Frames Of Reference
Um vídeo que estuda uma nova visão, sobre o observador
e objetos, fora do observador, em movimento. À semelhança de como vai
explicando Crary Jonathan em “Técnicas do Observador”, que descreve o percurso
do desenvolvimento tanto do observador como das tecnologias que dão avanço à
visão, até chegar ao “novo observador” moderno. Este vídeo tratar também de
explicar, com as suas novas metodologias e tecnologias, o novo observador, a
visão abstrata, a relatividade de movimentos e a maneira como a perceção humana
processa estes estímulos visuais.
Esta remodelação de modelos epistemológicos da visualidade, que Crary descreve, foram muito importantes porque veio engendrar as precondições para a emergência da abstração da visão em curso na contemporaneidade.
Esta remodelação de modelos epistemológicos da visualidade, que Crary descreve, foram muito importantes porque veio engendrar as precondições para a emergência da abstração da visão em curso na contemporaneidade.
Frames of Reference trata-se de um vídeo de estudos sobre a perceção da visão humana com objetos em movimento e objetos em movimentos relativos a outros objetos em movimento, onde neste texto vou explicar algumas das experiências desenvolvidas neste vídeo com apoio das novas câmaras de vídeo, engenhos mecânicos e teorias de física. Feito em 1960 pela The Physical Science Study Committee, com apoio da The National Science Foundation; The Alfred P. Sloan Foundation e The Ford Foundation. Apresentado por Professor Patterson Hume e Professor Donald Ivey, University of Toronto.
"Nos costumamos ver as coisas de um ponto de vista particular, isto
é, de um particular quadro referencial. E as coisas parecem-nos diferentes
sobre diferentes circunstâncias", introduz assim o vídeo o professor Donald
Ivey que aparenta estar normal, até aparecer o professor Patterson Hume, que dá
inicio a uma pequena discussão sobre quem está de pernas para o ar, que se
resolve rapidamente com uma moeda atirada ao ar que revela que o professor
Donald Ivey estava de fato ao contrario, quando a sua moeda foi direita ao
chão, que na camara que filma parece-nos estar normal porque a camara
também estava ao contrario.
Em uma nova experiência o professor Patterson Hume diz estar a mover-se
para a esquerda, porque a parede por trás está a mover-se para o lado oposto, mas
de fato era a parede que se estava mover e não o professor. Logo de seguida é demonstrado
exatamente o mesmo processo, mas neste caso é o professor que se mexe para a direita
e parede é que está fixa, que é percetível porque o professor Donald Ivey está
por de trás parado.
Todo o movimento é relativo, em ambos os casos o professor Patterson Hume, esta a mover-se relativamente à parede e a parede estava a mover-se relativamente ao professor.
Todo o movimento é relativo, em ambos os casos o professor Patterson Hume, esta a mover-se relativamente à parede e a parede estava a mover-se relativamente ao professor.
Todo o movimento é relativo, mas nós temos tendência a pensar que uma coisa
está fixa e a outra está em movimento. Geralmente pensamos que a terra está
parada e as paredes fixas na terra estão também paradas. Um quadro referencial
fixo à terra é o quadro referencial mais comum para observar o movimento das
coisas. Claro que a razão pela qual os sistemas de coordenadas terem três eixos
é porque se torna possível de definir a posição de qualquer objeto no espaço,
usando as três linhas de referência.
Numa nova experiência é presa uma bola por um íman a um carrinho que
desliza da esquerda para a direita, e uma camara fixa que capta o movimento da
bola, em movimento, a cair. No vídeo da camara fixa, é desenhada a trajetória
da bola a cair que por sua vez resulta numa parábola.
Mas tudo isto tem sido num sistema de coordenadas fixo na terra. É feito a
mesma experiência, mas desta vez a camara é fixa ao carrinho, que, no mesmo
sistema, grava a bola a cair e o professor Donald Ivey fica por trás quieto, desta vez para
nos dar perceção que o carrinho está em movimento. De seguida é filmada a mesma
situação, mas desta vez sem o professor por trás, apenas um fundo branco, que
resulta numa perceção completamente diferente, em que, neste caso o carrinho
parece estar parado, quando na verdade está em movimento numa velocidade
constante. O importante a perceber aqui, é que todos os quadros referenciais,
que se respeitem um ao outro, movendo a uma velocidade constante, são
equivalentes.
