tinham como objetivo a aceita-la e a melhoria no trabalho que era criado como também, ser aceites e tratar os outros e a nós mesmos de forma gentil. Estas incentivam a auto-compaixão em vez da auto-crítica, sendo que a última regra é para não quebrar essas regras. 



    Um video que explica a vida e toda a arte criada pela irmã Corita, onde se pode ouvir a irmã a citar as 10 regras, pode ser visto aqui:  


Sites Consultados:

https://www.silkscreenkato.com/post/conheça-clarita-kent-a-freira-que-revolucionou-a-serigrafia



https://might-could.com/essays/10-rules-for-artists-by-sister-corita-kent/




domingo, 19 de novembro de 2023

Neville Brody, punk e o Design DIY

     Tendo estudado três anos em Londres nunca encontrei especial encanto na cultura deste país, quer climática quer gastronómica, mas um dos aspectos que sempre me cativou a querer conhecer mais foi sim, o impacto das subculturas urbanas, em especial do movimento punk surgido nos bairros operários e metalúrgicos das zonas mais pobres do Reino Unido.

    Nos anos 80, a música não era apenas uma forma de escape, era também uma forma de expressar opiniões políticas e apoiar causas que importavam aos jovens, desejosos por mudança e novos ciclos de oportunidades, tendo em conta que as expectativas de vida de um jovem eram imensamente limitadas. Foi então durante o processo de conhecer mais sobre este Reino Unido que descobri a revista The Face e o trabalho de designers como Neville Brody.

    Neville Brody é um designer gráfico, tipógrafo e diretor de arte britânico, conhecido pelas suas influentes contribuições no campo do design de comunicação, especialmente durante as décadas de 1980 e 1990. Nascido a 23 de abril de 1957, em Londres, Brody teve um impacto significativo na linguagem visual do design contemporâneo. Brody estudou no London College of Printing e no Hornsey College of Art. No início da sua carreira desenvolveu trabalho para diversas publicações de música e moda, onde ganhou reconhecimento pelas suas abordagens de design inovadoras e não convencionais.

    Uma das contribuições mais notáveis ​​de Brody foi o seu trabalho como diretor de arte da revista "The Face" na década de 1980. A revista tornou-se um ícone cultural e muitas vezes é referenciada por moldar a estética visual da juventude e da cultura musical da época. Brody, além de diretor criativo, é também conhecido pelo seu trabalho inovador em design tipográfico. Desempenhou um papel fundamental na popularização de estilos tipográficos experimentais e desconstrutivos. O seu trabalho envolve frequentemente o uso de fontes ousadas e expressivas, layouts não convencionais e uma interação dinâmica de texto e imagem.

Jungle Fever: The Art of Jean-Paul Goude. The Face 1982. Art direction by Neville Brody. No trabalho de Brody a estrutura é a principal característica do seu design.


    A revista The Face tornou-se um espelho da cultura pop para a agitação política e social no Reino Unido naquela época. O design não convencional e provocador, juntamente com o trabalho subsequente de Brody, redefiniram a imprensa musical britânica a partir da década de 1980 e influenciaram uma geração de designers. Mesmo vinte e cinco anos depois, as páginas de Brody da revista The Face são incríveis exemplos de design rico e atual. O trabalho de Neville Brody é caracterizado por uma abordagem ousada e experimental, desafiando as regras tradicionais do design e ampliando os limites da comunicação visual. A sua influência continua a ser sentida no mundo do design gráfico e o seu nome permanece uma figura importante na área.

The Werk Ethic. The Face 1982. Art direction by Neville Brody. Esta publicação remete-nos para a estética do Construtivismo pela disposição da imagem e texto.


    Na The Face, imagens e texto arrastados pelas bordas da página fazem mais do que tornar a revista única. A sugestão que fica no leitor é a de que há mais para ver fora da página visível e que o que alguém vê faz parte de algo maior. A grelha de layout ao longo da The Face usa apenas duas ou três colunas, mas a execução de Brody mostra o quão flexíveis até as grelhas mais simples podem ser quando combinadas com imaginação. A revista demonstra como um sistema de design pode ser a estrutura sobre a qual se começa a construir um design. Deve apoiar um design, não definir, nem ditar o resultado final.

