domingo, 14 de janeiro de 2018

Electronic Superhighway (1966- 2016) - MAAT



Entre os dias 8 de novembro de 2017 e 19 de março de 2018 o MAAT de Lisboa apresenta a exposição Electronic Superhighway (1966- 2016), originalmente exibida pela Galeria Whitechapel de Londres, em 2016. A exposição é uma retrospectiva sobre o uso da tecnologia digital, cibernética dentro do campo da arte, que começa emergir na década de 60. A amostra conta com trabalhos de mais de 70 artistas, organizados cronologicamente, começando pelos trabalhos mais recentes e terminando com os trabalhos propulsores do campo. A organização e escolha dos trabalhos tem o intuito de mostrar as mudanças, o uso das novas possibilidades tecnológicas e funcionam como elementos de uma grande história.
A exposição que o ocupa parte do antigo prédio da Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade de Lisboa impressiona pela variedade de trabalhos expostos e propõe uma viagem ao passado começando pelos trabalhos da última virada de século. Os temas contemporâneos como gênero, migrações diretos e relações humanas na era da internet são explorados através de diferentes meios. Alguns trabalhos chamam a atenção pela relação com os próprios meios em que se manifestam. O trabalho da dupla Thomson & Craighead chamado More Songs of Innocence and Experience consegue exprimir como a confusão de conteúdo, histórias, meios e discursos se manifestam na sociedade da internet. O trabalho consiste em um equipamento de Karaoke, duas colunas de som, um microfone e uma TV. O visitante é convidado a cantar de acordo com as letras que aparecem no ecrã, à frente dos tradicionais fundos de natureza dos karaokês. Entretanto, as letras de músicas na verdades são transcrições de e-mails spams, forma muito comum usada por usuários da rede para aplicar golpes. Histórias que envolvem heranças, loterias e prêmios aparecem de forma contínua. O trabalho trata de questões de estéticas e problemas bem específicos de seus meios de forma incrível fazendo uma auto referência através da linguagem e meio.
Detalhe do trabalho More Songs of Innocence and Experience





Detalhe do ecrã
Logo ao lado está exibido um trabalho da artista alemã, Hito Steyerl chamado Red Alert que faz uma referência ao trabalho de Alexander Rodchenko Pure Red Colour de 1921. No trabalho de Hito são utilizados ecrãs de dimensões parecidas com as pinturas de originais de Rodchenko que exibem um vídeo em HD. Esses vídeos na verdade são uma reprodução digital contínua do vermelho dos quadros de Rodchenko. Essa experimentação entre meios e auto referencial a história da arte retrata bem a pesquisa de Hito. É interessante observar como o meio é problematizado de diversas forma pelo trabalho, um vídeo estático, um ecrã tela.

Red Alert - Hito Steyerl










A retrospectiva que volta 50 anos na história e passa pelos primórdios da internet, dos softwares e da imagem digital culmina com uma sala dedica a icônica exposição Cybertnetic Serendipity de 1974 no Institute of Contemporary Arts de Londres. Essa exposição foi um marco na relação entre novas tecnologias e a arte, focada em trabalhos exploravam a interseção entre ciência e artes. Esses primeiros passos da arte em novos meios são marcados pelo uso de automatizações, referências a robótica e cibernética nos mais diferentes meios como vídeos, instalações e desenhos. como nos desenhos. A exposição consegue ser efetiva e surpreendente em sua retrospectiva. Alguns trabalhos que embora tenham tido importância histórica de experimentação como os das sala de web art, não são trabalhos que ocupavam museus ou galerias quando foram feitos. Electronic Superhighway (1966- 2016) feliz na sua abordagem e consegue através de sua curadoria dar o devido reconhecimento a artistas e trabalhos que são fundamentais para entendermos a arte contemporânea e nossa própria sociedade na era da informação e da internet que vivemos.





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