quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Annie "Lou" Rogers: A Cartunista Sufragista

 

Lou Rogers, One Ounce of Fact is Worth a Ton of Theory (1912)

Em 1900, as mulheres americanas só podiam votar em alguns estados ocidentais. As sufragistas estavam se esforçando para ganhar o direito ao voto, mas escrever artigos, cartas e discursos não parecia ser suficiente. Elas precisavam de outra maneira de convencer o público.

As antissufragistas começaram cedo e espalharam imagens negativas das sufragistas desde os meados de 1800 – quase desde que o movimento sufragista surgiu. As tiras humorísticas troçavam das sufragistas, projetando-as como ofensivas para os padrões sociais da época: feias, agressivas, velhas, solitárias, amargas e masculinas. Algumas revistas e jornais opiavam o voto feminino, outras gozavam da própria ideia de que as mulheres gostariam ou poderiam votar.
As caricaturas políticas eram/são desenhos destinados a expressar a opinião do artista, eram uma forma de atingir um amplo grupo de leitores, pois recorriam há utilização das imagens para chamar a atenção das pessoas e estes por vezes diziam mais sem dizer nada do que os próprios artigos escritos. As imagens carregavam poder nos anos 1800 e 1900, assim como fazem hoje. No início dos anos 1900, as sufragistas começaram a retomar ao controle, espalhando mais imagens próprias. Embora quase todos os artistas de desenhos humorísticos fossem do sexo masculino, um grupo surpreendentemente grande de artistas femininas começou a desenhar cartoons. Os seus desenhos espalharam-se por todo o país em jornais e revistas, divulgando a mensagem do sufrágio. Uma das primeiras e mais populares cartunistas femininas foi Annie "Lou" Rogers.

Lou Rogers, Welding in the Missing Link , The Judge (1912)
Quando Lou Rogers tentou entrar no cartunismo político pela primeira vez, por volta de 1908, «os editores disseram que não havia mulheres cartunistas». «Eles disseram que as mulheres não sabiam nem fazer piadas. » Annie Lucasta Rogers, fora uma cartunista importante para o movimenta sufragista e outras injustiças contra as mulheres da época. Devido ao preconceito de género na indústria editorial de jornais e revistas dominada por homens, ela usou o nome de Lou Rogers, de modo a publicar prodigiosamente como comentarista visual e caricaturista sobre os direitos da mulher. Rogers foi uma reformadora franca, que usava a sua voz e corpo como armas nas batalhas pelo voto e outros direitos humanos fundamentais que foram negados às mulheres. Os seus desenhos demonstravam a injustiça num país onde as mulheres não têm controle sobre as leis que exerciam sobre os seus corpos. Além do seu compromisso com o socialismo, o feminismo e a libertação das mulheres, muito antes dos anos 1960, ela conquistou uma reputação respeitável e uma clientela variada. Rogers escreveu e ilustrou um recurso de rimas infantis intitulado "Gimmicks" para a Ladies Home Journal. Ela não foi de forma alguma a única mulher a criar uma arte de agitação empolgante.

Lou Rogers, The burden long ago called "Woman's Duty" (1912)
Lou Rogers, Birth Control Review (1918)

Outros, ainda menos lembrados, mas não menos dignos de respeito hoje, são Edwina Dumm, uma autora e desenhista de histórias em quadrinhos de longa data que acabou contribuindo com os seus desenhos para os quadrinhos da «Mulher-Maravilha». Grace Drayton, uma ilustradora que criou a personagem Dolly Dimples em 1905. E Ann O'Connor, uma artista de ilustração que trabalhou em revistas como a Ladies Home Journal e Good Housekeeping. Rogers foi pioneira na abordagem de temas controversos, como o sufrágio feminino e a reforma social. Ela usou os seus trabalhos para atacar a exploração das mulheres e a discriminação racial. Em 1909, ela tornou-se a primeira mulher a ter um cartoon publicado na revista Puck, intitulado «A Guerra do Sufrágio». Rogers também criou os personagens Little Lou e Miss Lizzie para a Life Magazine, que foram bem recebidos pelos leitores. Lou foi uma das muitas mulheres que avançaram na arte da agitação política, e seu trabalho.
Lou Rogers, The Judge (1912)
"Não é a arte como arte que me interessa; é a arte como oportunidade de ajudar as mulheres a ver os seus próprios problemas, ajudar a revisitar as coisas verdadeiras nas tradições que as prendem; ajudando-as a ver as coisas que são falsas sobre as mesmas." — Lou Rogers, artigo da revista Cartoons de 1913

