A Invenção de Hugo Cabret, de título original The Invention of Hugo Cabret, é um livro juvenil do autor norte americano Brian Selznick, publicado pela primeira vez em Nova Iorque, em 2007.
A Invenção de Hugo Cabret trata-se, sem dúvida, de um livro singular, que propõe uma experiência de leitura fora do comum. O que difere esta obra dos restantes livros do seu género é a forma como a narrativa é apresentada ao leitor. O autor optou por contar a sua história alternando ilustração e texto, dando à ilustração um papel de destaque, uma vez que não se integra na obra de forma justaposta ao texto, ilustrando descrições já feitas pelo autor. Em vez disso, diferentes partes da narrativa são contadas por sequências de imagens, como numa animação, que de seguida passam novamente a ser contadas por palavras e, mais à frente, de novo em imagens.
Esta é uma obra que celebra a ilustração pelo seu poder de contar complexas narrativas numa só imagem e pela sua autonomia. Convencionou-se que a ilustração deve representar visualmente o conteúdo textual, o que, inevitavelmente, lhe confere um papel secundário aos olhos do leitor. Para um leitor com alguma maturidade, a ilustração deixa de ser relevante pois a leitura do texto é suficiente para a compreensão da mensagem e, talvez por essa razão, a ilustração passou a ser mais utilizada nos livros infantis. É normal uma criança necessitar do auxílio visual para compreender uma ideia, mas o mesmo não acontece a um adulto. Ora, quando em obras como A Invenção de Hugo Cabret a ilustração é utilizada como forma de desenvolver a narrativa, esta passa a ficar em pé de igualdade com o texto, e passa a fazer sentido quer em livros infantis, como em quaisquer outros.
A escolha de Selznick em recorrer à ilustração desta forma dá-se pelo facto deste pretender aproximar o livro ao ecrã de cinema. O autor pretendia dar ao leitor a sensação de que este se encontraria a assistir a um filme, ao passar página por página, construindo na sua cabeça os frames que estariam entre cada ilustração, e completando a narrativa com o texto das páginas seguintes. Assim, Selznick consegue o melhor dos dois mundos, uma obra literária que não perde o seu caráter textual, mas que bebe do movimento das sequências imagéticas propostas pelo cinema.
Sem comentários:
Enviar um comentário