quinta-feira, 19 de maio de 2022

Dois Palcos.

 No dia 08 Maio de 2022, numa visita de grupo, em estudo livre, ao espaço do Museu Nacional do Teatro e da Dança, fomos reencontrar o ambiente dos palcos. 

Situado em Lisboa, na Freguesia do Lumiar e no interior do Palácio Monteiro-Mor, edifício datado do Séc. XVIII, este Museu é adjacente ao Museu Nacional do Traje.

No Pátio exterior, apresentavam-se coloridas figuras denominadas de “Máquinas de Cena”, do espetáculo escrito por Gil Vicente, com o Título de “Romagem de Agravados”, representada a 06 de Junho de 2002, nas ruas da cidade das Caldas da Rainha, pela Companhia “Criadores de Imagens”. Este espetáculo foi comemorativo dos 500 anos passados desde a apresentação da primeira peça do mesmo autor. As apelativas figuras são inspiradas no tríptico: “As tentações de Santo Antão” do Pintor Hieronymus Bosch, contemporâneo de Gil Vicente. 

Foram realizadas e, posteriormente, restauradas, pelo Artista e Cenógrafo José Carlos Barros.

     Transpondo a entrada do Museu, encontrámos Salas adornadas com cortinas de veludo vermelho escuro e paredes pintadas de negro, remetendo-nos para um ambiente dramático e fazendo realçar cada Obra de Arte. A proximidade, quase palpável dos trajes que tantas atrizes e atores vestiram, acentuavam essa sensação. 

Do Hall, entre outras obras, pode-se observar: o imponente traje de cena da Actriz Virgínia (1850-1922), da peça “A Princesa de Bagdad”, escrita por Alexandre Dumas Filho, que nos transportou para outra época: no Romântico final do séc. XIX e as esplendorosas sessões teatrais, no Teatro D. Maria II. na segunda sala, pôde-de-se apreciar o trabalho de costura deste traje, os seus tecidos e formas, tão característicos da época.

     Visitando as seguintes salas notou-se a convivência das diferentes Artes: desde a Pintura à Escultura, passando pela Fotografia ao Desenho, dos Figurinos aos Trajes e respetivos acessórios. 


 

O estudo para o busto da Atriz Emília das Neves, Séc. XIX, do Escultor Soares dos Reis ou o busto representativo da Fadista e Atriz Amália Rodrigues, Séc. XX, pelo Escultor Joaquim Valente, são duas obras que cativaram a nossa atenção.

    


Imediatamente antes de nos dirigirmos ao piso superior, pudemos conhecer através de maquetas, diferentes Teatros de Lisboa, alguns já extintos ou transformados em outros espaços. Como exemplo a maqueta executada por André J. Chaves Romão, referente ao Teatro Apolo, antigo Teatro Príncipe Real, obra de 1865 demolida em 1957.




Subindo até ao piso superior, na primeira sala, podiam-se observar maquetas de cenários que se apresentavam em nichos. 

Novamente, o negro das paredes, mantinha a continuidade do percurso. Notou-se uma mudança na organização do espaço, que por sua vez nos remeteu ao teatro de Fantoches e aos bastidores, nomeadamente à simulação de um camarim, da Atriz Laura Alves, antes do desaparecimento do Teatro Monumental. 

 

Nas duas salas seguintes, o ambiente encontrava-se sobretudo dedicado à Dança.

Aqui, entre figurinos da Pintora Paula Rego e do Estilista Nuno Gama, existe um local especialmente dedicado ao Ballet Gulbenkian, infelizmente extinto. Entre figurinos e cartazes, era possível assistir a gravações vídeo de alguns espetáculos.


 


 


De salientar, o enquadramento expositivo do trajo de cena, de 1976, para a personagem do Cisne, no Bailado “O Lago dos Cisnes”, composto por Tchaicovsky; que durante décadas foi apresentado por esta Companhia e cujas diferentes bailarinas doaram ao Museu, as suas sapatilhas.



Quase a terminar a visita e surpreendidas por uma mudança de ambiente, com iluminação parcialmente natural, sob a sugestão de um espaço de Galeria de Arte.


Encontramos outra exposição, sobre: as comemorações relativas ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, com o Título “Mulheres Saramaguianas”, visitável apenas entre os dias 05 e 08 de Maio de 2022. Com Curadoria Artística de Ana Matos, esta exposição sobre as personagens femininas do Escritor José Saramago, tais como: Blimunda, Maria Sara, Joana Carda, a Mulher do Médico, a Morte e Gracinda Mau-Tempo.


Nas paredes, encontravam-se emolduradas, obras dedicadas a cada uma das personagens, pelas Escritoras: Dulce Maria Cardoso, Adriana Lisboa, Lídia Jorge, Ana Luísa Amaral, Ana Margarida de Carvalho e Djaimilia Pereira de Almeida; acompanhadas pelas criações visuais dos Artistas: Graça Morais, Manuel João Vieira, Ana Romãozinho, Joana Villaverde, José de Guimarães e Miguel Januário.

A alteração do ambiente espacial, transmitiu um distanciamento face ao que fora visitado antes, pelo que a sensação de vazio e frieza, permaneceram durante o tempo em que observávamos estas obras. 

 Das mesmas, destacámos a de José de Guimarães, em Serigrafia e em Gravura, a de Miguel Januário; a primeira pela paleta de cores características do seu autor e a segunda pela ausência de cor. 



Seguiram-se outras escadas para o piso inferior, que nos conduziram novamente à entrada onde terminámos a visita assistindo a um vídeo de homenagem à Atriz Laura Alves. 




A saída pela mesma entrada, trouxe-nos de volta ao Pátio e a uma paisagem verdejante do Parque, que faz ligação ao Museu Nacional do Traje.


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