Durante o século XX pode perceber-se que houve um grande diálogo entre as artes visuais e a literatura, acompanhando a diluição de limites rígidos entre as diferentes linguagens e principalmente a quebra de fronteiras entre o texto e a imagem. Os artistas/designers consciencializaram-se da visualidade da escrita e da página, além de incorporar elementos gráficos e imagens nos seus trabalhos. Os artistas visuais retomaram a origem visual da escrita, utilizando elementos textuais em suas obras: grafismos, letras de diversos alfabetos, colagem de fragmentos de textos impressos etc., utilizando a escrita como elemento gráfico e/ou conceptual.
Esse processo de aproximação e diálogo entre a literatura e as artes visuais aconteceu de maneira recorrente e não linear durante todo o século, sendo verificada em diversas ramificações que realizaram e realizam várias conexões entre si, sem obedecerem a nenhuma hierarquia ou ordem.
A partir da aproximação entre literatura e artes plásticas, junto às realizações do modernismo e neovanguardistas, houve um amolecimento das fronteiras entre as categorias tradicionais de arte: pintura, escultura, fotografia, literatura, objeto, desenho, colagem etc. passaram a ter uma linguagem cada vez maior e a se fundir, abrindo espaço para experimentação e criação. Tornando possíveis obras que podem ser identificadas tanto como poema visual (uma categoria da literatura), como pop arte (uma categoria das artes plásticas), sem nenhuma incoerência.
No século XX, o branco da página entra como elemento da literatura, do mesmo modo que o desenho e signos da escrita entram como elemento da pintura, e é natural que, a partir de um certo momento, as obras também incorporem o ambiente, ganhem o espaço, incorporem significados, formas e temporalidades de suportes tridimensionais. É o caminho que chega ao livro-objeto, às instalações e às intervenções. A narrativa literária é substituída por uma narrativa plástica.
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