terça-feira, 29 de abril de 2025

Spiral Tribe Exhibition de Mark Angelo Harrison - ADAO Associação Cultural, Barreiro.

 

Spiral Tribe Exhibition esteve presente na ADAO Associação Cultural sem fins lucrativos localizada no Barreiro de 22 de março a 29 de março. Esta exposição foi uma exposição de fotografia montada num local que não foi pensado para uma iniciativa como esta, sendo assim o espaço onde esta ocorreu improvisado.

A inauguração começou com um discurso de Mark Angelo Harrison, cofundador do coletivo Spiral Tribe, que se estendeu para a apresentação da exposição e relação da mesma com o livro A Darker Electricity: The Origins of Spiral Tribe Soundsystem, escrito pelo próprio, num processo que demorou oito anos. Sendo um ambiente que é frequentado por pessoas que conhecem bem a música eletrónica e o conceito de Free Party não existiu uma explicação aprofundada sobre os temas, em vez disso foi esclarecido em que momento foram capturadas as fotografias. Ao longo da conversa com o cofundador foi fácil de entender que a exposição não foi sobre o processo visual das fotografias tiradas, mas, acima de tudo, sobre a sua história.

As fotografias podem ser desconfortáveis para quem não tem conhecimento destas festas ditas ilegais, mas percebesse que é reconfortante para o grupo de pessoas que se revê nestes movimentos.

Nenhuma das fotografias tinha identificação ou o nome do autor, pois nunca foram capturadas com o intuito de serem expostas, mas sim, com a intenção de criar registos e memória daquilo que foram construindo. Estas fotografias foram recolhidas ao longo dos anos 90 até inícios dos anos 2000, primeiros anos em que o coletivo atuou, com origem no Reino Unido e mais tarde difundindo eventos pela Europa.

As imagens espelham perfeitamente a influência do grupo na cultura da música eletrônica e ainda o movimento anticapitalista, mal visto por muitos, tendo em conta que o estilo de música Acid House era considerado ilegal por ser novidade e chamar mais público a esta cena gratuita, o que causava prejuízo ao ambiente dos clubes noturnos. A composição das imagens não é muito trabalhada, por serem capturados momentos velozes, tendo todas estas dimensões entre 15cm por 10 cm e 10 cm por 10 cm. Descrevendo de uma forma mais profunda estas fotografias, as mesmas mostram tanto o ambiente destas festas como, flyers utilizados para informar que o coletivo estava por perto, artistas em performance, confrontos com a polícia, idas a tribunal e transporte de sistema de som. É notável que existia uma prioridade na identificação visual do grupo, tanto pela decoração feita á mão como por camisolas com designs e frases originais que representavam a ideologia, “MAKE SOME FUCKIN NOISE!”.



Esta exposição foi articulada ainda com outros workshops, estes sendo: “Redesigning Revolution” que explorou a simbologia em movimentos culturais; “Guerrilla Theatre Mask Making” onde se produziram máscaras, estes desenvolvidos por Mark Angelo; e por último “Ableton Live Improvisations” onde artistas falaram do seu processo de improvisação de música eletrónica ao vivo.

Arrematando, esta exposição talvez não seja para qualquer pessoa, porque não é montada de acordo como ditam as regras, ou até por mostrar estilos de vida alternativo, mas sem dúvida que mostra de forma transparente a construção de um espaço importante para a música eletrónica e para o conceito de Free Party, a que muitos se agregam nos dias de hoje.