Lina Bo Bardi foi uma arquiteta itálo-brasileira nascida em Roma (1914) e falecida em São Paulo (1992). Sua obra é um dos pontos altos do modernismo. Para além dos projetos arquitetônicos, Lina também se dedicou ao design, crítica cultura, cenografia, curadoria e museologia.
Lina e seu esposo, o crítico de arte Pietro Maria Bardi, chegaram ao Brasil em 1946 fugindo de uma Itália destruída pela guerra. Já em 1951 Lina havia se naturalizado brasileira, no mesmo ano em que ficava pronta sua primeira obra no país, sua casa.
Um dos projetos mais importantes de Lina é o MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Comissionado por Chateaubriand, jornalista e magnata da comunicação social, em 1947, foi construído entre 1957 e 1968. Nele vemos uma síntese de muitas das preocupações teóricas e práticas de Bardi.
MASP, São Paulo. Vista a partir da Avenida Paulista.
Do lado de fora o aspecto mais evidente é a ausência. O vão de 74m de altura permite que a cidade adentre o espaço do museu e o ocupe de maneiras inusitadas. O vão do MASP é o ponto de concentração por excelência das passeatas em São Paulo. Dentro do museu os espaços de exposição privilegiam a amplitude e a não linearidade. O visitante e as obras são postas em contato próximo, sem mistificações e hierarquizações. O caráter unitário é reforçado com a implementação dos cavaletes expositivos*.
A vanguarda artística, sensibilidade e não elitismo* são marcas de Bo Bardi. Após sua estada na Bahia e o contato com o artesanato nordestino, Bardi parece ter desenvolvido ou sintetizado sua visão do papel do popular na obra artística.
Uma obra importantíssima é a Casa do Benin, um casarão colonial no Pelourinho, em Salvador, que abriga um museu com enorme acervo de arte africana e afro-brasileira. O Benin, antigo Reino do Daomé foi um dos maiores Estados escravistas e fornecedores de mão de obra escravizada para as Américas.
A vanguarda artística, sensibilidade e não elitismo* são marcas de Bo Bardi. Após sua estada na Bahia e o contato com o artesanato nordestino, Bardi parece ter desenvolvido ou sintetizado sua visão do papel do popular na obra artística.
Uma obra importantíssima é a Casa do Benin, um casarão colonial no Pelourinho, em Salvador, que abriga um museu com enorme acervo de arte africana e afro-brasileira. O Benin, antigo Reino do Daomé foi um dos maiores Estados escravistas e fornecedores de mão de obra escravizada para as Américas.
Casa do Benin, Salvador. Vista do interior.
Por fim, outra grande obra de Bo Bardi é o SESC Pompéia. Um centro de cultura e lazer na Zona Oeste de São Paulo, construído onde era uma antiga fábrica de pneus em uma zona tipicamente operária, o complexo todo convida à apropriação e invenção de novos usos. A incorporação da arte popular também está muito presente, de modo que a construção reflete o uso que a própria população foi dando ao espaço com o passar do tempo.
Sesc Pompéia, São Paulo. Vista do interior, foto: Marcus Lanz.
* É possível ver os cavaletes de Bo Bardi no Museu Calouste Gulbenkian na exposição "Art on Display · Formas de Expor 1949-1969", em exibição até 2 de março de 2020.
** Ainda que Bo Bardi não tenha explicitamente escrito uma defesa teórica de Arquitectura Povera ou Arte Povera, seu nome ganhou uma certa associação a uma vaga ideia relacionada a isto, o que não parece descabido e que nos remete à gastronomia italiana enquanto Cuccina Povera e nos faz perguntar, há lugar para um Disegno Povero?
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Referências
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