Criação do Papel
Antes da criação do papel, a Humanidade gravava a sua escrita em suportes dos mais diversos materiais minerais. No entanto, com o passar do tempo e a acumulação de registos, foi necessária a criação de um meio mais conveniente para arquivo e transporte. A partir desta intenção, surge a invenção do papel, originalmente criado na China com a utilização de fibras vegetais como matéria prima, de modo a registar as ordens dadas pelo rei. Este método difundiu-se tanto para a Europa ocidental como para o sudoeste asiático, desenvolvendo-se e evoluindo a sua técnica de fabrico e impressão de formas distintas.
Na sua tradução literal Hanji (한- Coreia / 지- papel) significa “papel coreano", no entanto esta tradução também pode conotar ao facto do papel Hanji de maior qualidade ser produzido no inverno (neste caso, Han significaria frio em Hanja). O Hanji também era comumente conhecido como Baek-ji, (significado de branco em Hanja), remetendo para o aspeto limpo e branco do papel, mas também uma grande analogia ao povo coreano, que durante muitos anos tinha como tradição o uso de vestes brancas (símbolo de pureza e de identidade durante a invasão japonesa do início do século XX). A palavra Baek (백) também era usada para denominar o Hanji por significar 100 em coreano, já que o seu processo de produção exigia 100 vezes o esforço (devido à sua técnica lenta e de dedicação contínua).
O papel Hanji é tradicionalmente feito com a casca da amoreira colhida durante os meses de inverno (Novembro - Fevereiro) e misturado com a água de hibisco. Para garantir a melhor qualidade do papel, a amoreira deve ser cortada especialmente no inverno, devido à estabilização da sua composição, permitindo um melhor corte. Além disso, como a temperatura ambiente é baixa, não diminui a viscosidade do hibisco (muito necessária para a composição da matéria e a aderência das camadas). Portanto, o Hanji feito nesta estação pode durar muito mais tempo devido ao entrelaçar das fibras, que resulta num papel robusto e de alta densidade, bastante resistente à humidade e muito adorado no universo da conservação.
Ao descobrirmos todos estes processos de composição de um “simples” papel, vemos uma metáfora clara ao povo que o produz, o espírito resiliente do povo coreano que enfrentou ao longo da história bastantes adversidades mas que mantêm a sua identidade e os seus ideais, como a verdadeira essência está no processo, no tempo, na dedicação e na simplicidade, respeitando sempre a natureza como força maior e encontrando o equilíbrio entre o Homem e o ambiente que o rodeia.
Fundação Oriente - Oficina: Marcadores em Hanji
Neste caso fizemos marcadores, no entanto foram nos mostrados diversos objetos feitos com os mesmos materiais, tais como leques, taças, suportes para copos, entre outros.