quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

À deriva



Os primeiros argumentos sobre a psicogeografia e a deriva surgiram na revista Potlatch. Foi publicada pela Internacional Letrista, a grande sucessora da Internacional Situacionista. Longe de terem um terem um caracter cientifico, a deriva e a psicogeografia eram elaboradas em busca do reconhecimento crítico, com fundamento teórico da realidade e da maneira de concretização da vida no dia a dias nas cidades. Foi uma das grandes ações teórico práticas dos letristas e situacionistas na época. Definida por eles como o estudo dos efeitos do meio geográfico, conscientemente planeado ou não, que age diretamente sobre a atitude afetiva das pessoas. Assim, ao pôr à prova o planeamento realizado pelos funcionalistas, a psicogeografia era um meio pelo qual se identificava a impossibilidade de terem uma vida apaixonante, revelando a desproporção entre a função, o desejo e o lúdico. Numa altura em que se procurava no planeamento resolver os problemas da vida na cidade, os letristas (como também depois os situacionistas) percorriam a cidade, à procura a de se apropriarem dela, expondo os problemas de planear e as suas exigências, que os impossibilita de viver.

Guy Debord, escritor marxista francês e um dos pensadores da Internacional Situacionista e da Internacional Letrista. Iniciou a sua associação à Internacional Letrista no ano de 1950, sendo acompanhado por Isidore Isou. Os letristas estavam a tentar fundir a poesia com a música e estavam interessados em modificar a paisagem urbana. Em 1953, foi elaborado o mapa psicogeográfico de Paris, que consiste num passeio à deriva pela cidade.

Os letristas e situacionistas, num conjunto de propostas teórico praticas, entendiam que a relação da cidade e do quotidiano era algo de grande importância para o projeto de transformação total da vida e do mundo. Neste sentido, a deriva foi uma grande aposta, pois proporcionava a possibilidade de realizar o trabalho qualitativo do tempo no meio urbano de um modo divertido e, simultaneamente, identificar todo o processo de planeamento capitalista no espaço, principalmente nos meios urbanos.

Raoul Vaneigem um escritor belga conhecido pelo seu livro “The Revolution of Everyday Life”*, e um dos principais articuladores do movimento político e artístico conhecido com internacional situacionista durante a década de 1960.

Vaneigem e Debord foram os dois principais escritores do movimento Situacionista. Debord foi o pensador mais disciplinado, mas apesar disso, foram os slogans do Raoul Vaneigem que chegaram frequentemente às grandes paredes de Paris durantes as revoltas de Maio de 1968.

A contemplação do movimento tem sido promovida por críticas de que Vaneigem era um progenitor do punk. É surpreendente descobrir que nunca houve uma publicação norte-americana apropriada de uns dois textos mais influentes do movimento, o livro “The Revolution of Everyday Life”. A obra de Vaneigem de 1967 forma uma contrapartida de a obra de Debord “The Society of the Spectacle” publicada no mesmo ano. Ambas abordam uma revolução com base na plena execução do potencial criativo do individuo em que o tédio se torna uma questão politica.

Após a revolução, a poesia deixou de ser entendida como uma forma literária e passou a ser vista como uma vida criativa, espontânea e quase infantil, que mais tarde se iria fundir com a vida quotidiana, sendo assim uma expressão autentica da "experiência não mediada da subjetividade".


*The Revolution of Everyday Life  (1967)


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