Griffin and Sabine de Nick Bantock

Para esta publicação, pensei em trazer um livro de ficção que tem um formato diferente. 

Quando estive a pesquisar algumas opções para partilhar no blog, eu procurei alguns tipos de formatos. Entrei no universo de novelas alternativas, e este livro trata-se de um romance epistolar. Romance epistolar trata-se de uma novela onde a narrativa é desenvolvida através de uma série de cartas ou correspondências.  


Griffin and Sabine é um romance de Nick Bantock, publicado originalmente em 1991 pela Chronicle Books. A narrativa conta a história de Griffin Moss que trabalha com a produção de cartões postais. A rotina monótona de Griffin é transformada quando este recebe um postal e Sabine Strohem, uma ilustradora de selos a qual ele diz nunca ter conhecido. Assim, dá-se início a comunicação e a narrativa.

Os dois apaixonam-se através das correspondências, entretanto, a história revela um certo nível de suspense.


O que me chamou atenção nesta publicação é o formato deste livro. Bantock criou uma publicação onde as cartas e os postais são removíveis, convidando os leitores a desvendarem o mistério e se envolverem mais a fundo com a história.

Acho particularmente interessante a intimidade que estes documentos parecem ter. Ficamos com a sensação que estamos a invadir um espaço onde uma 3a pessoa não é para ali chamada.

O romance conta com mais duas publicações, totalizando em uma trilogia.

Abaixo partilho algumas páginas deste livro. 






Laws Of Simplicity de John Maeda

John Maeda une a tecnologia arte e educação há mais de uma década enquanto artista, designer gráfico, engenheiro informático e investidor. Todas estas áreas foram crescendo em termos de complexidade nos últimos anos, mas as 10 leis e 3 chaves que Maeda apresenta no seu livro “Laws of Simplicity” quando aplicadas podem ajudar a melhor trabalhos tecnológicos e artísticos, ou até mesmo um negócio.



10 Leis

Lei 1: Redução

The simplest way to achieve simplicity is through thoughtful reduction.

Muitos produtos que encontramos hoje em dia aparentam ser complexos sem necessidade. Em vez de nos questionarmos o quão simples podemos fazer algo, devemos questionar-nos o quão complexo realmente tem de ser.

Lei 2: Organização

Organization makes a system of many appear fewer.”

Sem uma planificação e um método de organização a probabilidade de acomulação desnecessária e confusão aumenta. Se existir um sistema mesmo tendo um número imenso de materiais torna-se mais fácil ter controle.

Lei 3: Tempo

Savings in time feels like simplicity.”

Passamos parte da nossa vida à espera, à espera de uma entrega, à espera de um transporte, à espera numa fila. Quando algo consegue ser rápido cria-se uma lealdade, porque não é muito habitual.

Lei 4: Aprender

Knowledge makes everything simpler.

Como diz a lei 3, perder tempo torna a vida complexa sem necessidade, mas perder tempo é importante no que toca a aprender. Se perdemos tempo a aprender algo podemos transformar algo complicado em simples.

Lei 5: Diferenciação

Simplicity and complexity need each other.

Quanto mais coisas elaboradas existirem no mercado, mas a simples se destaca. E por trás de um design simples existe um trabalho de marketing extremamente complexo.

Lei 6: Contexto

What lies in the periphery of simplicity if definitely not peripheral.

É necessário entender de tudo um pouco e compreender o nosso redor. Se nos focarmos apenas no que está à nossa frente, ou no que conhecemos, não vamos conseguir atingir a excelência em todos os ramos.

