terça-feira, 12 de novembro de 2019

Cor & gênero


Cor & gênero


“Menino veste azul e menina veste rosa” diz Damares Alves, ministra brasileira da Mulher, Família e Direitos Humanos, em seu discurso de posse no início de 2019. A metáfora contra a diversidade de gênero gerou uma avalanche de críticas nas redes sociais e levantou a questão do surgimento desses signos. Quais as influências naturais e culturais da construção da relação gênero e cor?

The Blue Project – Kyungjin and His Blue Things, Gyeonggi-do, South Korea, 2017 © JeongMee Yoon


Azul em aspectos sensoriais é frio e distante. No frio nossos lábios e pontas dos dedos se tornam azulados e quanto mais ar há entre um objeto e seu observador mais azulado esse objeto se torna. Até mesmo o vermelho em grandes distâncias se torna azulado. E o vermelho é a cor natural do sangue, do fogo. Vermelho aquece, vermelho é a cor fisicamente mais forte aos olhos humanos.

Esses significados foram gerados a partir da natureza de cada cor. E em cima deles outras várias características foram sendo associadas. Como a tranquilidade e passividade que traz o distante azul. Então muito antes de azul ser cor de menino, azul era a cor das mulheres: idealmente tidas como serenas e plácidas. Azul era a cor de nomes femininos como Celina, Saphira, Bluette e jamais era utilizada em sobrenomes. Esses eram reservados para nomes fortes e másculos como Rot que em alemão significa vermelho. Até no Cristianismo, Maria era quase sempre pintada em trajes azuis e Jesus em vestes vermelhas para o espectador visualizar sua energia masculina.

Mas então porque rosa se tornou feminino e azul masculino? Bebês até a primeira guerra mundial eram vestidos em branco, pela facilidade de limpeza. Foi depois da guerra que varejistas no intuito de vender mais roupas criaram o conceito de separar azul claro para meninas e rosa para meninos (cores pastéis eram a moda da época). E apenas nos anos 40 com pesquisas de marketing se inverteu essa designação para atender a preferência do público alvo e os Baby Boomers se tornaram os primeiros a vestir meninas em rosa e meninos em azul.

The Pink Project – Jiwon and Her Pink Things, Gyeonggi-do, South Korea, 2008 © JeongMee Yoon



Referências:

HELLER, Eva. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. Barcelona: Garamond, 2012.

SMYTH, Diane. The Pink and Blue Projects by JeongMee Yoon. Disponível em: < https://reactor2016.blogspot.com/>. Acesso em: 12 nov. 2019.








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