Fotografias de Rogério Paulo da Silva
SOMA
AGRESTE
Manuel Sampaio | Pintura
10 de Outubro | 30 de Novembro | 2015
Casa da Cultura | Setúbal
Rua
Detrás da Guarda, n.os 26 a 34
2900-347
Setúbal
Horário
e Contactos:
De
terça a quinta-feira, das 10h00 às 24h00
Sexta-feira
e sábado, das 10h00 à 01h00
Domingo,
das 10h00 às 20h00
Tel.:
265 236 168 | 915 721 909
Ao
entrarmos na exposição da obra de
Manuel San Payo, deparamo-nos com Soma
Agreste, título revisitado e retirado da composição de uma música de Zeca Afonso, retratando
o espírito de liberdade do antigo Circulo
Cultural de Setúbal.
Ao enfrentarmos este conjunto de pinturas de grande formato, ficamos com a estranha sensação de que somos
abraçados. As telas monocromáticas e os contornos que elas sugerem,
transmitem-nos a permanência do gesto interrogativo do pintor sobre a figura,
entrelaçando-nos nos traços negros das telas, redesenhando todo o nosso corpo
suspenso e retido.
Quando em
o Pintor da vida moderna Baudelaire
se refere à capacidade de síntese que muitos dos grandes artistas adquirem
quando “acostumados há muito a exercitar a sua memória e a povoá-la de
imagens”, dá-nos a entender que, nessa capacidade, se “estabelece um duelo entre a
vontade de tudo ver, de nada esquecer, e a faculdade da memória” em captar a
essência da cor, da silhueta e do contorno.
As pinturas
de Manuel San Payo resultam de um exercício dinâmico, do gesto urgente do
contorno, automatismo esse infligido pela sugestão de imagens que não existem
na objectividade, mas em mnemónicas ditadas pelo próprio artista. O nosso olhar
procura incessantemente nessa desconstrução do real - conflito entre abstracção
e figurativo - algo que seja planeado ou, pelo menos, familiar.
Pinturas de Manuel San Payo, Casa da Cultura, Setúbal
O artista constrói estas obras com a liberdade de largas pinceladas, em aguadas de
tinta negra sobre o fundo branco da tela, para as ir desconstruindo aos poucos
de qualquer índice, em camadas e gestos traçados a negro. Ao nos retirar esses
referentes o artista abre-nos uma porta para acedermos a um imaginário de
formas ou de personagens incertos, que se vão construindo mentalmente na
intimidade de quem olha.
Vista geral da exposição, Casa da Cultura, Setúbal
Numa primeira impressão, temos a sensação que
percorremos no espaço várias portas à escala do nosso corpo - grandes telas que nos
transportam ao interior das emoções expressionistas do gesto.
Ao fundo da sala encontramos um painel, também ele traçado por desenhos a preto, sugerindo pequenas janelas que induzem o nosso olhar na intimidade de despreocupados registos espontâneos, habitando em subtis percepções visuais.
Qualquer narrativa sugerida pela forma organizada como foram colocados, poderá induzir o visitante a uma leitura compartimentada de pequenas memórias compiladas pelo artista.
Painel de desenhos, Casa da Cultura, Setúbal
Ao fundo da sala encontramos um painel, também ele traçado por desenhos a preto, sugerindo pequenas janelas que induzem o nosso olhar na intimidade de despreocupados registos espontâneos, habitando em subtis percepções visuais.
Qualquer narrativa sugerida pela forma organizada como foram colocados, poderá induzir o visitante a uma leitura compartimentada de pequenas memórias compiladas pelo artista.
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