A Bauhaus foi a escola de arte modernista mais influente do século XX, cuja abordagem para o ensino e a compreensão do relacionamento da arte com a sociedade e a tecnologia, teve um grande impacto tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, muito depois de encerrada. Foi moldada pelas tendências do século XIX e início do século XX, como o movimento Arts & Crafts, que procurava anular a distinção entre belas artes e e reunir criatividade e a manufactura. Isso reflete-se no medievalismo romântico dos primeiros anos da escola, em que funcionou como uma espécie de congregação de artesãos. Mas, em meados da década de 1920, o medievalismo deu lugar à problemática da união da arte e design industrial, e foi o que acabou por ser a sua conquista mais original e importante.
Cartaz para uma exposição da Bauhaus em Weimar, Alemanha, Laszlo Moholy Nagy (1923) |
Bauhaus, fonte de Herbert Beyer (1925) |
A origem da escola passa pela Fábrica Fagus, onde Walter Gropius evidenciou os ideais estéticos do atelier de Behrens e da Associação Alemã de Artesãos, fundada por um grupo de arquitetos, designers e empresários alemães ligados à Arte Nova Alemã. A Bauhaus foi fundada em 1919 e resultou da fusão da Escola de Artes e Ofícios com a Escola Superior de Belas-Artes e tornou-se na primeira escola de arte, arquitetura e design com um projeto pedagógico revolucionário. Com a ascensão de um governo nazi na Alemanha, a escola foi considerada uma frente comunista porque muitos artistas russos trabalhavam ou estudavam ali. Escritores e personalidades nazis desaprovavam o seu estilo modernista e em 1933, após diversos conflitos políticos que inclusive, levaram à transferência da escola para Berlim, a Bauhaus é encerrada por ordem do governo com a acusação de proclamar e defender ideais comunistas e contra o regime.
Apesar de ter passado por diversas alterações no seu projeto pedagógico à medida que a direção da escola evoluía, a Bauhaus, de uma forma geral, acreditava que os seus métodos de ensino deveriam estar relacionados às suas propostas de mudanças nas artes e no design. Um dos objetivos principais da Bauhaus era unir artes, produzir artesanato e tecnologia. A máquina era valorizada, e a produção industrial e o desenho de produtos tinham lugar de destaque. Preconizava-se acima de tudo a modernização das artes e a valorização do artífice como importante impulsionador do papel social da arte.
Design for a newspaper kiosk (esquerda) e Design for a cinema (direita), Herbert Beyer (1924) |
Mulher com máscara, Oskar Schlemmer, sentada na cadeira de Marcel Breuer, Bauhaus |
A própria estrutura do curso na Bauhaus integrava diversas áreas e expressões artísticas como a arquitetura, o design, artes decorativas, fotografia, cinema e dança onde os alunos representavam o equilíbrio perfeito entre o sistema produtivo e o método pedagógico. Eram frequentes as conferências, debates, palestras, exposições, exibições musicais e peças de teatro num clima de intensa atividade artística, intelectual e prática. Não se ensinava História na Bauhaus durante os primeiros anos de ensino, porque acreditava-se que tudo deveria ser criado por princípios racionais em vez de influenciado por padrões herdados do passado. Segundo a ideologia da escola, só após três ou quatro anos de curso o aluno tinha aulas de História, pois assim o conhecimento adquirido do passado não iria influenciar as suas criações artísticas.
Durante doze anos de atividade, lecionaram na Bauhaus artistas modernistas como Lyonel Feininger, Johannes Itten, Wassily Kandisky e Paul Klee que deixaram na escola a herança do Expressionismo e do Cubismo e contribuíram para a construção dos ideais de racionalidade formal e pela implementação da metodologia do design industrial. Kandinsky e Paul Klee foram ainda responsáveis por desenvolver uma investigação visual de enormes implicações que viria a conferir às aspirações democráticas da escola um novo alcance. Os princípios do funcionalismo da Bauhaus de adequação da forma à função, racionalidade, redefinição do espaço urbano e harmonia entre o «belo» e o «útil» tiveram um impacto fundamental no desenvolvimento das artes e da arquitetura do ocidente europeu, dos Estados Unidos e Israel nas décadas seguintes - para onde se encaminharam muitos artistas exilados pelo regime nazi. A escola Bauhaus também influenciou imensamente a América do Sul, tendo como seu principal representante o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, que projectou a cidade de Brasília sob as tendências modernas e funcionalistas inauguradas pelo bauhasianismo.
Livros produzidos e editados pelos artistas da Bauhaus, com tipografia e design característico. |
A Bauhaus alemã tinha uma filosofia vanguardista da arte funcional no período da modernidade e estabeleceu critérios para um design de linhas simples, ergonomicamente eficiente, assim como a ligação entre artistas e artesãos, arte e indústria, utensílio e máquina. Foi responsável por se aprofundarem métodos de construção e criação industrial, pela valorização de novos materiais e tecnologias e pela implementação de metodologias de trabalho que definiram a estética funcionalista.