2# - Livro Ilegível
“Simplificar
é um trabalho difícil e exige
muita criatividade.
Complicar
é muito mais fácil:
basta acrescentar tudo o que nos
vem à mente”
Bruno Munari
“Das coisas nascem coisas”
“Sabe-se que as pessoas de idade têm uma enorme dificuldade em modificar o seu pensamento, justamente porque aquilo que se aprende nos primeiros anos de vida permanece como regra fixa pra sempre, ter de mudar, para muitos, é como perder a segurança para aventurar-se numa situação que não se conhece. A solução deste problema, de aumentar o conhecimento e de formar pessoas com mentalidade mais elástica e menos repetitiva está em nos ocuparmos com os indivíduos enquanto se formam. Nos primeiros anos de vida, enquanto, como ensina Piaget, se forma a inteligência. Sabemos também que nos primeiros anos de vida as crianças conhecem o ambiente que as rodeia por meio de todos os seus receptores sensoriais e não apenas da vista e do ouvido, percebendo sensações táteis, térmicas, matéricas, sonoras, olfativas...Pode-se projetar um conjunto de objetos parecidos com livros, mas todos diferentes para informação visual, tátil, matérica, sonora, térmica (...).” (Munari, 1981)
O livro elegível é uma provocação, é uma negação daquela regra que o livro é um simples suporte da leitura. O que define o livro é o papel, a encadernação, a cor, a textura, os cortantes, os grafismos também pela forma como esses cortes se sucedem, deixando para trás o pensamento que o papel é um mero suporte de texto.
A exploração acontece recorrendo às diferentes texturas, espessuras e formatos das páginas como uma melodia, cujo ritmo passa através do formato, dos cortes e da forma com se sucedem.
Para Munari os materiais que compõem o livro é o comunicador, é o texto invisível. A experimentação irá compor uma história que cada leitor irá criar, sem restrições, sem início e fim. O discurso visual irá obrigar o leitor a usar todos os órgãos sensoriais.
O livros ilegível foram produzidos todos manualmente, inicialmente expostos na livraria Salto de Milão 1950. Alguns anos depois, 1953 e um editor holandês, Steendrukkerij, publicaram uma tiragem não oficial de 2000 exemplares.
Munari criou vários destes livros ao longo da sua vida, sendo sempre recorrente a experimentação dos materiais e os jogos visuais.
Bruno Munari, 1984
BIOGRAFIA
Munari, Bruno (1982) “Das Coisas Nascem Coisas”, Lx, Edições 70
Brandão, Lucas - “Bruno Munari, um dos principais nomes na teoria e prática do design”. Comunidade Cultura e Arte. [Em linha]. 2017. [Consult. a 10.12.2017]. Disponível em: https://www.comunidadeculturaearte.com/bruno-munari-um-dos- -principais-nomes-na-teoria-e-pratica-do-design/
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