domingo, 14 de janeiro de 2018

Anti-Christ – Uma imersão surreal

      No passado mês de Novembro decorreu o festival leffest. O leffest é um festival de cinema que tem como objectivo a comemoração da 7ª arte, disponibilizando uma programação cinematográfica de excelência.

No dia 18 de Novembro foi exibido o filme de Lars von Trier – Antichrist, no cinema Medeia Monumental. Nesta apresentação, o actor Willem Dafoe encontrava-se presente. Tivemos o privilégio de assistir a uma pequena sessão de apresentação do filme, onde foram colocadas questões ao actor.
     
O actor revelou que tinha um carinho especial por esta obra, devido ao facto de ser um filme provocante e revolucionário. Willem Dafoe confessou também que gostava sempre de se envolver em projectos que resultassem na discussão e questionamento da arte em si. O actor considerou esta experiência extremamente positiva, que conduziu a um crescimento pessoal e profissional.
     
Após esta pequena sessão de questões, procedemos à visualização do filme.

     
O filme Anti-Christ, que estreou em 2009, é organizado por capítulos. Encontra-se dividido por Prólogo, Capítulo Um, Capítulo Dois, Capítulo Três, Capítulo Quatro e Epílogo.

Esta obra, protagonizada por Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg começa por nos apresentar dois seguimentos de cenas distintos. Apresenta-nos um casal num acto de amor apaixonado, intercalado com cenas do seu filho. A criança é-nos apresentada enquanto sobe a janela de uma cozinha e cai da janela, acção que resulta na sua morte. A partir deste momento, o filme é desenvolvido em torno da forma como a mãe da criança lida com a morte da mesma, enquanto o pai tenta ajudar a mesma a ultrapassar esta perda.



Durante a visualização desta obra achei curioso, porque verifiquei que ao meu lado existia alguém que ingeria uma gelatina e do outro lado observei que estava presente uma pessoa notoriamente indisposta. Considero que estas duas pessoas acabaram por representar o impacto que este filme tem nos espectadores. No sentido que, ou é considerada uma obra de culto em que o simbolismo a ela inerente, a torna numa obra de grande peso e provoca ou existe uma aversão total perante a temática abordada e o cariz chocante e agressivo das imagens apresentadas.
Este filme tem um aspecto extremamente imersivo, que nos transporta para um ambiente simbólico e extremamente surreal. É a representação da reacção de duas pessoas ao luto, e a forma como tentam ultrapassar este período e compreender-se mútuamente.

O realizador Lars Von Trier admitiu que a criação deste filme resultou de um período menos agradável na sua vida. Revelou que se encontrava extremamente depressivo, e que esse facto se transpôs para uma representação visualmente agressiva e chocante.


Considero que o Anti-christ foi uma excelente inclusão no programa do Leffest, visto que é uma obra de extrema relevância a nível cinematográfico. É um filme que redefiniu os limites cinematográficos e gerou discussão, que de certa forma alterou a forma de representar e pensar o cinema.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Cisne Negro (2010)


Nina Sayers (interpretada por Natalie Portman) trabalhou arduamente durante anos numa companhia de ballet em Nova York, sempre dando o seu melhor. A companhia estava a perder o interesse do público e o director Thomas Leroy (Vicent Cassel) toma a decisão de fazer uma nova versão do clássico Lago dos Cisnes. Com a reforma da dançarina principal, Nina é rapidamente escolhida para estrelar como Rainha dos Cisnes. No entanto, nova competição, Lily (Mila Kunis) chega à companhia e o desejo exigente por perfeição de Thomas e da sua mãe controladora Erica (Barbara Hershey) cresce, fazendo com que Nina começe uma jornada num território escuro e inexplorado da sua vida.


Cisne Negro é uma experiência fascinante do início ao fim. Aronofsky usou o que aprendeu com seus filmes passados de temáticas perturbadoras e criou uma obra de arte em que o espectador simplesmente não consegue tirar os olhos da tela. O filme flutua entre ser emotivo e ao mesmo tempo arrepiante. Embora os elementos de horror começem a assumir mais proeminência na segunda parte (especialmente com os elementos gore do corpo de Nina), o filme nunca deixa umas das partes destacar-se em relação à outra, conseguindo manter o balanço entre a sensação de desconforto e escuridão durante todo o filme.

Os visuais e a edição são o impulso que ajuda a tornar o filme tão fantástico. O contraste entre brancos e pretos frequentemente dão pistas óbvias do bem e do mal, da inocência e da escuridão (cisne branco e cisne negro). No entanto Aronofsky gosta de sugestões ambíguas, mudando as cores de acordo com cada personagem, dependendo da cena e do momento. Adiciona também momentos de reflexão atráves de espelhos, onde podemo-nos colocar no lugar de Nina, sempre questionando o que nos é mostrado e o que irá acontecer.


Portman encorpora de maneira intensa e bela o papel de Nina. No momento inicial o espectador vê a personagem inocente e sexualmente reprimida que faz de tudo para agradar a sua mãe mas ao longo do filme percebemos que ela está cada vez mais perto da independência e da vida adulta.

O resto do elenco só ajuda a complementar o desempenho extraordinário de Portman. Mila Kunis oferece um nível de profundidade fantástico, controlando a tela com cada nova cena. Se alguém esteve quase perto de igualar a performance de Portman, seria Winona Ryder. Apesar de aparecer apenas por alguns minutos, demonstra um incrivel desempenho em seu papel como a antiga bailarina principal Beth. 


Cisne Negro é um filme fantástico, do início ao ao fim, e dificilmente sairá da memoria de quem o vir.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Lord of the Flies – Representação de valores


A obra Lord of the Flies é baseada no livro com o mesmo título, de William Golding.
Este filme, realizado por Peter brook, pertenceu à selecção apresentada no festival de cinema Leffest. O Leffest é um festival de cinema que decorreu no passado mês de Novembro e reúne uma colectânea de obras cinematográficas de excelência. No dia 22 de Novembro o filme Lord of the Flies foi apresentado no cinema Medeia Monumental. 


Este filme apresenta-nos um grupo de estudantes, entre os 9 e os 15 anos que no processo de serem extraídos de Inglaterra, sofrem um desastre de avião e despenham-se numa ilha deserta. As crianças pertenciam a uma academia militar, o que conduziu a que fosse criada alguma organização entre elas. É então que elegem alguém responsável que lidere o grupo e divida as tarefas entre todos. No início esta decisão agrada a todos, e conseguem trabalhar e sobreviver em uníssono. No entanto, um dos rapazes não concorda com as regras estabelecidas e decide abandonar o grupo. Visto que para esta personagem o mais importante é a caça e aceder à sua vontade primitiva, acaba por convencer o grupo de crianças a juntar-se a ela, o que causa o caos.


Nesta obra, conseguimos verificar um simbolismo inerentemente presente. Existem dois líderes que representam a dualidade e conflito interno do ser Humano. Por um lado, a racionalização e lógica, por outro lado, o instinto primário de sobrevivência, as vontades e desejos. Neste filme cada personagem acaba por representar um conceito relacionado com a natureza humana e existe uma representação das várias facetas da humanidade.



Esta obra envolve o espectador não só pela montagem visual minuciosa como pela vertente sonora. Considerei a montagem inicial extremamente bem conseguida, pela sua simplicidade e clareza, facto que acabou por revelar toda a ambiência e tom do filme.

O Lord of the flies é um filme que representa de uma forma crua e agressiva a natureza humana e tem um elevado cariz simbólico. Esta obra levanta questões relacionadas com o peso dos valores Humanos para cada indivíduo e os extremos a que o ser Humano consegue chegar em prole da sua sobrevivência.


O facto do filme ter sido exibido numa sala mais diminuta, resultou numa maior involvência no ambiente estabelecido. Considero uma mais valia ter sido incluído no programa do festival, visto que é uma obra de culto que levanta questões relevantes a nível da natureza Humana.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

À Escuta, de Jean-Luc Nancy





No seu livro À Escuta, o filósofo francês Jean-Luc Nancy propõe estabelecer uma relação entre o som e o corpo, questionando o papel de primazia do olho e do visível na filosofia em detrimento do ouvido e do sonoro. Ele tenta ainda abordar a questão da impossibilidade da cessação da audição, já que o ouvido é “um olho sem pálpebra”.
Escutar é prestar ouvidos, dentro do termo cabem tanto uma inclinação atenta para um sentido (de uma mensagem, de um dito), a abertura da percepção pelo sentir do ouvido (também para um além-sentido e um dizer), e uma tomada de consciência da penetração feita por parte do sonoro, do próprio som, e do que traz consigo. 
Começando por questionar o privilégio da teorização do regime do sentido visual, da parte da filosofia, nas suas várias disciplinas (estética, e o surgimento da fenomenologia) —e poderíamos também dizer, da parte da teoria da arte propriamente dita, em que é dada primazia à relação entre espectador e imagem—, em detrimento dos demais sentidos sensíveis, temos o exemplo de Jean-Luc Nancy e do texto que dedica à escuta, ao som e ao sentido, e ao sujeito ressoante. Enquanto que entre a visada e a contemplação do filósofo não parece existir uma fissura ou fenda, sendo estreita a relação entre espectáculo e especulação, entre o visual e o conceptual, ela parece contrariamente existir entre este último e o sonoro, entre escuta e entendimento. A primeira dupla mantém uma relação isomórfica entre si, enquanto que o som não depende da forma, mas ultrapassa-a, na sua expansão e espessura. 
“O visual persiste mesmo no seu desvanecimento, o sonoro aparece e desvanece-se mesmo na sua permanência”, também na presença os dois regimes se distinguem, a visada é já presente enquanto que o sonoro é “em presença de si mesmo”. 
Nancy descreve então uma estrutura, “o espaço de um reenvio” que partilham o som e o sentido, e que define de seguida como um si: “Um si não é senão uma forma ou uma função de reenvio: um si é feito de uma relação si, de uma presença si (...)”. Este espaço é o espaço de um sujeito, no seu “sentir-se-sentir”, e necessariamente de um sujeito ressoante, pois é este que reenvia a si e em si mesmo, pela escuta que é um acesso a si, enquanto que o sujeito “já-sempre dado” do olhar/visada se reenvia a si como objecto, por se manter posicionado no seu ponto de vista, perdendo as restantes perspectivas, tornando-se cego a elas. O sujeito ressoante é “espaçamento intensivo de um ressalto que não se consuma em nenhum retorno a si sem imediatamente relançar em eco um apelo a este mesmo si”.
Assim como o sentido [sens sensé] reenvia pela sua diferença, “a diferença do sentido é a sua condição, quer dizer, a condição da sua ressonância”, como o “sentir-se” é a condição e propriedade do sujeito. O reenvio do som é o seu próprio ressoar, abrindo o seu próprio espaço, “ o próprio espaçamento da sua ressonância, a sua dilatação e a sua reverberação”, o “presente do sonoro é de imediato o facto” desse espaço “omni-dimensional e transversal a todos os espaços”, pela sua propriedade omnipresente e penetrante. O som penetra os obstáculos ao mesmo tempo que se ricocheta neles, penetra ao mesmo tempo que retorna a si. 
A escuta é a abertura para esta ordem do sonoro, a realidade de um “acesso de si” do sujeito ressoante, não haverá escuta sem esse sujeito, que escuta e se escuta, e ao escutar entra para esse espaço de tensão da relação a si, dessa própria relação em si; escuta num ir-e- partir, num passar, dilatando-se penetrando e deixando-se penetrar. Os seus “ouvidos não têm pálpebras”, mas ele escuta também com todo o seu corpo, feito agora caixa de ressonância. O sujeito ressoante é também a possibilidade da sua emissão sonora, pelo seu próprio apelo ao lançar para fora a sua voz, porem sendo penetrado também por ela no seu dentro, e ao lançá-la, lança-a em todas as direcções, lança-a de todo o seu corpo, como se ela se fizesse a pele que cobre o tímpano que se toca, e que vibra em si, para o seu interior e para o seu exterior, ao mesmo tempo e de uma só vez. 

