quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Generative Art and Rule-Based Art de Philip Galanter

Philip Galanter, atual professor e filósofo Americano, desenvolve o conceito de Arte Generativa e as diferenças com as Artes Baseadas em Regras (Rule-Based Arts), aplicáveis a todas as atividades denominadas como arte (visuais, performativas, etc). Este autor descreve as artes generativas como qualquer prática artística em que o sistema de regras gerado tem algum grau de autonomia para a construção da obra de arte em questão (como programação, máquinas ou outras invenções processuais). Já as Artes Baseadas em Regras não são necessariamente generativas, tendo origem num ou mais sistemas baseados em lógica para direcionar o design e a criação do evento ou objeto. 

"Arte Generativa refere-se a qualquer prática artística onde o artista usa um sistema, como um conjunto regras linguísticas naturais, um programa computacional, uma máquina ou outro processo de invenção, que é ativado com algum nível de autonomia, contribuindo para ou resultando numa obra de arte completa." 
(tradução livre de Generative Art and Rule-Based Art, 2006)

Este termo não pode ser aplicado como um movimento, pois é um processo que se demonstra transversal a várias épocas e artistas e que se integra noutros movimentos já pré-definidos. Apesar de tal, existe uma compreensão diferenciada de um mesmo termo num contexto de movimento artístico mais antigo, que denomina uma forma de abstração geométrica em que é criado um elemento básico que gera outras formas através da rotação, translação, espelho, etc. praticado por artistas como Eduardo McEntyre e Miguel Ángel Vidal na Argentina.

Como exemplo, Galanter refere a obra Abstract Painting in Blue (1952) de Ad Reinhardt (1913-1967) que simplifica a diferenciação entre estes dois conceitos, pois, apesar de ser uma pintura construída com base num estudo geométrico prévio e com regras aritméticas rígidas não consegue alcançar generatividade pois estas diretrizes não são suficientemente específicas para retirar qualquer controlo do pintor pois só o restringe dentro de um sistema em que este terá que inevitavelmente tomar decisões próprias.

Abstract Painting in Blue (1952), Ad Reinhardt


Um outro caso interessante é o trabalho de Jackson Pollock, se serão obras generativas, pois os seus trabalhos mais conhecidos são aparentemente aleatórios, mas, devido à falta de introdução de meios exteriores a ele mesmo, estas obras não poderão ser generativas. Nenhum movimento elaborado pelo artista para a criação das suas obras consegue ser verdadeiramente generativo. O físico Richard Taylor demonstrou já que as marcas de tintas do artista são fractais na sua natureza devido a uma aprendizagem aprofundada por parte de Pollock, desta maneira, o resultado está assim a ser premeditado e calculado, e não gerado aleatoriamente. "O trabalho foi uma criação intuitiva que exigiu uma conquista árdua através de disciplina física e muitas sessões e re-trabalho constante." (tradução livre de What is Generative Art?
Complexity Theory as a Context for Art Theory, 2003, Philip Galanter)

Number 35 (1949), Jackson Pollock

Assim, apresento agora uma obra de arte que verdadeiramente ilustra um trabalho generativo, a sequência de pinturas do artista Harold Cohen que são materializadas através de um pintor de inteligência artificial AARON (criado em 1973 pelo artista), codificado num software que desenvolve autonomamente diversas pinturas. Estas impressões não são feitas com pixeis, mas sim com verdadeiras tintas para tecido, tendo o artista "ensinado" a máquina a misturar as cores e fornecendo-lhe uma certa imaginação que lhe permitia pintar figuras humanas ou naturezas mortas sem quaisquer referencias visuais ou manipulação humana.

040502 (2004), Harold Cohen
através de pintor de inteligência artificial AARON

Biografia:

What is Generative Art? Complexity Theory as a Context for Art Theory (2003) Philip Galanter

Generative Art and Rule-Based Art (2006) Philip Galanter

https://newatlas.com/creative-ai-algorithmic-art-painting-fool-aaron/36106/


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