    O design para web é feito para alguém não ter que olhar mais que uma vez, para não correr o risco de fazer alguém pensar. No entanto, uma das razões pelas quais acho o trabalho de Brody tão fascinante, é exatamente porque ele faz as pessoas olharem duas vezes. O seu trabalho de paginação para a The Face muitas das vezes falava por si só e incentivava o público a permanecer neles em vez de virar rapidamente a página.


The Resurrection of Chad. The Face 1984. Art direction by Neville Brody. Estas páginas introduziram uma nova fonte caligráfica que foi frequentemente usada na publicação a partir daí.



"I think that the specific examples of experimentation we were doing in the first, say, four years of working on The Face was so exciting and challenging, really hard work, risking failure as well as something actually working. But with The Face, we had the opportunity to put it out there and see what would happen."  - Neville Brody

    Brody pretendia que o seu trabalho demonstrasse que é possível quebrar abordagens tradicionais ao design, mesmo quando o que se está a projetar é um produto comercial. Esta atitude de quebrar regras não tem de existir em detrimento da legibilidade. Os designs de Brody para a The Face utilizam uma grelha, que proporciona estrutura à página e continuidade em toda a revista. Também incluem recursos que guiam alguém por um artigo, desde onde começar a leitura até perceber que se chegou ao final. Letras maiúsculas são usadas como um dispositivo tradicional para ajudar alguém a saber por onde começar, mas Brody ficou obcecado em encontrar alternativas, incluindo símbolos gráficos, tratamentos tipográficos alternativos e espaços em branco.  

        O trabalho de Neville Brody recebeu vários prémios tanto fora como na academia, e foi reconhecido o seu impacto na indústria criativa. Mesmo anos após o seu trabalho mais inovador, Neville Brody continua a ser uma figura altamente influente no mundo da comunicação visual, tendo as suas contribuições para tipografia, design editorial e branding deixado um impacto na cultura visual do período contemporâneo.    

 




    






quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Design Issues, uma revista académica.



Esta revisão centra-se numa revista académica do MIT que se encontra na biblioteca da FBAUL. Esta revista faz parte de uma coleção cujo foco está na disciplina de design.

                O MIT (Massachusetts Institute of Technology) é uma instituição que criou a MIT Press em 1962, uma linha de divulgação que tem contribuído com informações sobre ciência, design, artes e tecnologia com o objetivo de promover o desenvolvimento social e intelectual. Ao longo de vários anos foi responsável pela publicação de livros, revistas e do seu próprio site. Em seu site próprio podemos acessar tudo o que é publicado, disponibilizando, de forma inovadora, grandes assuntos e títulos, ou que promovam a formação acadêmica de seus leitores. Todas as edições são reconhecidas mundialmente e têm grande importância em termos acadêmicos. Podemos afirmar também que seu logotipo é reconhecido mundialmente, ou que foi criado pela designer Muriel Cooper em 1954. 

Conhecidos pela sua ousadia e em busca de inovação em suas publicações (Revistas e Livros) são relevantes em diversas disciplinas do mundo acadêmico. O MIT trabalha com o objetivo de mostrar as diversas complexidades que existem no nosso mundo, promovendo o pensamento crítico, na medida em que apresenta estudos sobre diversos temas que destaco nos artigos da revista académica que serão publicados a seguir. Gostaria também de observar que o MIT oferece acesso gratuito a artigos e livros de considerável interesse sobre uma multiplicidade de assuntos.


A revista que selecionei foi Edição Especial: Novas Perspectivas sobre o Design Gráfico Suíço”, Volume nº 37, primeira edição, Inverno 2021. Esta publicação trata dos primórdios da história do Design Suíço, suas teorias e sua importância. Os convidados desta edição pretendem destacar as histórias sobre o design gráfico e tipográfico suíço. Essas histórias, esses conteúdos, normalmente não são abordados no discurso acadêmico e, portanto, não são comumente estudados nas universidades. Porém, caso ou leitor não queira entender melhor a História por trás deste movimento, esta edição acaba sendo bastante relevante. 


Revista acadêmica em questão composta por diversos artigos sobre os primórdios do design gráfico na Suíça no século XX. Mostra o início das terminologias do estilo Suíço e seu desenvolvimento tipográfico, referindo-se também à fonte Suíça e como tudo isso é uma comercialização e patrocínio que contribui para a popularização do Design Suíço. Meu foco estará na análise dos primeiros artigos desta revista como o título Introdução: Novas Perspectivas sobre Design Gráfico Suíço” de autoria de Davide Fornari, Robert Lzicar, Sarah Owens, Michael Renner, Arne Scheuermann e Peter J. Schneemann.


