terça-feira, 3 de junho de 2025

Centro de Arte Moderna na Gulbenkian

 Como recensão sobre um espaço cultural decidi escolher o Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian. O espaço foi reaberto no ano passado e o projeto foi liderado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma. Ele introduziu no seu trabalho o conceito japonês “Engawa”, criando uma zona de transição entre o interior e o exterior. Essa zona serve para estabelecer uma ligação fluida com a natureza que está à volta do edifício. O projeto também teve a colaboração do arquiteto paisagista Vladimir Djurovic para realçar ainda mais a junção entre arquitetura e natureza. O espaço foi desenhado de maneira naturalista, ao integrar a vegetação existente e adicionar outras plantações de vegetações, ao mesmo tempo que incorpora caminhos que atravessam esta “mata urbana”. A obra tem um telhado curvado que oticamente liga o prédio com a parte exterior do parque. Assim foi conseguido um caminho protegido por parte do telhado, que não é totalmente interior ou exterior e que se encontra frequentemente nas casas tradicionais japonesas. O edifício possui paredes de vidro que permitem a entrada de luz natural, o que mais uma vez liga o arredor e a natureza com a estrutura. A luminosidade do espaço demonstra que o CAM é suposto ser um espaço aberto e acessível, onde todas as pessoas podem conviver. O conceito “Engawa” é presente no sentido em haver vários pontos de acesso. A programação do espaço é multidisciplinar e pretende chegar a públicos diversificados e convida a uma experiência participativa. Com a inauguração deste espaço surgiu uma conexão maior com as zonas urbanas circundantes e com as comunidades que lá vivem ou trabalham. Eu falo de experiência própria porque resido perto do CAM e senti essa diferença depois da inauguração. Desde a reabertura sinto que fui muitas vezes à Gulbenkian para ver exposições lá e gosto simplesmente de passar pelo jardim à frente do CAM. Como existe um pequeno lago e cadeiras à volta da zona exterior do CAM, também já cheguei várias vezes a sentar-me lá para apanhar sol, beber café ou ouvir música. A meu ver esta parte exterior está muito bem conseguida e convida mesmo a ser usufruída. A parte exterior tem uma biodiversidade rica, que proporciona um ambiente para as pessoas se sentirem mais próximas da natureza no meio do caos da cidade. Além disso, existe um restaurante dentro do CAM que vai ao encontro com o resto do projeto. O menu recorre a alimentos de produtores locais que privilegiam a sustentabilidade e a sazonalidade. No restaurante existe uma grande mesa comunal desenhada também por Kengo Kuma que incentiva ao convívio e à partilha. O renovado CAM tem muito em foco a sustentabilidade, integrando a Gallery Climate Coalition, que é a principal rede internacional de organizações artísticas comprometidas com a criação de um setor sustentável através de uma ação climática eficaz. As várias exposições temporárias apresentam novos projetos de artistas contemporâneos com nomes nacionais e internacionais da produção artística. A programação do CAM fundamenta-se em temas contemporâneos e sociais. As exposições recentes abordam questões como a diversidade no mundo, a crise climática e a desigualdade de gênero.

Em suma, o CAM renasce como um espaço inovador e acolhedor, ao mesmo tempo que se abre a novas narrativas e desafios contemporâneos com as exposições que tem. Eu diria que é uma visita essencial para quem deseja sentir a evolução da arte moderna em Portugal e gosta de espaços que unem o ser humano e a natureza. A obra parece-me a mim tão simples mas tão

elaborada ao mesmo tempo pela sua expressão naturalista e minimalista. A renovação do CAM também procurou melhorar a sua integração com a cidade. A parte exterior do CAM torna o espaço mais acessível e convidativo e fomenta a interação cidadã.




Webografia:
https://gulbenkian.pt/cam/
https://gulbenkian.pt/cam/novo-edificio/
https://gulbenkian.pt/informacoes-uteis/restaurantes-cafetarias/a-mesa-do-cam/
https://www.visitlisboa.com/pt-pt/locais/cam-centro-de-arte-moderna-gulbenkian
Bibliografia:
1. Fundação Calouste Gulbenkian. (n.d.). Gulbenkian Arte: Coleção de Arte Moderna do CAM. Fundação Calouste Gulbenkian.
2. Fundação Calouste Gulbenkian. (n.d.). Um olhar sobre as reservas: A coleção Calouste Gulbenkian. Fundação Calouste Gulbenkian.