Dvora Morag é uma artista contemporânea, nascida em 1949, em Israel.
Apresentou a sua obra “Disruptive Order” no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança, a 1 de Setembro de 2017. Esta exposição contou com a curadoria de Jorge da Costa.
A artista é filha de sobreviventes da perseguição nazi, enclausurados em Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial, facto que é importante ter em consideração, já que estas lembranças - que sente presentes em todo o lado - moldam o seu trabalho. Quem visita a exposição sem ter em conta o contexto em que é concebida, não tem a mesma perceção do visitante que conhece a realidade supracitada.
É através destas memórias, experienciadas pela artista, que constrói a sua arte, baseada em elementos simbólicos do holocausto. Assim, Dvora Morag consegue questionar e desafiar o público a entender aquilo que produz.
A primeira instalação com que nos presenteia “Landscape”, cobre o chão de sacos envoltos em serapilheira, símbolo de luto, pobreza e transporte de alimentos. Elementos que liga a frases do reconhecido poeta português, Fernando Pessoa - já que é leitora assídua das suas obras.
Esta instalação conduz-nos a uma segunda, “Cheers”, onde podemos ver um monte de copos de vidro empilhados, quase como uma cascata. É interessante notar o contraste de material utilizado na primeira e segunda ilustrações, o áspero e duro da serapilheira contra a fragilidade do vidro dos copos.
Esta instalação conduz-nos a uma segunda, “Cheers”, onde podemos ver um monte de copos de vidro empilhados, quase como uma cascata. É interessante notar o contraste de material utilizado na primeira e segunda ilustrações, o áspero e duro da serapilheira contra a fragilidade do vidro dos copos.
Seguimos então para uma terceira instalação, numa sala ampla que se deixa marcar pela mesa posta, sobre a qual recaí toda a atenção. Nesta mesa - suspensa no ar -, cujos objectos (copos, pratos, talheres), mais uma vez, se encontram cobertos por serapilheira, a artista mostra como, mesmo em tempos de guerra, a refeição continua a ser motivo de ajuntamento familiar.
Esta hora da refeição dá lugar a um lugar escuro, intitulado de Bad Dreams, onde uma cama, com leds vermelhos, sussurra uma história que é contada e que ecoa na sala. Porque no meio da guerra há sempre a proteção através dessas histórias fantasiadas, de um outro lugar, mas há também o pesadelo sonhado, para além daquele que é vivido.
A exposição termina com um vídeo documental onde a atriz dá a conhecer ao público a sua história e o contexto, tão necessário a esta exposição. É um vídeo onde retrata as memórias com que sempre conviveu e que moldam aquilo que produz. Deixa ainda uma série de folhas impressas, com o poema “Então dirás à tua filha”, que ilustra aquilo que os pais, enquanto sobreviventes, lhe transmitiram sobre aquilo que foram obrigados a experienciar.
Esta exposição, que pode ser visitada até ao dia 15 de Setembro, mostra, a partir do espaço íntimo e silencioso daquilo que é o lar, a tensão entre as memórias pessoais e a história da humanidade.
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