Também
denominada por Inicial, palavra que deriva do latim initialis, initium.
E de acordo com João Alves Dias esta define-a como «maiúscula por vezes
empregue no início de um capítulo, ou até mesmo de períodos, em corpo superior
ao usado no texto. Quando ornamentada e de grandes dimensões chama-se capitular”
(1994). Por isso, uma inicial/capitular
poderá ter o tamanho de várias linhas do corpo de texto e como acontece em
alguns documentos medievais, ocupar uma página inteira.
Existem dois momentos cruciais na
história das capitulares: a primeira na época da pré-impressão: manuscritos
e no pós-impressão: livro impresso. Com a transição dos «rolos» para os «livros»,
através dos códices, em que se inicia pela primeira vez, no contexto ocidental,
uma estrutura gráfica coerente e facilmente abrangível, que ditou o caminho
para a ornamentação e neste caso em específico à introdução da capitular. Desenvolvido
nos finais do século VII, a partir dos manuscritos, e por isso uma das formas
de decoração mais antiga, antecedendo desde logo à iluminura. Inicialmente
caracterizavam-se por formas mais simples, não decoradas e maioritariamente monocromáticas,
como maiúsculas romanas como inicial e texto do corpo escrita a minúscula
carolina. Acabam por aparecer mais tarde iniciais que começam uma
nova linguagem visual, um arquétipo comum, as primeiras capitulares
decoradas, explorando temas geométricos, fitomórficos, zoomórficos e figuras grotescas.
Nasce no século VIII, a capitular figurativa, que se destaca pelo uso da
figura humana e do animal como elemento ornamental, no entanto este estilo só ganhará
importância mais tarde, a partir do século XI, com a introdução da narrativa na
sua composição, como por exemplo: eventos religiosos etc…
Quatro Evangelhos, escrita em Itália com letras iniciais e decorada com uma inicial muito simples. Século VI. |
Lindisfarne Gospels, um manuscrito do século VIII |
Com a introdução dos tipos móveis de
Johannes Guttenberg em 1450, no mundo ocidental, uma enorme revolução para a
história do livro, havendo uma mudança do paradigma da sua produção. Para além
dos caracteres que compõem o texto, a composição gráfica ornamental é
naturalmente «transferida» para este contexto mais tarde, pois inicialmente a
etapa dos incunábulos, as capitulares ornamentadas
ainda seriam colocadas manualmente, não fugindo às temáticas supramencionadas,
e o mesmo veio-se a verificar nos séculos seguintes, como por exemplo, quando
José Gonçalves se refere a algumas capitulares decoradas de século XVII «baseado
numa decoração em que motivos vegetalistas, zoomórficos e antropomórficos se
combinam para desenhar as letras» (2010).
Iluminura de manuscrito. |
Capitular "S" - Imprensa de Luís Rodriges. 1604 |
Durante o século XIX e inícios do século XX o uso da capitular
decorada manteve-se bastante em voga. Porém, ao longo do último século, acabou
por perder relevância na identidade gráfica do editorial. Mais recentemente, movimentos
afirmativos de revivalismo no design gráfico vem buscar e despertar o
imaginário colectivo destes elementos ornamentais, trazendo-as para o mundo tecnológico,
estando cada vez mais voga e não confinado apenas a magazines.
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