domingo, 27 de novembro de 2016

Entre o território cinematográfico e escultórico - A Brief History of Princess X de Gabriel Abrantes



A curta-metragem do artista e realizador luso-americano Gabriel Abrantes (1984) A Brief History of Princess X, estreada na Tate Britain em Fevereiro deste ano, conta a história da relação da polémica escultura Princess X do artista Romeno Constantin Brâncuși e a Princesa Maria Bonaparte.

Em 1909, Brâncuși recebeu um pedido de Paris da sobrinha bisneta de Napoleão para criar um retrato seu. Brâncuși começou por criar um busto da princesa onde só retratava a beleza do seu rosto e as suas feias pernas. Os devaneios irrequietos e as obsessões de Maria Bonaparte pela descoberta da distância exata do clitóris à vagina, fizeram com que Brâncuși simplificasse a escultura até ao ponto de esta ser confundida com um dildo.


O filme de Abrantes documenta este paradigma da arte moderna, na voz do narrador (o próprio Abrantes) e pelo escopro do artista. No momento inicial e final, a figura de uma criança num museu a fotografar uma “selfie” com a Princess X, revela e resguarda uma incompreensão que Brancusi citava; a de uma realidade escondida, sobre a essência dos objetos inscritos na sua própria natureza. 


Durante sete minutos e nove segundos fiquei, na sala 1 do Cinema Ideal, recíproco a dois territórios, ora retraído ao cinema, ora à escultura. Causa-efeito este presenciado por causa da receptividade e dos prémios que o filme recebeu em vários festivais nacionais e internacionais. Selecção oficial no Festival de Cinema de Toronto (2016), selecção de curtas fora de concurso no Festival de Cinema de Locarno (2016) e, com a premiação de melhor realização portuguesa no festival de Curtas Vila do Conde 2016.


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