Cor & gênero
“Menino veste azul e menina veste rosa” diz
Damares Alves, ministra brasileira da Mulher, Família e Direitos Humanos, em
seu discurso de posse no início de 2019. A metáfora contra a diversidade de
gênero gerou uma avalanche de críticas nas redes sociais e levantou a questão
do surgimento desses signos. Quais as influências naturais e culturais da
construção da relação gênero e cor?
The Blue Project – Kyungjin and His Blue Things, Gyeonggi-do, South Korea, 2017 © JeongMee Yoon |
Azul em aspectos sensoriais é frio e distante.
No frio nossos lábios e pontas dos dedos se tornam azulados e quanto mais ar há
entre um objeto e seu observador mais azulado esse objeto se torna. Até mesmo o
vermelho em grandes distâncias se torna azulado. E o vermelho é a cor natural
do sangue, do fogo. Vermelho aquece, vermelho é a cor fisicamente mais forte
aos olhos humanos.
Esses significados foram gerados a partir da
natureza de cada cor. E em cima deles outras várias características foram sendo
associadas. Como a tranquilidade e passividade que traz o distante azul. Então
muito antes de azul ser cor de menino, azul era a cor das mulheres: idealmente
tidas como serenas e plácidas. Azul era a cor de nomes femininos como Celina,
Saphira, Bluette e jamais era utilizada em sobrenomes. Esses eram reservados para
nomes fortes e másculos como Rot que em alemão significa vermelho. Até no
Cristianismo, Maria era quase sempre pintada em trajes azuis e Jesus em vestes
vermelhas para o espectador visualizar sua energia masculina.
Mas então porque rosa se tornou feminino e
azul masculino? Bebês até a primeira guerra mundial eram vestidos em branco,
pela facilidade de limpeza. Foi depois da guerra que varejistas no intuito de
vender mais roupas criaram o conceito de separar azul claro para meninas e rosa
para meninos (cores pastéis eram a moda da época). E apenas nos anos 40 com
pesquisas de marketing se inverteu essa designação para atender a
preferência do público alvo e os Baby Boomers se tornaram os primeiros a vestir
meninas em rosa e meninos em azul.
The Pink Project – Jiwon and Her Pink Things, Gyeonggi-do, South Korea, 2008 © JeongMee Yoon
|
Referências:
HELLER, Eva. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. Barcelona:
Garamond, 2012.
SMYTH, Diane. The Pink and Blue Projects by JeongMee Yoon. Disponível em: < https://reactor2016.blogspot.com/>.
Acesso em: 12 nov. 2019.
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