quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

“Viajando” com o livro


“Viajando” com o livro

 Introdução

  Como aluno do Mestrado de Práticas Tipográficas, suscitou-me a curiosidade de efetuar uma pesquisa sobre a História do Livro. Visto tratar-se de um assunto tão complexo, limitei-me a selecionar alguns aspetos mais relevantes.

O livro faz-nos recuar e refletir sobre as suas transformações físicas, desde as transformações materiais dos suportes sobre os quais o homem começou a escrever, dos ossos de mamíferos e cascos de tartaruga até estelas de pedra da China antiga1 e tabletes de argila da Mesopotâmia.

2-    Do Papiro ao Pergaminho

Como é óbvio, o livro está diretamente associado à escrita, pelo que tive de  recuar até ao Egipto Antigo em que a escrita era feita no papiro , porém era exclusivamente executada por uma classe de escribas responsáveis pela leitura e fabricação dos textos oficiais e religiosos. 


Papiro no Antigo Egipto com escrita hierática


Segundo pesquisadores, as peças de papiro mais antigas já encontradas foram concebidas há três mil anos antes de Cristo.

Outro suporto para a escrita desenvolvido na antiguidade, obtido a partir da pele de um animal, em especial cabra, carneiro, cordeiro ou ovelha era o  pergaminho.

 

Este  era uma referência à cidade de Pérgamo, na Ásia menor, onde sua fabricação alegadamente se iniciou.

 

Fiquei a saber que os primeiros pergaminhos eram quase iguais às peles de melhor qualidade da época (vellum), mas, durante o primeiro milénio a.C. desenvolveu-se uma técnica com a qual se obtinha um material de escrita melhor e mais branco.

   Ao efetuar uma pesquisa , fiquei a saber que prieiro as peles eram mergulhadas em água de cal e os pelos eram retirados. Depois, voltavam para um banho de cal e a seguir eram resfriadas sobre uma armação para secar.

   No processo de secagem, a pele  era desbastada, com todo o cuidado, com o auxílio  de uma lâmina em forma de meia lua, tornando-a muito fina. Depois de secas, as peles eram lixadas com um pó fino de pedra pomes.

   Tal como se verifica, na imagem ,o pergaminho era cortado em folhas retangulares que, como as folhas de papiro, eram unidas umas às outras pelas extremidades para poderem ser enroladas.

   No primeiro século d.C. descobriu-se um modo para guardar pergaminhos muito mais conveniente que os rolos. Cada folha retangular passou a ser dobrada uma, duas ou três vezes, cortando-se as bordas e formando assim um fólio, quarto ou oitavo. Essas folhas eram então encadernadas em capas de madeira fina e lisa. Tal volumen, como era chamado, deu origem aos livros, tais como são conhecidos atualmente.

Eis alguns exemplos de escrita:



Inscrições romanas

                 

3-    Do Pergaminho ao papel:

 

Na China, começou-se a  fabricar o papel, no qual empregavam inicialmente a polpa fibrosa que se encontra sobre a casca da amoreira. No século XIII, o papel começa a ser fabricado em diversos países da Europa, substituindo gradualmente o pergaminho, devido aos custos menores e simplicidade de manufatura. Até então, tanto na China como nos países islâmicos, o processo era completamente manual. Isso mudou em continente europeu, pois, ao utilizar refugo de linho para a fabricação de papel, surge a ideia de adaptar os moinhos de água para transformar os trapos em polpa. Desse modo, logo no final da Idade Média, algumas operações de fabricação do papel já utilizavam processos industriais.

Por volta do século X a. C., a organização dos documentos escritos ganharam maior funcionalidade com a invenção dos pergaminhos. Apesar de não terem a mesma praticidade dos encadernados, essa base material foi de suma importância para a preservação de importantes textos da Antiguidade, como a Bíblia Sagrada e os escritos de alguns pensadores do mundo clássico. Vale a pena frisar que a qualidade e a resistência dos pergaminhos era superior à do papiro.


 O Livro na Idade Média

    Durante a alta Idade Média a produção de livros esteve restrita aos meios religiosos. Nos Mosteiros, faziam-se  cópias à mão de livros considerados importantes na época, entre eles estavam às obras clássicas de outros .

