quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Olimpia Zagnoli


Olimpia Zagnoli é uma ilustradora italiana que tem em seu portfolio trabalhos para The New Yorker, Taschen, Google, Vanity Fair, The New York Times, The Guardian, Fendi e outras várias empresas importantes.


Suas ilustrações coloridas e geométricas são fruto de uma construção de repertório consciente. Zagnoli busca inspiração em suas origens italianas. Primeiro no seu cotidiano de infância no norte da Itália, onde cenários planos e os horizontes chapados que via ao andar horas de trem inspiraram sua atual paixão por listras. E nos grandes artistas e designers italianos. São os principais deles Fortunato Depero e Bruno Munari. É possível ver isso por exemplo por meio da utilização da cor preta sólida junto a cores vibrantes como o rosa que é característico no futurismo de Depero (em cima) e entra de forma alegre e despretenciosa nos trabalhos da ilustradora (em baixo).






Mas Olimpia também tem uma visão muito autêntica sobre os signos e mensagens que desenvolve. Fruto de seu tempo ela utiliza seus grafismos de forma política e representativa pensando em historias que não as suas para criar composições inclusivas. Uma de suas primeiras peças de destaque foi para o The New York Times. O tema era Nova Yorke e Olivia ilustrou com suas cores vibrantes e lúdicas de costume, a diferença foi tornar negro o tom de pele da personagem que tinha cabelos laranja.



Outro caso que marca sua responsabilidade com a narrativa de suas ilustrações é o trabalho que fez para marca de massas Barilla. Essa marca alguns anos antes foi criticada por ter se recusado a trabalhar com casais que chamaram de "fora do tradicional padrão italiano", as propagandas apenas mostravam casais heterossexuais. Então Olimpia em um ato de rebeldia ao ser convidada para ilustrar as embalagens de macarrão escolheu representar um casal homoafetivo de mulheres para contradizer a própria marca. A embalagem acabou sendo aceita pela direção de arte, mostrando que as críticas anteriores causaram algum efeito no posicionamento da Barilla.



Em entrevistas a italiana ressalta para jovens ilustradores a importância da construção de uma identidade autoral por meio do autoconhecimento, das buscas por repertório condizente com vossa origem. E mediante essa construção gráfica autoral, a percepção de que existe uma responsabilidade do ilustrador ao narrar histórias. Qual é a vossa história? Qual história está sendo narrada na ilustração? Ela é inclusiva? Qual é vossa voz dentro da ilustração? São perguntas fundamentais ao trabalhar com ilustração.





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