Lei 7: Emoção

More emotions are better than less.”

Para alguns a simplicidade não é algo bonito. Para alguns é até visto como barato. Para uma pessoa que sinta que algo extravagante funciona melhor esteticamente, a simplicidade não será a solução. Mas mais emoções são melhores que nada, e se de facto a simplicidade causar indiferença, podemos optar por algo mais complexo.

Lei 8: Confiança

In simplicity we trust.”

Se um telemóvel tiver apenas um botão sabemos que se clicarmos nele nos levará onde precisamos. Hoje em dia a tecnologia está tão avançada que se tornou extremamente simples, o que nos traz confiança.

Lei 9: Falhar

Some things can never be made simple.”

Qualquer criativo terá contacto com o erro mas tem de aprender a crescer com isso. A tentativa de simplicidade de um pode ser a inspiração de complexidade de outro. A complexidade pode ser bonita, e o que separa a complexidade da simplicidade é um contexto.

Lei 10: A tal

Simplicity is about subtracting the obvious, and adding the meaningful.”

"10 laws (10: one, zero), remove none (0: zero), and you're left with one (10: one). When in doubt, turn to the tenth Law: the one. It's simpler that way.” - John Maeda 

Coletivo criativo Familia Plómez

O coletivo criativo Familia Plómez (Família de Chumbo em tradução livre) funciona como um atelier de letterpress, tipos móveis e digitais no intuito de preservar e expandir os conhecimentos tipográficos em Madri. Os designers e artistas desse atelier produzem, ensinam e comercializam peças prontas e ferramentas para outros também produzirem, além de executar algumas pequenas encomendas, mas sem a pretenção de se tornarem uma gráfica convencional.

Poster Vermú Casero de Ales Santos


Poster En Esta Casa No Se Fía de Ales Santos


Type specimen de Nicolás Garcia

O grupo de cerca de 14 designers se uniu em 2011 após o curso de Tipografia Digital pelo IED Madri e desde então mantém e revesa o espaço quase como um hobby, sendo mais uma despesa compartilhada do que um empreendimento lucrativo financeiramente. Contudo, eventualmente a Familia Plómez organiza workshops diversos, tanto para quem é da área, como para empresas fora do setor.

Letras invisibles de Roberto Gamoral


Descanso de copo Sonãr con una Cerveja de Nicolás Garcia

The Wire de Nicolas Garcia e Juanjo Lopez

Dentro do leque de serviços, o atelier também oferece réguas para desenho. São réguas em acrílico com recortes diversos para serem usados como módulos para a criação de tipos. O conjunto de formas dentro das réguas parte de adornos em chumbos do acervo da própria Plómez e podem ser compradas na loja online deles.


Régua Patrona

Super Plakattype


Régua tipométrica


Régua Super Veloz

Composição em chumbo que deu origem a régua Super Veloz


nucollage.001 - David Carson

 Acho que é seguro dizer que o David Carson transformou o mundo do design gráfico ao longo da sua carreira. Autodidata, sem seguir regras e sem medo de dizer tudo aquilo que pensa, este designer mostrou-nos que o design editorial não tem sempre que seguir grelhas e pode assim, ser livre e autônomo. 

David Carson New book nu collage.001 Unwrap - YouTube


O mais recente trabalho de Carson é um livro intitulado de nucollage.001, que contem 360 paginas compostas por recortes, amostras do seu processo de criação e algumas inspirações.


O livro junta recortes de viagens que o designer foi colecionando ao longo da sua carreira, tais como pedaços de cartazes das cidades que visitava, cartazes que fazia para conversas ou até mesmo caixas de cartão que encontrava perdidas pelas cidades. Tudo o que o artista achava interessante, ele guardava.


Este é um livro bastante pessoal, visto que não era uma coletânea de trabalhos para um cliente, mas sim obras completamente livres que surgiam apenas do seu interesse e criatividade. Todas as legendas foram escritas por si, com uma linguagem direta, tal como fala das suas obras nas suas palestras.