   O domínio do  cristianismo, conservava as obras de escritores pagãos como  um mal necessário, pois só nelas se encontravam noções essenciais sobre filosofia que contribuíram para o desenvolvimento da teologia cristã. É interessante notar que as bibliotecas dos mosteiros estavam divididas em duas partes, uma para os livros pagãos e outra para os livros cristãos. Isso para facilitar a pesquisa e impedir que os religiosos lessem obras pagãs caso esse não fosse seu desejo.

      

   Os monges trabalhavam no cultivo e na criação. Alguns, porém,  passavam todos o tempo na biblioteca, copiando e estudando  as obras dos grandes escritores da Antiguidade, sobretudo gregos e romanos. Eram os monges copistas. Eles produziram verdadeiras obras de arte. Nas margens das páginas, desenhavam ilustrações (iluminuras),  utilizando um tipo de letra que hoje conhecemos como gótica.




Ilustração de um monge copista





Texto com iluminuras e letra gótica


A Invenção da Imprensa com Guttenberg



 

                          

Na imagem acima, Gutenberg (à direita) manuseia um panfleto

    

Gutenberg desenvolveu um sistema mecânico de tipos móveis que deu início à Revolução da Imprensa, e que é amplamente considerado o invento mais importante do segundo milénio.

Gutenberg foi o segundo no mundo a usar a Impressão por tipos móveis, por volta de 1439, após o chinês Bi Sheng no ano de 1040, e o inventor global da prensa móvel.

O uso de tipos móveis foi um marcante aperfeiçoamento nos manuscritos, que era o método então existente de produção de livros na Europa, e na impressão em blocos de madeira, revolucionando o modo de fazer livros na Europa. A tecnologia de impressão de Gutenberg espalhou-se rapidamente por toda a Europa e mais tarde pelo mundo.

 



Também conhecida como a Bíblia de 42 linhas), foi aclamada pela sua alta estética e qualidade técnica.


 

Do papel ao digital



Ainda existem poucas obras disponíveis mas, pouco a pouco, a nossa biblioteca se irá tornar numa referência para quem gosta de literatura e fala português. Pelo menos assim esperamos



 João Carlos Canotilho | @canotilho_ | 14600

Estudos Avançados de Cultura Visual | Prof. João Queiroz | FBAUL | 2022/2023

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Graffiti vs StreetArt

                                                   Graffiti vs StreetArt

Introdução  

O meu gosto e alguma experiência que tenho por esta arte, suscitou-me um particular interesse em conhecê-la um pouco melhor. É uma realidade que o grafiti é uma expressão artística que é utilizada em locais públicos — muros, paredes de grandes edifícios e até o próprio chão, servindo de tela aos grafiteiros.


Para conhecermos um pouco da sua história, temos de recuar, há mais de 2 mil anos, época em que alguns muros de Roma já ostentavam pinturas que criticavam políticos, em imagens cheias de ironia. Em Pompeia, ainda é possível encontrar muros com pinturas que simbolizavam um protesto. 



Gravura (1854-90) dos irmãos Fausto e Felice Niccollini da Rua Templo de Júpiter Pompeia, Itália.


Nos tempos atuais e, na forma como todos conhecemos o grafiti, em Paris e Nova Iorque, nos os anos 60 e 70, começaram-se a mostrar em suas paredes as primeiras obras de artistas anônimos que buscavam se expressar. Nestas décadas atrás referenciadas estes ideais de grafiti tiveram origem em temas da transgressão e da contracultura, um movimento que criticava e questionava a cultura determinante de uma cidade. Essas características embasaram e movimento e existem até hoje, na atualidade.


Comboios nos anos 1970, na cidade de Nova York (EUA).

 Diferenças entre Graffiti e StreetArt


Ambas são pinturas feitas em muros, imóveis ou outras superfícies públicos ou privados. Essa é a principal semelhança entre eles e o grande motivo da confusão entre os dois. 

O que difere essas duas práticas, contudo, são as formas das pinturas. O Graffiti (vandalismo), geralmente, consiste em escrever dizeres (nome de graffiter). A streetart, por sua vez, refere-se na maioria das vezes a desenhos de forma a embelezar e/ou transmitir uma mensagem.

Enquanto pintura, constituída a partir de diferentes formas e cores, a streetart tem valor estético e, por isso, é considerado como uma expressão artística contemporânea, tendo sido cada vez mais bem aceite pela sociedade.

O graffiti, ao contrário disso, é entendido como uma degradação da paisagem urbana, considerado uma expressão sem valor artístico, de modo que se enquadra como um ataque ao patrimônio e, portanto, crime.

