“This is a book about beauty.
And about my love for my friends.”
The Other Side, livro homónimo ao bar que Nan e os amigos frequentam na sua juventude é um exercício de memória. Este foto livro guarda registos de duas décadas da vida da artista e dos seus amigos, transparecendo a admiração e amor que Nan tem por eles. Fotografar para Nan é um ato de amor para com quem se deixa fotografar, é uma homenagem às pessoas mais bonitas que conhece, a sua forma de lhes mostrar a força e beleza que vê neles, (“My desire is to preserve the sense of people lives, to endow them with the strength and beauty I see in them.”).
Nas suas fotografias vemos Nan e os amigos a rir, chorar, discutir, em festas, casamentos, funerais, acompanhamos o seu dia a dia, os seus rituais, atos de grande intimidade. Todas as suas fotografias mostram proximidade e intimidade e o objeto livro guarda essa intimidade entre as suas páginas. As pessoas aparecem despidas perante a câmara não só fisicamente, como emocionalmente. Vemos estas pessoas, os seus amigos, fotografados de tal maneira incessante que se tornam reconhecíveis para nós.
E, se toda a sua obra é um diário visual do que é estar vivo e da dor que vem com isso, The Other Side, em especial, é um diário da amizade, da beleza, do amor, da vida e da morte.
Jimmy Paulette and Tabboo in the bathroom (1991) |
Cookie and Millie in the Girl’s bathroom at the Mud Club (1979) |
Ao longo dos anos em que fotografou os seus amigos, Goldin viu muitas das suas vidas serem tiradas pelo vírus da SIDA. A intensa manifestação da liberdade sexual trouxe consigo não só a felicidade dos que a experimentaram, mas também muitos sentimentos de dor e de perda.
Cookie Muller, uma das figuras mais fotografadas por Nan Goldin, aparece nas suas fotografias em diversas situações, em bares, com amigos, com o seu namorado Sharon, com o seu filho Max, acompanhando-a até à sua decadência, devido à doença, e até à sua morte, quando é fotografada no caixão.
Cookie and Vittorio’s Wedding (1986) |
Cookie at Vittorio’s Casket (1989) |
Cookie in her Casket (1989) |
Fotografar revelou-se assim, para Nan, um ato de resistência, uma tentativa de vencer a morte através do documento, do registo fotográfico.
Mas,
“I used to think that I could never lose anyone if I photographed them enough. In fact, my pictures show me how much I’ve lost.” (Goldin, Couples and Loneliness , 1999)
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