Numa nova experiência o Professor usa mais uma
vez o carrinho que desliza de esquerda para a direita. No carrinho está anexado
uma circunferência mecânica giratória pintada de preto com um ponto branco. A
atenção vira-se para o ponto que gira pela circunferência e o percurso que este
faz no espaço com o carrinho em movimento a uma velocidade constante.
A atenção do observador, vira-se para o percurso do ponto branco, como se fosse fazendo circunferência, mas na verdade, quando este atravessa um vidro que começa a desenhar o verdadeiro percurso do ponto branco em movimento no espaço, no quadro referencial da terra, deixa qualquer observador estupefato com o diferença da perceção humana para o verdadeiro percurso que foi desenhado.
A atenção do observador, vira-se para o percurso do ponto branco, como se fosse fazendo circunferência, mas na verdade, quando este atravessa um vidro que começa a desenhar o verdadeiro percurso do ponto branco em movimento no espaço, no quadro referencial da terra, deixa qualquer observador estupefato com o diferença da perceção humana para o verdadeiro percurso que foi desenhado.
Nós vemos o ponto a mover em círculos, porque nos colocamos no ponto de
referência do carrinho em movimento, portanto não é evidente que não é sempre
verdade que vemos a nossa perceção no quadro referencial da terra. Quando o
movimento é simples, nós automaticamente colocamo-nos nesse frame em movimento
do carrinho.
Uma nova experiência sobre o movimento, onde é comparado a velocidade de um
objeto num quadro referencial sobre a velocidade de outro objeto noutro quadro
referencial. A experiência trata-se de um carrinho em movimento onde ambos os
professores estão sentados com uma mesa entre os dois. Na mesa vão passando um
pequeno objeto que desliza de um lado da mesa até ao outro, enquanto que o
carrinho percorre da esquerda para a direita. Isto resulta mais uma vez numa
estranha perceção. Ambos os professores estão em movimento no carrinho e quando
é lançado o pequeno objeto da esquerda para a direita, percurso que o carrinho
faz, para quem está num quadro referencial fixo, fora da situação, ficamos com
uma ideia da velocidade constante que o objeto faz. Mas quando este é faz vai
da direita para a esquerda, visualmente parece nos que o objeto anda muito mais
devagar, quando na verdade mantem a mesma velocidade constante de quando foi
lançado para a direção oposta.
É feita uma nova experiência onde é comparado a diferença da velocidade
constante e de uma aceleração constante. À semelhança da experiência da bola em
queda, mas desta vez foi anexada dois pesos que dão ao carrinho uma aceleração
constante, que resulta na bola em queda que desta vez aterra no carrinho, mas
um pouco mais atrás. A gravidade é a única força que age sobre a bola, e um
carro a mover a uma velocidade constante é um quadro inercial, mas um carro em
aceleração não é um quadro inercial. Por causa do sistema de coordenadas que
estamos habituados a viver é um em que a lei inercial defende, quando nos vamos
para um referencial não inercial, como o do carro em aceleração, a nossa
perceção acredita tanto na lei inercial, que quando vemos a aceleração da bola
em queda para o lado, nós pensamos que existe uma força a desvia-la. Uma força
fictícia. As forças fictícias aparecem em quadros referencias acelerados. A
perceção fica no referencial acelerado na sua direção, portanto nós nesse
referencial vemos a aceleração da bola na direção oposta e ficamos com a ideia
de que é uma força que a causa.
O que para mim é mais importante a retirar deste vídeo e destes pequenos
ensaios, como também explica muito bem Crary em “Técnicas do Observador”, é que
à medida que os estudos físicos, os desenvolvimentos tecnológicos vão prosseguindo
também se vai remodelando os modelos epistemológicos da visualidade. E o que
hoje é desenvolvido nas diferentes áreas, vai ter consequências no observador
dos dias de hoje, que por sua vez vai influenciar inclusive a maneira como a
arte está a ser, neste momento, observada e representada.
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