Ao falar deste projeto o artista reflete como os designers, hoje em dia, se tornaram “preguiçosos”, realizam todo o processo no computador e deixam que este resolva os seus problemas… ele sente falta da manualidade e plasticidade do design, trazendo assim isso para as suas obras. 




Carson tenta dar ao design um lado emocional, dar-lhe algum “espirito”. Gosta de ser livre do computador e sentir o total controle sobre a sua obra, quase como se estivesse a fazer artesanato.


O designer é assim uma grande inspiração para muitos jovens designer que procuram vir também a revolucionar o design. Carson não tem qualquer formação e conseguiu alcançar o reconhecimento apenas através da sua criatividade e sendo fiel para consigo mesmo.


Eu achei bastante interessante este livro, porque no mestrado que estamos a tirar também utilizamos muito a parte manual do design... não através dos recortes, mas trabalhando numa oficina de tipografia e aprendendo a escrever utilizando vários tipos de escrita. Acho que a parte manual é essencial para qualquer designer e deve fazer parte da sua formação, dando-lhe a oportunidade para no futuro aprofundar esta área.

Printed Matter Inc. e a disseminação de livros de artista

Fundada em 1976, a Printed Matter Inc. é conhecida como a primeira e, até hoje, mais relevante organização sem fins lucrativos focada em disseminar e fomentar a produção de livros de artistas, publicações independentes e outros artigos relacionados a esse universo. O surgimento do projeto está diretamente relacionado ao contexto histórico da Nova York da década de 70 e toda a sua efervescência artística. A partir da década de 60, são muitas as experimentações que abordam o livro de artista como suporte, principalmente considerando o amadurecimento de vertentes mais conceituais da prática artística – que, entre outras questões, buscavam questionar e subverter a noção de Arte como um objeto único, precioso e, sobretudo, elitista.  

A organização foi pensada por um grupo de artistas e outros trabalhadores do mundo da arte, entre eles Sol Lewitt e Lucy Lippard. Na época, a fundação de um espaço inteiramente dedicado às publicações de artista teve um papel fundamental em permitir uma maior visibilidade e a "legitimação" do livro como um suporte capaz de abrigar obras complexas. 









Inicialmente, o projeto se instalou no bairro de Tribeca, e ao longo dos anos, foi encontrando novos endereços para conter o seu crescente acervo e gama de atividades. Desde 2015, a loja ocupa uma grande galeria no artístico bairro de Chelsea, que abriga, além de muitos livros, um mezanino com espaço para exposições, atividades e o escritório da equipe. Além do espaço principal em Chelsea, a curadoria de publicações também pode ser encontrada em sua filial menor no East Village e nas "curated shelves" – um programa de parceria com bibliotecas, livrarias e instituições de arte que são responsáveis pela exposição e circulação de livros do catálogo da Printed Matter para além das suas estantes oficiais. Por último, mas não menos importante, a Printed Matter ainda se faz presente através das Art Book Fairs que organiza em Nova York e Los Angeles. Historicamente, as feiras de publicações e livros de artistas são espaços essenciais de troca entre os artistas/editoras e o público, tornando-se extremamente relevantes para a disseminação do livro como um suporte artístico mais democrático e acessível. 

O apoio aos livros de artistas não são vistos apenas na forma do espaço físico de sua loja. A Printed Matter Publications é a parte responsável pela edição e produção de publicações de artista, e já editou/co-editou mais de 70 títulos que circulam entre os seguintes eixos: artistas emergentes, inovação e ativismo social. Ainda, no site da organização, é possível encontrar diversos instrumentos para se aprofundar no mundo dos livros de artista, como o Bulletin – uma lista de recursos e oportunidades relacionadas a produção de livros, uma lista completa das exposições e eventos realizados, artigos publicados, além do catálogo completo de publicações presentes em seu acervo. 

Tradição Transforma // Amor? Luta!, de Margarida Coelho



Amor? Luta! é um projeto nascido para quebrar tradições, de forma respeitosa. Trata-se do resultado de um projeto de mestrado de Margarida Coelho, e tem o objetivo de explorar a cultura minhota de forma a começar conversas sobre o papel da mulher na sociedade e como este ainda está apegado aos valores de há 50 anos atrás.

