“Viagem até casa”, um filme rodado em 2010, fala sobre as ligações na cidade do Porto (Zona Ribeirinha, Miragaia, São Nicolau, Sé), usando o rio como memória de heranças e Aniki Bóbó como meio de inspiração. É um filme que remete as três gerações (criança + adulto + idosos), de modo a que a realizadora, Bárbara Veiga, pudesse obter diversos testemunhos, de diversas idades, perante o filme de Manoel De Oliveira, mas também as memórias perdidas e criadas na cidade que viu o realizador a crescer.
A intenção de Bárbara, com
a concretização do seu documentário não ficcional, tinha como objetivo pegar
num filme português, realizado na bela cidade do Porto, Aniki Bóbó, de
Manoel De Oliveira, e criar um documentário de onde pudesse extrair as
raízes e origens, os sítios e os locais, e também as personagens, do filme que
usou como inspiração.
Aniki Bóbó, de Manoel De Oliveira, um filme de 1942, é uma longa-metragem que conta as aventuras e os amores das crianças de uma classe social baixa do Porto, em que mostra a história de três crianças. Teresinha, a adorada por todos, Eduardo, o tímido e o sossegado, e Carlitos, o audacioso e atrevido. Neste filme, Manoel De Oliveira utiliza as crianças como modo de demostrar os conflitos de interesse entre as classes sociais que o filme apresenta, no entanto, a nível critico, é considerado um filme percursor do neorrealismo italiano.
Bárbara Veiga, produziu e
concretizou o documentário, desde a pesquisa necessária até ao lançamento do
filme, durante vários anos, começando então a sua pesquisa durante o seu último
ano de licenciatura (por volta de 1 ano para pesquisa), realizando um ensaio
teórico no ano seguinte, e, por fim, mais um ano para a captação das imagens
que pretendia e 7 meses para a montagem da sua curta-metragem.
Bárbara, uma pessoa muito
ligada ao rio e aos barcos, produziu algo que cativou o público pela essência
do documentário não ficcional, através das memórias e entrevistas que realizou
a diversas pessoas, nomeadamente à personagem Teresinha (Fernanda Matos), aos
familiares da personagem Eduardo e Carlitos, mas também a outras tantas pessoas
que ia falando na rua.
Após o lançamento do tão
esperado documentário não ficcional, Bárbara Veiga ficou conhecida e elevou o
seu projeto a fim de o conseguir demonstrar em diversos locais, mas também países.
Como não tinha noção do impacto que iria causar, a produtora não tinha nada
criado (legendas, teaser, entre outras coisas) para além de um flyer, de
apresentação do filme, e do filme em si. Após o reconhecimento merecido,
Bárbara adaptou o seu filme às condições a que ficou sujeita (legendas, teaser,
etc).
A realizadora/produtora
revelou algo importante para a cultura cinematográfica portuguesa, em que com
os poucos materiais que encontrou, concretizou algo reconfortante para o povo
português e uma memória mais vivida sobre Manoel De Oliveira e a sua primeira
longa metragem.
“Viagem até casa”, de Bárbara Veiga, 2011
https://www.imdb.com/title/tt6770102/
"Aniki-Bóbó", de Manoel de Oliveira, 1942
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