domingo, 24 de novembro de 2019

Her, de Spike Jonze


É um futuro próximo. Tão próximo que não temos como o negar. Vai ser impossível lutar contra isso. Nem sequer vamos tentar. Vamos lidar com issoE por mais estranho que pareça, vai ser com uma certa facilidade. Face it!





Her, é o pensamento de muitos nós. É o desvendar de um segredo comum. É um pedaço de filme da vida de cada um de nós. Este precisamente acompanha a vida de Theodore Twombly, um homem complexo, emotivo, que está ligado diretamente à escrita de cartas pessoais. A curiosidade passa pelo facto de Theodore ter o coração nas mãos, após o final de um relacionamento. Intrigado com um novo sistema operacional, tem o prazer de conhecer Samantha. A voz que precisava de ouvir. Uma voz feminina. Perspicaz. Sensível. Engraçada. Vai ser ela a fonte de necessidades que partilham os dois. A amizade. O amor. A paixão.




Spike Jonze, diretor e roteirista observa o personagem que criou com um olhar afetuoso, colocando-o também em conflitos afetivos, éticos e morais. O roteiro magnífico explora não só o amor, como o ciúme, o sentimento de posse, o sexo, a distância. Adaptado aos amores contemporâneos, fala-se de uma longa metragem com um clima fluído, imagens de pouco contraste, uma banda sonora agridoce, construindo assim, uma viagem linear, sem a necessidade de reviravoltas para despertar a atenção do espectador.

O drama Her funciona como uma ficção científica, no sentido em que faz uso de fantasmas humanos na tecnologia para questionar o presente e o futuro. O mais curioso deste filme, é que não só faz uso de pouco contraste, como tanto as cores como os figurinos, nos levam aos anos 60 e 70, enquanto os espaços não remetem para nenhuma cidade em específico. Mas remete-nos para um futuro. Um futuro do pretérito, um mundo anónimo, sem personalidade. Fruto da globalização.




O futuro imaginado por Jonze é individualista. Triste. Melancólico. Onde a tecnologia estabelece meios para encontrar o amor pela internet, desde as palavras mais simples, ao sexo virtual. Jonze não investe única e exclusivamente a um tradicional conflito entre a tecnologia e os humano. Investe sim, numa fusão entre estes dois mundos, em que é necessária a interação humana com o sistema virtual. 

Theodore namora com um sistema operacional. A sua vizinha Amy, constrói uma amizade com outro sistema operacional. Para os personagens, o virtual é visto como algo a alcançar. Como um modelo de perfeição. 

“O amor é uma forma de insanidade socialmente aceitável”, diz o personagem Amy.





O Personagem

Joaquin Phoenix faz de Theodore. Um homem inteligente, solitário, mas longe de ser um “loser” deprimente típicos de filmes independentes. Este personagem é, acima de tudo, um homem com quem todos se poderiam identificar. Já Samatha, o sistema operacional, é a voz de um personagem complexo criado apenas por uma tela de um smartphone. Scarlet Johansson permite a Samatha que a sua evolução se torne cada vez mais humana, concreta e até palpável, mas sem o sonho de se poder tornar real. 

Este filme é uma reflexão profunda sobre alguns aspetos que ligam os homens às máquinas. À projeção que fazemos dos nossos amores numa inviabilidade do meio virtual.

É nesta história que se cruza a exploração da natureza evolutiva. Os riscos. Os problemas. As soluções. A intimidade. O nosso mundo. É assim que os filhos dos nossos filhos vão crescer, porque a tecnologia não vai parar, e à velocidade que ela corre nos dias de hoje, tão rápido como a velocidade que o sangue corre nas nossas veias, vai ser esse o desfecho no nosso futuro. 



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