No topo da colina de Almada Velha, com uma vista privilegiada sobre o Tejo e a cidade de Lisboa, ergue-se a Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea. Este espaço singular combina património histórico, arte contemporânea e natureza, proporcionando uma experiência cultural enriquecedora. Sendo, originalmente, uma casa senhorial de uma quinta de recreio dos séculos XVII e XVIII, a Casa da Cerca foi habitada por várias famílias até 1957. Em 1974, foi ocupada provisoriamente pelo hospital de Almada e, por fim, adquirida pela Câmara Municipal de Almada em 1988. Após um cuidadoso processo de restauro, abriu ao público em 1993 como centro de arte contemporânea, sob a direção do pintor Rogério Ribeiro.
Dispõe de diversas valências que valorizam a visita e reforçam a sua missão educativa e artística. As galerias de exposição acolhem regularmente obras de artistas nacionais e internacionais, explorando variadas linguagens e técnicas contemporâneas. O Centro de Documentação e Investigação Mestre Rogério Ribeiro, instalado no edifício, disponibiliza recursos especializados para o estudo e a pesquisa em arte. É um espaço menos visível à primeira vista, mas que sustenta o trabalho que a Casa da Cerca tem vindo a desenvolver ao longo das últimas décadas.
Merece destaque O Chão das Artes – Jardim Botânico, inaugurado em 2001, que propõe uma união entre a botânica e a arte. O jardim integra diversas plantas tradicionalmente associadas à produção de materiais artísticos, como pigmentos e óleos, reveladas através de pequenas identificações que convidam à descoberta. Ao percorrer os seus caminhos, o olhar vai ligando as espécies a algumas técnicas artísticas, e a natureza revela-se como cenário e matéria viva do processo criativo. Inspirado no modelo da quinta de recreio tradicional portuguesa, o jardim preserva a memória histórica da Casa da Cerca.
Integrado nesta dinâmica, o Serviço Educativo desenvolve programas destinados a escolas e ao público em geral, promovendo o contacto direto com a diversidade do ambiente. O percurso pelo espaço convida a um desacelerar do ritmo, como se a própria paisagem pedisse mais tempo para ser vista, proporcionando uma experiência que se constrói numa relação sensível com o lugar.
Ainda no prolongamento da visita, a cafetaria Coisas Degostar, com a sua esplanada aberta para o Tejo, oferece tempo de repouso e contemplação. Sentados sob a sombra das árvores e a vista do rio, o visitante deixa-se absorver pela quietude da paisagem. Há uma cumplicidade silenciosa entre o espaço e quem o habita, por instantes.
Atualmente, a Casa da Cerca encontra-se em obras de reabilitação, o que condiciona, temporariamente, o acesso à galeria principal. Contudo, a essência do lugar permanece. O jardim e a esplanada mantêm-se como abrigo para aqueles que procuram um instante de sossego, uma pausa no movimento contínuo da cidade. Apesar da reabilitação, a Casa da Cerca mantém-se ativa, assegurando o seu compromisso com a criação artística e o acolhimento do público.