Graffiti é crime ambiental, Além do crime de vandalismo cometido pelo cidadão, a legislação 

também prevê o crime de dano prescrito no Código Penal, podendo este ser cometido tanto em património público quanto particular.

Quanto ao grafite , ele é permitido nos casos em que seu objetivo seja valorizar um patrimônio, desde que a prática seja aprovada/patrocinada pelo proprietário, no caso de um bem privado, ou pelo órgão responsável, se for um bem público.


 Do “gueto” aos museus de arte

Partindo da anarquia social, destruição moral, vandalismo puro e simples”, o Grafite saiu do seu gueto – o metro – e das ruas das galerias e museus de arte, instalando-se em coleções privadas e cobrindo com seus rabiscos e signos os mais variados objetos de consumo.

Há que referir Os Gémeos, autores de importantes trabalhos em várias paredes do mundo. A eles se devem a grande fachada da Tate Modern de Londres

Outra data a assinalar, é o movimento contra cultural de maio de 1968, quando os muros de Paris foram suporte para inscrições de caráter pó ético-político, e a prática da grafite generalizou-se pelo mundo, em diferentes contextos, tipos e estilos.

Os grafitis podem também estar associados a diferentes movimentos e tribos urbanas, como o hip-hop, e a variados graus de transgressão.

Dentre os graffiters, talvez o mais célebre seja Jean-Michel Basquiat, que, no final dos anos 1970, despertou a atenção da imprensa nova-iorquina, sobretudo pelas mensagens poéticas que deixava nas paredes dos prédios abandonados de Manhattan. Posteriormente Basquiat ganhou o rótulo de neo-expressionista e foi reconhecido como um dos mais significativos artistas do final do século XX. Atualmente no século XXI, muitas pessoas usam o graffiti como arte em museus de arte.


Peça de Peter Schjeldahl

A primeira grande exposição de Grafite foi realizada em 1975 no “Artist’s Space”, de Nova York, com apresentação de Peter Schjeldahl, mas a consagração veio com a mostra “New York/New Wave” organizada por Diego Cortez, em 1981, no PS 1, um dos principais espaços de vanguarda de Nova York.

Os graffiters/street artists mais famosos do mundo


 ARYZ


 

   Aryz é um artista espanhol bastante conhecido por produzir sua arte em grande escala em murais enormes e fachadas de prédios. Compondo pinturas que retratam figuras irreais, como aliens, animais e pessoas estranhas, o trabalho desse grafiteiro é conhecido ao redor do globo.

 

BANKSY



 

   Banksy é um artista inglês, venerado por muitos, mas anónimo que compõe obras repletas de críticas sociais e políticas. Contando com uma estética única, Banksy é considerado por muitos como o grafiteiro mais famoso do mundo. Seus trabalhos podem ser admirados tanto na Inglaterra, como nos Estados Unidos, na França e em outras partes do globo e, muitas vezes, são alvos de polêmica.

 

Chris Ellis (DAZE)



   Daze é um grafiteiro americano que marcou a história da cultura underground do movimento. Com pinturas espalhadas tanto nos Estados Unidos, como nas principais galerias de arte do globo, Daze também representou o mercado da arte, ao expor suas obras em galerias.

 

   Edgar Müller  


 

   Especialista em arte de rua, Edgar Müller é um famoso grafiteiro alemão que desde criança demonstrou seu amor pela arte. Com trabalhos que chamam a atenção pela beleza, a técnica apresentada por Edgar Müller é espantosa, já que o artista produz desenhos tridimensionais que hipnotizam e promovem efeitos de ilusão de ótica.

 

JEAN-MICHEL BASQUIAT



 

   Contundente e crítico, Jean-Michel Basquiat foi um emblemático artista americano que produziu obras carregadas de temas sociais e políticos. Explorando tanto a arte de rua, como expondo nos maiores museus do mundo, Basquiat é considerado um ícone pop.

 

KURT WENNER



   Considerado por muitos como um dos maiores pintores da atualidade, Kurt Wenner é um artista americano que reinventou a arte de rua utilizando uma técnica única. Por meio dela, Wenner mistura dimensões em 3D, dando um forte realismo às suas obras.

 

  MIGUEL ÁNGEL BELINCHÓN BUJES (BELIN)



   Apresentando um trabalho emblemático, Belin é um famoso graffiter espanhol que, com genialidade, chama a atenção por sua qualidade técnica ao expor, com bastante senso de humor, caricaturas muito bem-feitas que, como uma espécie de mágica, parecem adentrar nas fronteiras do surrealismo.