O objetivo deste artigo é reexaminar as práticas existentes que foram utilizadas nos últimos anos, desenvolvendo uma segunda perspectiva histórica para o que é estabelecido nos estudos padrão. Referimo-nos também ao livro Swiss Graphic Design: The Origins and Growth of an International Style, 1920-1965” do autor Richard Hollis, que considero um bom livro sobre design para estudantes e interessados. 


Em segundo lugar, os designers na Suíça na década de 1950 começaram a ganhar uma grande reputação pelo seu trabalho, nomeadamente em cartazes, livros e outros suportes, onde exploraram o que chamamos de Design Suíço, um estilo que acabou por ser utilizado internacionalmente. Abordamos uma exposição que acontece em 2012 no Museu do Design de Zurique, denominada 100 Anos de Design Gráfico Suíço”, onde são apresentados cartazes cronologicamente de 1912 a 2012 para demonstrar a evolução do design suíço. O interesse do curador foi buscar inovação dentro de dois cânones de estilo, selecionando cartazes que pudessem contribuir para uma visão cultural, política, de gênero, geográfica, saudosista, etc. Este artigo enfatiza a influência do design nas pessoas da época e sua evolução nos dias de hoje, contribuindo para uma noção histórica e antropológica mais precisa da sociedade. 


Com este volume académico podemos compreender que a evolução do design gráfico e o predomínio do estilo suíço passaram por várias fases de desenvolvimento com a ajuda de diversas pessoas de diferentes comunidades para obter reconhecimento internacional. Entendo que o desenvolvimento não é linear, mas sim uma montanha de acontecimentos que nos precederam durante alguns anos até atingirmos o seu auge.





Uma Revista da Comunidade


O site foi analisado pela LoversMagazine, e também pode ser facilmente encontrado através do mecanismo de busca do nosso dispositivo eletrônico. Este site é direcionado à comunidade do design e a todos os interessados ​​em contribuir para a inclusão e diversidade nesta área de estudo.

    O foco principal é expor Designers de vários cantos do mundo através de entrevistas, onde os participantes falam sobre sua experiência profissional, o que resulta em uma grande diversidade de abordagens, possibilitando a consulta ou site uma fonte de experiência  e conhecimento para todas as pessoas. interessado na área de comunicação. O foco da análise está essencialmente nas entrevistas.

    Apesar do título não apresentar nenhuma ligação com a abordagem do site, a estrutura em si é simples e bastante legível aos olhos do leitor, com uma interface intuitiva e bastante acessível. Apresenta leveza visual   e composição com distribuição de texto simples e boa escolha de fontes.


    Nestas entrevistas podemos encontrar todos os designers que irão participar nos próximos dias, proporcionando uma coleção variada e diversificada. Agora vamos nos aprofundar e não podemos perceber que todas as entrevistas compartilham as mesmas questões como: Qual foi o desenho? O que é um dia típico? Como é seu espaço de trabalho? Ou o que você faz para se inspirar? Qual foi o produto que você viu recentemente que fez você pensar que era o melhor design? Quais são os empregos dos quais você mais se orgulha? Quais são os desafios de design que você enfrenta na sua empresa? Que música você ouve quando enfrenta design? Algum conselho para designers ambiciosos? Algo que você deseja promover ou divulgar?


    Cada entrevista é acompanhada de uma foto de perfil do designer e outras imagens, como o espaço de trabalho e por vezes a disposição do computador ou telefone, alguma inspiração, o trabalho do artista na busca e outros trabalhos que o designer aponta como inspiração   . As entrevistas acabaram sendo bastante interessantes, pois demonstram a individualidade de cada designer e como o andamento de cada carreira varia de acordo com gostos, ambiente e experiência. Podemos então encontrar uma pluralidade de pessoas que optam por projetar com motivações diferentes. 

    O site, na minha opinião, é benéfico para encontrar pessoas da mesma área e ver o que elas compartilham sobre o seu dia a dia, rotina de trabalho, dando conhecimento para designers fora do nosso círculo social ou do mesmo nível nacional. Crie um forte sentido de comunidade e uma boa forma de encontrar conselhos que favoreçam os estudantes menos experientes, tanto como estudantes como como jovens designers. 




Link; https://loversmagazine.com/