Como cidadã vianense, Margarida Coelho saberia explicar o valor deste símbolo do Minho muito melhor que eu. No entanto, penso que seja de cultura geral que estes trajes são bastante conhecidos por todo o país como um ícone do folclore português, quer se esteja presente na festa de Nossa Senhora da Agonia, em agosto, ou não. Penso que seja também de conhecimento geral como durante o regime do Estado Novo, Salazar fez uso destes mesmos trajes e tradições para enfatizar a sua "portugalidade" - da mesma maneira que puxava os valores conservadores do papel da mulher como dona de casa, inferior ao homem.


Por essas razões é que o casamento entre os trajes minhotos e o feminismo resulta tão bem neste projeto. Os trajes de lavradeira, que transmitem tão bem um passado orgulhoso (mas penoso), são usados como suporte da mensagem feminista: tal como os trajes são festejados todos os anos no presente apesar de o orgulho neles remeter para um regime autoritário; o papel da mulher também tem vindo a ser mais valorizado, embora na prática ainda se sintam muitos vestígios da mentalidade conservadora desse mesmo regime que supostamente já foi deixado no passado - uma conclusão que a própria designer tirou das várias conversas que teve com as bordadeiras de Viana do Castelo.





No entanto, se há algo que aprecio neste projeto, é o facto de Margarida Coelho saber trabalhar com essas nuances entre orgulho, tradição e mudança e revolução. Os trajes e algibeiras por ela desenhados conservam as formas icónicas que nos permitem identificar o Minho, usando símbolos que remetem para a luta ainda atual. O Amor que é normalmente bordado é questionado, e acompanhado de Luta! Os símbolos das tarefas domésticas são quebrados como quem quebra tradições. A frase que distingue toda uma luta é bordada em português para que se leia de forma clara (Meu corpo, minhas regras), assim como os símbolos da revolução dos cravos, que desmoronou o regime autoritário mas não foi suficiente para derrubar todos os seus valores por completo, aparentemente.


Apesar de os aventais que compõem este projeto não serem comercializados, Margarida Coelho está disposta para colaborações - casos em que as pessoas possam usar os trajes para uma performance, ou contribuição para novos designs dos mesmos. Existem, no entanto, as pequenas algibeiras com Amor? Luta! estarão disponíveis em forma de emblema, para quem quiser apoiar este projeto.


Amor? Luta! no Instagram


SURPLUS

Surplus: (an amount that is) more than is needed

   Cambridge Dictionary


O livro SURPLUS, de 2006,  — com o design de Roger Willems (1969, Holanda) e publicado pela Roma Publications, Amesterdão — contém trabalhos do artista Marc Nagtzaam (1968, Holanda). 


A publicação é composta pela reprodução de fragmentos de textos de revistas de moda e arte coleccionados e escritos à mão por Nagtzaam, entre 1998 e 2006, e de seis desenhos de grande escala a grafite. Desconhecendo a relação entre eles, os segundos aparentam ser uma consequência dos primeiros. Como se os textos escritos fossem um esquema ou esboço para posteriormente se produzir os desenhos maiores. 


De qualquer modo, esta escrita codificada ao longo do livro é, desde logo, desenho — o texto surge como imagem, apesar de poder ser lido — e suficientemente independente, como a publicação pretende afirmar. A tensão entre o que é a estrutura e o conteúdo, o texto e a imagem, leva a um questionamento destes conceitos. Eles precisam um do outro e criam-se mutuamente: o texto desenha a imagem e a imagem segura o texto.


A mancha de escrita das transcrições segue a organização de duas colunas verticais paralelas sendo frequentemente quebrada pelo vazio e, ocasionalmente, pelo erro — mancha densa de riscos a grafite. Estas linhas estruturais estabelecem o ritmo do desenho, que parece nascer do acaso pela arbitrariedade tanto do conteúdo escrito — pequenas frases ou palavras retiradas do seu contexto inicial e, por isso, desprovidas de sentido — como da mudança de linha e parágrafo, e, pela imprevisibilidade do erro. É impossível adivinhar o resultado de cada página antes de ser escrita.


