Spiral Tribe Exhibition
esteve presente na ADAO Associação Cultural sem fins lucrativos localizada no
Barreiro de 22 de março a 29 de março. Esta exposição foi uma exposição de fotografia
montada num local que não foi pensado para uma iniciativa como esta, sendo
assim o espaço onde esta ocorreu improvisado.
A inauguração
começou com um discurso de Mark Angelo Harrison, cofundador do coletivo Spiral
Tribe, que se estendeu para a apresentação da exposição e relação da mesma com
o livro A Darker Electricity: The Origins of Spiral Tribe Soundsystem,
escrito pelo próprio, num processo que demorou oito anos. Sendo um ambiente que
é frequentado por pessoas que conhecem bem a música eletrónica e o conceito de Free
Party não existiu uma explicação aprofundada sobre os temas, em vez disso
foi esclarecido em que momento foram capturadas as fotografias. Ao longo da
conversa com o cofundador foi fácil de entender que a exposição não foi sobre o
processo visual das fotografias tiradas, mas, acima de tudo, sobre a sua
história.
As fotografias
podem ser desconfortáveis para quem não tem conhecimento destas festas ditas
ilegais, mas percebesse que é reconfortante para o grupo de pessoas que se revê
nestes movimentos.
Nenhuma das
fotografias tinha identificação ou o nome do autor, pois nunca foram capturadas
com o intuito de serem expostas, mas sim, com a intenção de criar registos e
memória daquilo que foram construindo. Estas fotografias foram recolhidas ao
longo dos anos 90 até inícios dos anos 2000, primeiros anos em que o coletivo
atuou, com origem no Reino Unido e mais tarde difundindo eventos pela Europa.
As imagens
espelham perfeitamente a influência do grupo na cultura da música eletrônica e
ainda o movimento anticapitalista, mal visto por muitos, tendo em conta que o
estilo de música Acid House era considerado ilegal por ser novidade e chamar
mais público a esta cena gratuita, o que causava prejuízo ao ambiente dos
clubes noturnos. A composição das imagens não é muito trabalhada, por serem
capturados momentos velozes, tendo todas estas dimensões entre 15cm por 10 cm e
10 cm por 10 cm. Descrevendo de uma forma mais profunda estas fotografias, as
mesmas mostram tanto o ambiente destas festas como, flyers utilizados para
informar que o coletivo estava por perto, artistas em performance, confrontos
com a polícia, idas a tribunal e transporte de sistema de som. É notável que
existia uma prioridade na identificação visual do grupo, tanto pela decoração
feita á mão como por camisolas com designs e frases originais que representavam
a ideologia, “MAKE SOME FUCKIN NOISE!”.
Esta exposição
foi articulada ainda com outros workshops, estes sendo: “Redesigning
Revolution” que explorou a simbologia em movimentos culturais; “Guerrilla
Theatre Mask Making” onde se produziram máscaras, estes desenvolvidos por
Mark Angelo; e por último “Ableton Live Improvisations” onde artistas
falaram do seu processo de improvisação de música eletrónica ao vivo.
Arrematando,
esta exposição talvez não seja para qualquer pessoa, porque não é montada de
acordo como ditam as regras, ou até por mostrar estilos de vida alternativo,
mas sem dúvida que mostra de forma transparente a construção de um espaço
importante para a música eletrónica e para o conceito de Free Party, a
que muitos se agregam nos dias de hoje.