quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

“Time Capsule. A revista Aspen, 1965 - 1971”


Até o dia sete de Janeiro de 2018 era possível visitar a exposição “Time Capsule. A revista Aspen, 1965 - 1971”, que teve início no dia 14 de Outubro de 2017. Durante esses quase três meses, a exposição esteve instalada nas galerias da Culturgest, espaço cultural da Fundação Caixa Geral de Depósitos. Com curadoria de Delfim Sardo, as salas reuniam os dez números publicados da revista Aspens ao longo dos seis anos, além do material físico, também era possível apreciar vídeos com a montagem e explanação dos materiais específicos que compunham as edições. 

A exposição era composta por vitrines - com todo o conteúdo das revistas (cada espaço com uma edição específica) - cartazes na parede e um vídeo para explanar o material. Também era integrada por computadores espalhados ao longo das salas, nesses computadores, um site disponível online “http://www.ubu.com/aspen/advertisements/aspen1Ad.html”. O site da Ubu já existia e foi incorporado a exposição, a envolver todo o conteúdo particular da revista, de forma precisa. Logo na entrada era possível adquirir um guia informativo, com detalhes bem específicos, como se fosse uma versão impressa do site, mas com direcionamentos voltados a interação expositiva espacial.


A revista Aspen foi pensada principalmente pela editora norte-americana Phyllis Johnson, dentro de um contexto inovador onde a efervescência cultural da cidade de Aspen chamava atenção. Em 1965 a editora concebe a primeira edição da revista disponível somente por assinatura. A ideia era compor cada edição de forma ativa, moderna e revolucionária, algo distinto de tudo que já tinha sido feito e publicado até então.   
Cada caixa continha inúmeros materiais (brochuras, postais, cartazes, discos, filmes…), possibilitando ao assinante o acesso ao novo, as tendências inovadoras, ao que estava sendo pensado e produzido pela cena artística (músicos, ilustradores, filósofos, performers) da época. Cada número da revista teve um editor e designer diferentes (as vezes acumulando a mesma função), o que revela o caráter colaborativo do projeto.  

Ao longo dos seis anos, muitos nomes passaram pela Aspen, alguns particularmente bastante conhecidos, como Roland Barthes, que publicou seu texto “The death of the author” (“A Morte do Autor”), na edição de número #5+6. Interessante perceber que a revista através dos anos não apenas evidenciou a produção artística/filosófica dos colaboradores convidados, mas acabou por se tornar um retrato do movimento cultural norte-americano entre os anos de 1960 e 1970. 


Na Aspen #1 há uma carta da editora Phyllis Johnson aos subscritores da revista, onde escreve “ In short, “Aspen” is the first three-dimensional magazine”. A Aspen chega até os dias de hoje, como matéria viva de um tempo. Retrato da coragem de um grupo de pessoas, que se lançaram ao abismo escuro e criaram a “primeira revista tridimensional”, o que hoje pode ser compreendido no âmbito abstrato/real do livro-objeto. A revista transcende as normas e se concretiza no mundo como marco significativo do pensar e fazer arte. 


A exposição se apresenta de forma bastante didática, através do guia, dos computadores e das vitrines. Ela é autoexplicativa e cumpre com a sua intenção, trazer aos visitantes os detalhes e a grandeza da revista Aspen. De fato, “Time Capsule. A revista Aspen, 1965 - 1971”, propõe ao público uma imersão no conteúdo da revista e encanta pela seu material, mas não tem a intenção de ultrapassar as barreiras, pois a forma de apresentação segue os padrões reconhecidos pela expografia. Isso não a torna menor, porém não provoca, quem adentra ao espaço, a fruição estética.


Para detalhes de cada edição, basta acessar: http://www.ubu.com/aspen/advertisements/aspen1Ad.html

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