quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Studio Ghibli


O Estúdio Ghibli foi fundado em 1985, por Hayao Miyazaki, Isao Takahata, Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma. O estúdio lançou 22 filmes até à data, sendo o primeiro O Castelo No Céu (1986), de Hayao Miyazaki e o mais recente Kimi-tachi wa Dō Ikiru ka (Como Você Vive?) (ainda por estrear), do mesmo realizador.

O nome do estúdio deriva do nome dado em italiano aos aviões de reconhecimento do deserto do Saara durante a II Guerra Mundial que, por sua vez, deriva de uma palavra antiga libanesa que significa “forte sopro de vento quente”. Este nome vem do fascínio de Miyazaki pela aviação (tal como podemos perceber pelos seus filmes) e pelo objetivo do estúdio em tornar-se pioneiro num novo mundo da animação japonesa. 




Hayao Miyazaki é considerado o principal realizador do estúdio, tendo realizado exatamente metade dos filmes Ghibli. Os seus filmes destacam-se pela originalidade das personagens e enredos. O realizador explora temas nobres como o amor, a amizade, a natureza humana, o bem e o mal. Podemos ver os seus filmes como ensaios riquíssimos nestes e noutros temas, que surpreendem o espectador por não seguirem os esteriótipos um tanto fúteis que vemos representados na maioria dos filmes atuais. O típico romance entre um jovem e uma jovem é substituído por reflexões sobre o amor como um conceito muito mais complexo e diversificado. 

“I’ve become skeptical of the unwritten rule that just because a boy and girl appear in the same feature, a romance must ensue. Rather, I want to portray a slightly different relationship, one where the two mutually inspire each other to live—if I’m able to, then perhaps I’ll be closer to portraying a true expression of love.” — Hayao Miyazaki

Miyazaki faz também questão de criar personagens femininas independentes que não necessitam do apoio de personagens masculinas para lutar pelo que acreditam e tornarem-se as heroínas do filme. Nestes enredos introduz sempre personagens que servem de apoio, demonstrando a importância do amor e da amizade, mas que não determinam o sucesso do herói da história.

“Many of my movies have strong female leads—brave, self-sufficient girls that don't think twice about fighting for what they believe with all their heart. They'll need a friend, or a supporter, but never a saviour. Any woman is just as capable of being a hero as any man.”
— Hayao Miyazaki




Isao Takahata teve também um papel de destaque neste estúdio, apesar de nunca ter ilustrado um único filme. No entanto, realizou e produziu cinco dos mais icónicos filmes Ghibli. O trabalho de Takahata destacou-se, em semelhança com o de Miyazaki, por tratar temas que não se esperavam encontrar em filmes de animação, reposicionando o estilo cinematográfico num mercado mais abrangente que podia agora englobar espectadores de todas as idades. Estreou-se no Estúdio Ghibli com O Túmulo dos Pirilampos (1988), no qual trata temas dramáticos como o da guerra, que até à data nunca de associariam a um filme de animação. Posteriormente, ao realizar Memórias de Ontem (1991), apresentou um filme de animação que não se destinava aos mais jovens, mas sim a um público mais adulto. O seu último filme foi um dos mais premiados do estúdio, O Conto da Princesa Kaguya (2013), que alcançou um acabamento visual extraordinário, ao utilizar técnicas como o carvão, o pastel e aguarela para lhe conferir uma identidade visual de pura delicadeza e subtileza.

Uma característica particularmente fascinante que estes filmes trouxeram ao mundo do cinema japonês são as diferentes técnicas de ilustração presentes nas animações. Podemos encontrar diferentes técnicas na mesma cena, nomeadamente as personagens em pintura digital e o cenário em aguarela, que cria um contraste claro entre os elementos, ao mesmo tempo que enriquece visualmente toda a imagem.


O Estúdio Ghibli criou um mundo mágico, não só de filmes, mas também de ideais riquíssimos que continuam a fascinar gerações. Devolveu ao mundo do cinema a riqueza da beleza estética conseguida por processos manuais e da complexidade da natureza humana, que nunca poderá ser representada apenas de uma só forma. 

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