Os primeiros
argumentos sobre a psicogeografia e a deriva surgiram na revista Potlatch. Foi
publicada pela Internacional Letrista, a grande sucessora da Internacional
Situacionista. Longe de terem um terem um caracter cientifico, a deriva e a
psicogeografia eram elaboradas em busca do reconhecimento crítico, com
fundamento teórico da realidade e da maneira de concretização da vida no dia a
dias nas cidades. Foi uma das grandes ações teórico práticas dos letristas e
situacionistas na época. Definida por eles como o estudo dos efeitos do meio
geográfico, conscientemente planeado ou não, que age diretamente sobre a
atitude afetiva das pessoas. Assim, ao pôr à prova o planeamento realizado
pelos funcionalistas, a psicogeografia era um meio pelo qual se identificava a
impossibilidade de terem uma vida apaixonante, revelando a desproporção entre a
função, o desejo e o lúdico. Numa altura em que se procurava no planeamento
resolver os problemas da vida na cidade, os letristas (como também depois os
situacionistas) percorriam a cidade, à procura a de se apropriarem dela,
expondo os problemas de planear e as suas exigências, que os impossibilita de
viver.
Guy Debord, escritor
marxista francês e um dos pensadores da Internacional Situacionista e da
Internacional Letrista. Iniciou a sua associação à Internacional Letrista no
ano de 1950, sendo acompanhado por Isidore Isou. Os letristas estavam a tentar
fundir a poesia com a música e estavam interessados em modificar a paisagem
urbana. Em 1953, foi elaborado o mapa psicogeográfico de Paris, que consiste
num passeio à deriva pela cidade.
Os
letristas e situacionistas, num conjunto de propostas teórico praticas,
entendiam que a relação da cidade e do quotidiano era algo de grande
importância para o projeto de transformação total da vida e do mundo. Neste
sentido, a deriva foi uma grande aposta, pois proporcionava a possibilidade de
realizar o trabalho qualitativo do tempo no meio urbano de um modo divertido e,
simultaneamente, identificar todo o processo de planeamento capitalista no
espaço, principalmente nos meios urbanos.
Raoul Vaneigem um
escritor belga conhecido pelo seu livro “The Revolution of Everyday Life”*, e um dos principais articuladores do movimento político e artístico
conhecido com internacional situacionista durante a década de 1960.
Vaneigem
e Debord foram os dois principais escritores do movimento Situacionista. Debord
foi o pensador mais disciplinado, mas apesar disso, foram os slogans do Raoul
Vaneigem que chegaram frequentemente às grandes paredes de Paris durantes as
revoltas de Maio de 1968.
A
contemplação do movimento tem sido promovida por críticas de que Vaneigem era
um progenitor do punk. É surpreendente descobrir que nunca houve uma publicação
norte-americana apropriada de uns dois textos mais influentes do movimento, o
livro “The Revolution of Everyday Life”. A obra de Vaneigem de 1967 forma uma
contrapartida de a obra de Debord “The Society of the Spectacle” publicada no
mesmo ano. Ambas abordam uma revolução com base na plena execução do potencial
criativo do individuo em que o tédio se torna uma questão politica.
Após a
revolução, a poesia deixou de ser entendida como uma forma literária e passou a
ser vista como uma vida criativa, espontânea e quase infantil, que mais tarde
se iria fundir com a vida quotidiana, sendo assim uma expressão autentica da "experiência
não mediada da subjetividade".
*The Revolution of Everyday Life (1967) |
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