É possível aplicar a técnica do letterpress a uma técnica contemporânea? Isto é, associá-la a um meio que consiga fazer múltiplos de reprodução precisos e sem grandes margens de erro?
Os primeiros tipos metálicos foram habilidosamente fabricados, peça por peça, por Gutenberg, mestre da tipografia, em 1450. Procurando democratizar a escrita e transformando-a numa produção em série, criou vários tipos com caracteres feitos em metal, para que peça por peça se pudessem construir palavras, frases, e posteriormente textos inteiros. Hoje em dia assistimos a uma tentativa de recuperação desta técnica e maquinaria, precisamente porque os resultados falam por si só.
fig.1. Caracteres Tipográficos. |
Alan Kitching é uma lenda viva do letterpress. Dedica-se há mais de 50 anos a esta arte e é o grande mestre da impressão “DIY - Do it Yourself ” porque confecciona todas as peças que produz.
fig.2. For the new Alan Bennett play Allelujah! at the Bridge Theatre, London, Alan Kitching. |
O conceito “Do it Yourself” está muito presente na contemporaneidade. Talvez devêssemos apropriar-nos de uma técnica contemporânea que consiga projetar caracteres tipográficos.
Imaginemos que uma impressora 3D consegue reproduzir caracteres móveis? Trocaríamos a textura da Madeira pela do filamento, acabaríamos por reutilizar uma técnica antiga que não deixa de ter na sua essência um processo cuidadoso e também minucioso.
Este processo consistia em criar fontes projetadas especialmente para impressão em 3D, e consequentemente utilizá-las com a técnica do letterpress com o intuito de esta não “cair no esquecimento” e dar oportunidade, por exemplo, a alunos de áreas ligadas ao design de aprenderem como se fazia tipografia antigamente, porque a tipografia é uma área muito importante do design gráfico e não pode, de modo algum, ser “descartada”.
Recentemente, o “New North Studio” juntou-se com outro estúdio de design - “A2/SW/HK”, para criar uma versão contemporânea de impressão tipográfica. Numa tentativa de recuperar a mais fabulosa e antiga técnica tipográfica, criaram assim uma nova fonte projetada especialmente para impressão em 3D. É um conceito relativamente recente e com uma visão de expansão muito favorável.
fig.2. Letterpress font alphabet designed by A2-TYPE, 3D printed by Chalk Studios Commissioned by Nem North press |
fig.3. Letterpress font alphabet designed by A2-TYPE, 3D printed by Chalk Studios Commissioned by Nem North press
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fig.5. Capa do romance On Such a Full Sea de Chang-rae Lee, desenvolvida por Riverhead Publishing. |
Esta capa transmite a ideia de um livro como um objeto artístico. O uso de impressão 3D em tipografia pode ajudar a desenvolver um suporte mais próprio e com mais identidade.
fig. 6. “Arkitypo” - Estúdio de design Johnson Banks. |
O estúdio de design britânico Johnson Banks inspirou-se em tipografia antiga para criar um objeto artístico de design. Esta coleção consiste em impressões 3D em que cada letra provém de uma fonte diferente. Desta forma, a impressão 3D passa a ser uma forma de utilizar a tipografia sob um novo formato.
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