A publicação surge como junção destes fragmentos enquanto partes mínimas de um todo impossível de agarrar ou mesmo inexistente no mundo avassalador e incessante da globalização. Existe, portanto, a necessidade de pensar a forma como se constrói sentido e valor sobre esta constante dispersão. As imagens do livro propõem uma espécie de paragem no tempo, ou registo do tempo, com um olhar subjectivo, que é o de cada pessoa e único possível. Anotar é reparar e selecionar, e, de certa forma, imortalizar aquelas palavras apropriadas.


Esta ideia da escolha, inerente à condição de sujeito e à ação tanto de viver como de mostrar — dar a ver o que se vive —, torna o trabalho numa perspetiva pessoal perante algo, que podemos associar à mão que escreve. No entanto, é preservada também uma linguagem bastante impessoal e mecânica, que remete para a série, a produção em massa e o despojamento da lógica humana.


Em SURPLUS, as contradições envolventes no trabalho de Marc Nagtzaam vão sendo visíveis através de dualidades como a distância e a proximidade ou o frio e o quente que os desenhos, tanto da letra manuscrita como os de maior escala, invocam. A partir de ideias opostas e conceitos como significância,  acaso, fragmento ou erro desenvolve-se uma discussão em torno da palavra escrita enquanto elemento estrutural e a sua relação com o desenho.










Bibliografia:

https://www.marcnagtzaam.info

https://dictionary.cambridge.org/dictionary/english/surplus


terça-feira, 29 de novembro de 2022

“#HARDCOVER” – PARA MAIS DE 18 ANOS!



 “#HARDCOVER” 



    A curiosidade sobre a pornografia sempre fez parte da espécie humana!
Desde cedo que existem vários tipos de conteúdos para adultos que ajudam a satisfazer a nossa curiosidade e muitas vezes a satisfazer os nossos prazeres! Desde filmes a revistas, existem centenas de maneiras diferentes para explorar este tema. Contudo e se pensarmos bem, a exploração deste tema, teve início através de ilustrações! 
 



    Com a introdução da internet este tema (muitas vezes polémico), o acesso aos vídeos e imagens disparou, e tudo o que fosse revistas começou a sofrer com o assunto. A revista playboy ou a penthouse, por exemplo, sofreram quebras enormes no seu formato editorial!  
Contudo e mesmo com o acesso á internet, existiu um artista que interessado pelo mundo da ilustração pornográfica decidiu criar um projeto chamado “Hardcover”. 


    Spiridon Giannakis é um freelancer desinger gráfico que no decorrer da sua carreira se dedicou á criação de Artbooks. Sendo grande apreciador de ilustração e tendo grande técnica em publicação, Spiridon apercebeu-se que muitos artistas eram censurados em diferentes redes sociais por tentarem expor os seus trabalhos mais ousados! Por isso, decidiu criar um livro, dedicado apenas a ilustrações pornográficas de mais de cem ilustradores diferentes.  Assim nasceu o “Hardcover”, um projeto criado por Spiridon e que foi lançado na plataforma Kickstarter. Esta plataforma serve para artistas exporem os seus projetos e solicitarem financiamento às pessoas que quiserem participar.  

                  

Depois de conseguir o valor necessário para dar vida a este projeto, Spiridon consegue fazer a publicação, sendo um êxito quase imediato! O resultado foi tão bom, que o designer decidiu dar continuidade ao projeto, acabando por publicar mais dois "#Hardcovers", com ainda mais artistas e mais ilustrações ousadas e escaldantes. 


Para este livro, Spiridon só tinha uma palavra a dizer aos artistas participantes: “Sem Limites!”, por isso, este livro contém ilustrações soberbas totalmente pornográficas, onde o céu é o limite para a imaginação destes ilustradores, mostrando-nos sem medo e sem censura as suas obras mais atrevidas! 

Para quem tiver interesse em saber mais, ou mesmo adquirir este livro, aqui ficam os links: