Fórum Cultural do Seixal, 27 de abril de 2025 às 17h
Duração: 1h30
Produção: Instável –
Centro Coreográfico
Conceito, Direção e Coreografia:
Helder Seabra
Interpretação: Afonso
Cunha, Dinis Duarte, Joana Couto, Mário Araújo, Lea Siebrecht, Pedro Matias e
Sara Santervás
Cenografia: Israel Pimenta
Em comemoração do Dia
Mundial da Dança, surge “Lowlands”, uma performance de dança realizada no Porto
e no Seixal que promete mexer com o público e com a sua perspetiva sobre a
mente humana.
Mesmo antes de entrar
para levantar os bilhetes, na porta de entrada, existe um aviso sobre luzes
fotossensíveis e sobre não ser permitido captar qualquer tipo de registo visual,
suscitando curiosidade e expectativa sobre o que se está prestes a assistir. Apesar
da lotação do Auditório Municipal não ter esgotado a sua capacidade máxima de
345 pessoas, a pequena sala de espera antes da entrada do auditório estava lotada,
sem grande espaço para movimento, sendo a principal razão da aglomeração a
escolha dos lugares, feita por ordem de chegada.
Esta performance tem como
tema a comparação da mente humana com um iceberg, por apenas conhecermos uma
pequena parte dela, sendo então apresentado o espetáculo como uma representação
dessa secção oculta da nossa mente, e dos sentimentos e emoções que por lá
circulam.
Assim que se entra no Auditório
o que salta à vista é um andaime que ocupa praticamente todo o fundo do palco e,
no seu topo estava um dos intérpretes, com o papel de narrador, e com uma mesa
de mistura à sua frente, dando a entender que é ele quem vai controlar o som do
espetáculo.
A peça inicia com três dos intérpretes a criar o efeito de ondas do mar, debaixo do que parecia uma lona a tapar os corpos em movimento, e outros três por cima do efeito de ondas como se estivessem a lutar contra a força do mar. Apesar de serem poucos os momentos em que o sétimo intérprete com papel de narrador fala, este segmento inicial é acompanhado por um discurso em inglês declamado por ele, o único elemento que se expressava exclusivamente através de palavras, sendo a comunicação desta performance de dança contemporânea feita maioritariamente através da expressão corporal, da música e dos sons por eles produzidos. Os performers começam a peça com poucas peças de roupa de cor bege e, com o decorrer da mesma, estes começam a vestir peças de roupa de cores progressivamente mais vibrantes, chamado à atenção do público para tentar perceber o que estas representam. Sem muitas explicações sobre o porquê das mudanças de roupa, apenas se adicionou um novo estímulo visual entre tantos outros, aumentando a curiosidade sobre o significado de todos os elementos presentes no espetáculo.
Existem algumas paragens onde cada um dos intérpretes parece ter o seu protagonismo, onde são ditas expressões repetidamente como “Lembras-te de mim?” ou “És feliz?”, que são acentuados de acordo com o ritmo da música, como anteriormente referido, assim como aumentam a música e os movimentos, os artistas aumentam também a voz e a entoação. Em algumas dessas paragens, existem elementos como fogo ou uma bebida vermelha misturada por um dos protagonistas e oferecida como um soro libertador da mente, que os restantes resistem a ingerir.
A representação nesta
performance procura explorar os limites da condição humana através da mescla de
temas muitas vezes considerados tabu como a sexualidade, a religião, a psicose
e o consumo de drogas, todas abordadas tanto isoladamente, como enquanto junções
do todo que é o ser humano.
A peça terminou de forma
algo abrupta ligeiramente antes do tempo previsto, não parecendo um fim
propriamente dito, apenas mais uma das paragens sentidas durante a peça após
cada mudança de ritmo natural que foram acontecendo durante a mesma. Esta
paragem repentina dá uma sensação de dúvidas acerca do objetivo e do
significado da peça e inquietude por deixar a pensar se esta realmente acabou e
qual a sua finalidade.