Memento, de Christopher Nolan (2000)

film noir de Christopher Nolan, baseado no conto do irmão Jonathan Nolan, publicado posteriormente na Esquire Magazine, deve o impacto que teve na cultura cinematográfica à sua estrutura narrativa, incomum nos filmes do seu género, de cujos típicos elementos mantém a figura central do detective que tenta solucionar um crime que lhe é próximo. As personagens intervenientes não deixam de ser apresentadas como ambíguas, instalando um carácter de dúvida perante as suas acções, da parte do espectador que acompanha os relatos na primeira pessoa do protagonista investigador. 
Também o tema da memória é recorrente no género, ainda que no caso de Memento o protagonista Leonard Shelby não sofra de uma amnésia comum, que o impediria de relembrar-se da sua vida anterior a um hipotético acidente, ou incidente, mas sofra da impossibilidade de criação de novas memórias posteriormente a esse acontecimento. Perante um sujeito incapaz de sentir a passagem do tempo, tida como a condição fundamental para o processamento do luto da sua esposa assassinada, e incapaz de gravar na memória o seu novo passado que vai construindo a cada vez que volta ao esquecimento, o realizador apresenta-nos uma narrativa estruturalmente dividida entre duas sequências, também estas subdivididas e fragmentadas para que se assemelhem a uma série de flashbacks, ou retalhos de memória. Há uma clara demarcação entre o enredo cronológico da acção e a sua narrativa. 
Na cena de abertura já se faz entrever uma parte essencial da sua estrutura, e é introduzido à partida um importante elemento que tanto serve de auxiliar à condição específica do protagonista, do tema da memória, como de elemento simbólico de outras questões do filme relacionadas com a dúvida gerada pelo potencial falseamento da memória ou a sua intrínseca falta de fiabilidade. A Polaroid introduz o problema do fotográfico como auxiliar de memória. Podemos ver como a cena de abertura mostra a polaroid no processo de auto-revelação de forma invertida, ecoando a condição de Lenny, e continua para nos mostrar a acção final do enredo, de trás para a frente, ecoando por sua ver uma das partes estruturais da narrativa. 
De forma resumida, o filme começa pelo início mas também pelo fim do enredo, sendo que o início é mostrado a preto e branco do sentido cronológico e o final é mostrado anacronicamente, no sentido contrário, a cor, em cenas alternadas. Estrutura escolhida para provocar no espectador os mesmos sentimentos de confusão e dúvida do protagonista, aproximando-o da condição deste, relatando os acontecimentos na primeira pessoa e disponibilizando a mesma informação para ambos. Nas cenas a preto e branco, do que seria a sequência ordenada cronologicamente, podemos considerar um carácter mais documental, próximo da entrevista, para conferir um determinado grau de objectividade ao relato subjectivo do sujeito, enquanto que às cenas a cores da sequência invertida fragmentada é-lhes conferido um carácter completamente subjectivo. Porém, à medida que ambos os extremos avançam na narrativa para o arco medial do enredo, estas características vão-se contaminando entre “sequências”, acabando convergir com a passagem do preto e branco para a cor na cena final, passagem feita inclusivamente numa polaroid. No entanto, ao longo do filme, nunca nos é dado uma visão completamente objectiva do universo do enredo, sendo que o conteúdo objectivo está sempre dependente da subjectividade do narrador. O espectador é colocado na mesma posição que o protagonista narrador, consciente de que a sua busca por uma verdade está tão dependente quanto possível das suas crenças e escolhas, sobre no que depositar a sua confiança. 
Ao longo do filme o narrador explica como a memória é falível, assume a possibilidade de tentativas de manipulação por parte de terceiros, e ainda que “a câmara não mente”. No entanto percebemos que a possibilidade daquele manipular-se a si próprio acaba por se concretizar, com auxilio ainda da câmara que não mente, introduzindo no seu sistema, até ali fiável, de apontamentos, fotografias e tatuagens que faz substituir a sua memória, a derradeira dúvida para o espectador que, ao contrário do protagonista, continuará a recordar-se de todas as suas acções. Que todo o material tido como certo e verdadeira está disponível para ser adulterado, sejam memórias, relatos escritos ou imagens fotográficas, parecendo ser a principal problemática do filme a questão de como seria possível viver com tal conhecimento.