 

 

MIRKO REISSER (DAIM)



   Mais conhecido como Daim, o alemão Mirko Reisser é um dos mais famosos grafiteiros do mundo. Compondo peças de cair o queixo, o trabalho de Daim apresenta a ilusão do 3D e elevada qualidade técnica.

 

 

OTÁVIO E GUSTAVO PANDOLFO (OS GÊMEOS)

 



   Considerados os grafiteiros mais famosos do Brasil, Os Gémeos, Otávio e Gustavo Pandolfo, contam com obras espalhadas ao redor do mundo. Trabalhando com materiais recicláveis, esses grafiteiros famosos abordam temas variados em sua arte, produzindo tanto conteúdo social como os relacionados a temas familiares.  

 

Frank Shepard Fairey



   Considerado um dos artistas de rua mais influentes da atualidade, Shepard Fairey é um dos mais famosos grafiteiros do mundo. Seu trabalho ficou bastante conhecido após a criação do pôster “Hope”, que representou um ícone da campanha presidencial de Barack Obama, em 2008.





 João Carlos Canotilho | @canotilho_ | 14600

Estudos Avançados de Cultura Visual | Prof. João Queiroz | FBAUL | 2022/2023





A REVOLUÇÃO DE GUTENBERG: “O gutenberguismo”

 

A REVOLUÇÃO DE GUTENBERG: “O gutenberguismo

Quem foi Johannes Gutenberg?

Sabe-se pouco sobre Gutenberg. O ano do seu nascimento é estimado: por volta de 1400. Nasceu entre 1393 e 1405, filho do comerciante, em Mainz. Mais tarde, viveu num povoado que, devido à sua localização em Mainz, levava o nome de “Zum Gutenberg”, mas não se sabe a razão pela qual ele escolheu este nome como sobrenome.

Acredita-se que, devido à sua habilidade técnica e comercial, tenha tido uma formação profissional à altura da sua classe social, numa escola monástica ou numa universidade. Entra em cena no ano de 1434, na cidade de Estrasburgo, Alsácia, que na época fazia parte do Reino Alemão, e se situava na região diretamente vizinha a Mainz.

Gutenberg provavelmente trabalhou em Estrasburgo como ourives. Já quase com 40 anos de idade, ele funda, com parceiros, uma empresa para confeccionar espelhos para peregrinos a caminho de Aachen. No processo de fabricação já se adivinha a futura fundição de caracteres de metal.


Da caligrafia à Tipografia.

Johannes Gutenberg foi o responsável para que a escrita passasse a ficar duradouramente fixada em letras de chumbo; as formas das letras já não evoluíram exclusivamente pela invenção, destreza e fluidez da mão do calígrafo, já não sofreram as mutações próprias do gesto humano de escrever.

Ultrapassaram-se os caprichos da estética da letra manuscrita, mas também se anularam as variações e os erros dos copistas. Em vez de manuscritos e de caligrafia, passamos a ter uma tipografia


Do ouro ao chumbo

Para fabricar mecanicamente livros, Johannes Gutenberg (que tinha aprendido o ofício de ourives) combinou várias das suas invenções revolucionárias. A combinação conduziu ao resultado final: o processo tipográfico, utilizando tipos móveis, fundidos em metal.

Primeiro foi necessário fabricar punções - patrizes. Estes carimbos – também chamados patriz - molde macho – eram gravados em aço duro.

Com estes punções eram gravados numa matriz de metal mais macio, em cobre. Resultavam glifos de forma negativa.

 

 

 


Biblia de Gutenberg

 

Fabricar tipos de metal


Estas matrizes eram integradas no fundidor manual – outra importante invenção de Gutenberg.Esta liga de metais - chumbo e antimónio - tinha que esfriar célere, para possibilitar uma produção rápida. No estado frio e sólido tinha que ser dura, para que os tipos fundidos durassem várias impressões.

Os tipos eram guardados em caixas tipográficas bem ordenadas. Quando era o momento de fazer um livro, o artesão compositor retirava-os da caixa, para juntá-los no componedor, formando as palavras de uma linha de texto.

A famosa B-42 “ Bíblia de 42 linhas” , das quais apenas se conservam 48 exemplares de uma edição total estimada em 180 exemplares, saíra de um prelo, e era portanto um documento impresso.


Chumbos utilizados na impressão da Primeira Bíblia em 1439 por Guttenberg

Como imprimir uma folha?


A tinta de impressão para papel e pergaminho também foram inventadas por Gutenberg. Uma tinta com alta viscosidade, que não permeasse o papel, pois o verso da folha também era impresso. A tinta devia de secar rapidamente, para não demorar o processo de produção do livro.

Para produzir a tinta de impressão, Gutenberg misturou fuligem, resina e óleo de linhaça. A tinta era aplicada com duas almofadas, forradas de couro de cão e com crina de cavalo dentro. A pele de cão não tem poros – os cães transpiram pelo focinho e pela língua – o que faz com que a tinta não seja absorvida pela almofada e permaneça na sua superfície.

A forma tinta - composição de tipos com a tinta aplicada – é colocada no carrinho da prensa. O papel ou o pergaminho são inseridos na tampa. Estes são colocados, então, sobre os caracteres tintos e o carrinho completo é colocado sob a placa da prensa.

Com ajuda do torniquete da prensa, imprime-se a placa com o papel sobre os caracteres. Enquanto um artesão imprime, o outro aplica tinta nos caracteres, sempre de forma alternada. A prensa fornece uma face de texto muito mais homogénea do que a que os melhores escribas da época eram capazes de fazer manualmente.


E a prensa?

Gutenberg vivia numa região caracterizada pelo cultivo de vinho desde a época romana, chamada hoje de Renânia-Hesse e Palatinado. Os vinhedos estendem-se por várias centenas de quilómetros ao longo do Reno, além de Estrasburgo, Karlsruhe até Mainz e mais para o norte.

Esta região é, até hoje, o maior conjunto contínuo de áreas vinícolas da Europa. Prensas de vinho já eram utilizadas para a obtenção do vinho, a fim de “ex-primir” o suco das uvas. A prensa de vinho foi tomada como molde embora ainda fosse necessário muito trabalho para transformá-la numa impressora.

A suspensão da placa, que não deveria girar, foi uma importante inovação. A semelhança com as prensas de vinho desta época é inconfundível.

Gutenberg continuou a imprimir na casa de seus pais. Em 1462, foi atingido por outro revés. Vários cidadãos foram forçados a partir para o exílio após a luta pela sucessão do arcebispo de Mainz, entre eles Gutenberg e seus ajudantes.

Foi-lhe permitido voltar a Mainz após algum tempo, mas muitos dos seus colaboradores já tinham partido para outras cidades. Assim, a «arte negra» da impressão do livro acabou por se propagar rapidamente por toda a Europa.

Gutenberg faleceu em 1468 como um conceituado cidadão de Mainz. Cerca de 50 anos após a sua morte, existem tipografias em 270 cidades européias. Até aquela época, já haviam sido impressos mais de 40.000 títulos com mais de 10 milhões de exemplares.


Prensa de tipos móveis de 1811, em exposição em Munique, Alemanha


E as repercussões sociais?

A invenção da tipografia com caracteres móveis foi inicialmente considerada bemvinda pela Igreja Católica, pois com ela podia, por exemplo, imprimir cartas de indulgência em grandes quantidades. Com o pagamento de uma soma em dinheiro, qualquer católico podia livrar-se de cumprir as suas penitências — e até mesmo do purgatório.

Uma vantagem da tipografia: a reprodução dos textos era mais fiel. No passar das décadas seguintes, mais e mais pessoas podiam ler a Bíblia, que se tornara mais barata por meio da sua reprodução tipográfica.

A França revolucionária do século XVIII trataria Gutenberg como o “primeiro revolucionário e benfeitor da humanidade”, queria mudar o nome da tipografia para “gutenberguismo”, e até mesmo dar o seu nome a uma constelação...



Escultura de Johannes Gutenberg decora a fachada da antiga Casa Garraux - atual Bovinu´s Grill - em São Paulo.

 



 João Carlos Canotilho | @canotilho_ | 14600

Estudos Avançados de Cultura Visual | Prof. João Queiroz | FBAUL | 2022/2023



Hélio Bray - Percurso pictórico de grande relevo nacional e internacional



 

Hélio Bray

                               Percurso pictórico de grande relevo nacional e internacional




                                                  https://www.heliobray.com

 

Vida e obra
 

     Hélio Bray nasceu em Lisboa em 1984. Trata-se de um artista português com atual expansão internacional e com origem no grafiti de rua. A razão prende-se com o facto de sempre ter vivido afastado dos grandes centros urbanos e de toda a sua arte inerente à época.

    Desde então, Hélio vem desenvolvendo fortemente sua própria forma de expressão artística. Começou pelo grafiti, ao qual se pode atribuir o início do seu trabalho. A sua perícia ao lidar com todo o material técnico necessário a esta arte correm nas suas veias e pode-se dizer que pintar e expressar sentimentos e emoções fazem definitivamente parte dele. A letra como base de seu trabalho mural é uma característica efetiva do artista. Suas linhas e tipografias criadas e imaginadas por ele mesmo foram a base governante do graffiti praticado por décadas.

    Hélio Bray já trabalhou com empresas como Vans, DC Shoes, Adidas Originals, Quickilver, Roxy, Vonzipper, Asus, Vangart, Hooper, SuperBock, Betclic, Loopcolors, Siemens, entre outras.

     Em 2008, após explorar o seu estilo dentro do graffiti, Bray desenvolveu o seu próprio conceito artístico de design urbano para espaços comerciais tendo colaborado com marcas como Vans, DC Shoes, Adidas Originals, Quickilver, Roxy e Vonzipper. Deste conceito surgiu também a sua linha de roupa, “BrayClothingCompany”.

    Hélio Bray tem vindo a participar em exposições e murais individuais e coletivos a nível mundial, entre os quais destacamos a sua exposição individual “Tropicalism” na Street Art House, Califórnia, EUA, a participação no evento “Underground Effect”, em Paris, em 2019, e na mostra coletiva Miami Art Basel, EUA, em 2019.

   Ao longo de mais de vinte anos de pintura, foi em 2012 que Hélio Bray sentiu o chamado para descobrir o trabalho de interior/ateliê. Sua sensibilidade e vontade e talento para brincar com as cores foram uma etapa importante nesse processo. Hoje podemos ver um desenvolvimento de média mista, passando do uso de spray mais conectado ao ambiente urbano, misturado com uma parte mais figurativa. Passando por vários estilos e correntes artísticas, a maior característica do seu trabalho são, sem dúvida, as várias experiências criativas que conduzem aos mais diversos resultados finais. A busca constante para descobrir novos meios de expressão, cores e pigmentos fortes e muito spray fazem parte dos trabalhos de Helio Bray.

   Hélio Bray passou por várias fases e estilos dentro do “grafiti”, mesclando ao longo dos anos diversas técnicas. Ele cresceu como um artista contemporâneo até à atualidade. Tem criado sempre novos estilos e mistura cores como é conhecido. Participou em várias exposições pelo mundo, murais e eventos e, desta forma, tem sido o caminho trilhado pelo artista.

 


https://media.artsper.com/artwork/1681611_1_grid.jpg



'Persa'120 x 120 cms emoldurado e com mais de 700000 linhas de bordar.



   Referirei o se trabalho 'Persa'- Um trabalho com técnica mista de bordado e pintura em tecido. Uma criação ousada em sua estrutura e desafiadora pela técnica utilizada. Este trabalho em parceria com a La Maison @Vangart, pretende apelar ao desafio do artista. Como um todo. Desde o que projeto, até o que se torna possível ou impossível de fazer. O impossível faz parte da descoberta e da criatividade.

 

   Eis o testemunho do autor sobre a sua técnica 'Pointed'- É uma tentativa de representar um pouco de todas as visões que tenho dentro da minha própria criatividade. Uniões de padrões, cores e elementos abstratos fazem parte de todo o meu trabalho. Sempre destacando a cor, porque a cor é um estímulo. É talvez um dos elementos que tem maior impacto ao observar tudo ao nosso redor. A cor também consegue exercer sobre o indivíduo uma ação composta por três fases: impressionar, expressar e construir.' Pointed' , com todas as minhas anotações e pontos, linhas e respingos, vem apresentar uma visão de como construo diversas correntes artísticas dentro do meu próprio estilo' – Hélio Bray



Video de making off de uma peça em tributo ao artista português Nomen, em Paris e em agosto de 2022. https://www.youtube.com/watch?v=MoJ6v1-xt0g 

Mural “Siemens” - Imagem retirada de https://www.youtube.com/watch?v=RF2sJSSubGQ



 João Carlos Canotilho | @canotilho_ | 14600

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