La Jetée (1963) - Chris Marker


Poucos curtametragens possuem uma vida tão longa quanto o clássico de ficção científica de Chris Marker, La Jetée (1963). Simplesmente sobrevivendo e acumulando seguidores cults ao decorrer dos anos o filme de 28 minutos atinge  um grande feito apesar de ser considerado um desafio para a maioria dos espectadores. A história do filme é narrada em uma montagem de fotografias, não possui atores renomados, não possui diálogo e muito menos um final feliz. Ainda assim La Jetée é um daqueles filmes que atraem a atenção do espectador desde o princípio.

O filme conta a história de um garoto que testemunha uma morte no aeroporto. Pouco tempo depois toda a civilização é destruída pela Terceira Guerra Mundial. Jean Négroni, narrador do filme nos conta: “ Acima de nós, Paris, como quase o mundo todo, está inabitável pela radioatividade. Os vencedores montam guarda sobre um reino de ratos.” O garoto se torna um homem neste ninho de ratos e cientistas o usam em experiências sobre viagem no tempo. Assim, ele retorna no tempo e conhece uma mulher pela qual se apaixona e no entanto os cientistas o enviam em direção ao futuro onde ele encontra outro grupo de cientistas que concedem a ele os meios para reparar o mundo.



 Quando retorna ao seu tempo os que comandam o reino dos ratos não oferecem a ele nenhuma recompensa, pelo contrário, eles pretendem matá-lo. Cientistas do futuro oferecem salvá-lo oferecendo a ele um lugar no futuro mas ele deseja ser enviado de volta ao passado junto da mulher que ama. Ele retorna, encontra seu amor e conforme corre em direção à ela ele avista um dos cientistas que o submeteram às experiências. Ele é atingido por um tiro e surge a voz do narrador: “Quando ele reconheceu um dos homens, percebeu que não havia escapatória do tempo e naquele momento, foi concedido a ele que pudesse enxergar como uma criança o momento de sua própria morte”.
  
Chris Marker talvez seja uma das figuras menos conhecidas do cinema New Wave francês. Na realidade o cineasta não produzia filmes de ficção, sua especialidade era documentários e filmes ensaio de forte cunho político. La Jetée é um filme que não possui semelhanças com outros trabalhos do cineasta e isso ressalta o caráter cult da obra já que é o trabalho mais conhecido de um diretor que costuma fazer outros tipos de filme. Ainda assim, a consciência política do diretor é facilmente perceptível também em La Jetée. Marker propõe um mundo controlado pela ciência e pelo fascismo. O personagem principal, conhecido apenas como “O homem” e representado nas fotografias por Davos Hanich, tenta escapar do confinamento opressivo do mundo. Ele não encontra conforto no futuro distópico e deseja apenas voltar ao passado. No entanto acaba por descobrir que nunca temos o devido entendimento das coisas em seu tempo e que por mais que tente, ninguém consegue escapar das condições de seu próprio tempo, do aqui e agora, e esta acaba por ser a principal mensagem do diretor à seus espectadores.