quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Livro de artista

Um livro de artista é um meio de expressão artística que usa a forma ou a função do tradicional “livro” como inspiração. É a iniciativa artística observada na ilustração, escolha dos materiais, processo de criação, layout e design que o torna num objeto de arte. Neste sentido, o livro de artista pode assumir muitos formatos e tamanhos, desde volumes de tipografia com impressões originais a panfletos duplicados, construções 3D, fotografia, livros impressos em offset, em digital ou com caracteres tipográficos móveis, livros inteiramente produzidos manualmente ou nos quais o artista teve uma intervenção direta na sua impressão, livros “modificados” já existentes e ainda podem ser produzidos em edições especiais acompanhados de desenhos e/ou pinturas originais, gravuras e/ou serigrafias. 

A partir do séc. XX, o livro de artista entrou para o mundo das Artes Visuais como sendo considerado arte em forma de livro, um objeto mais específico no qual o artista tem um grande controle sobre a sua aparência final. O livro é interpretado como sendo uma verdadeira obra de arte. Não são apenas livros com representações de obras de artistas, ou com texto ilustrado por um artista, mas sim, livros que falam por si mesmos, podendo superar o próprio conceito de “livro” e não sendo necessário a sua leitura para serem compreendidos.

O séc. XX foi denominado "o século dos livros dos artistas", apesar da sua história ter começado mais cedo e ter dado ainda algumas voltas na era do digital. 

O acesso às novas tecnologias de multiplicação de imagens e textos, da fotografia à impressão de rua a computadores, toda esta evolução tem sido altamente importante para o desenvolvimento dos livros de artista. 

Um livro convencional geralmente possui um certo número de tiragens, enquanto um livro de artista costuma ser representado apenas através de um único exemplar, garantindo assim autenticidade. 

Tal como já foi referido anteriormente, o livro de artista pode ser feito através da impressão fina ou artesanal, as páginas podem ser ilustradas com imagens geradas por computador, fotografias ou fotocópias. Ao longo dos tempos, tornaram-se esculturas, objetos de exploração e experimentação. Os artistas continuam a desafiar a ideia, conteúdo, a estrutura do livro tradicional e a despertar a estranheza ao leitorespectador, despertando-lhe outros sentidos. 

Na área do design, um livro de artista é na maioria dos casos um objeto puramente experimental do designer, onde este procura testar os seus conhecimentos de composições editoriais, tipográficas e habilidades de narrativa. Uma área também bastante questionada devido à adversidade entre o design vs arte acerca da credibilidade de um livro de artista elaborado por um designer. 

Hoje em dia, os livros de artista têm ocupado um lugar bastante importante nas coleções de museus, bibliotecas e bibliófilos. Têm despertado um interesse não só a historiadores de arte e críticos que escrevem sobre arte, como a diversos projetos e programas de estudo nas escolas de arte, que se dedicam ao estudo mais aprofundado do tema. 

Em suma, a compreensão de um livro como uma obra de arte suscita uma reflexão sobre as propriedades da própria forma do livro. Como qualquer ato de leitura, um livro de artista é uma experiência física que permite uma ligação com o meio. Convida-nos a segurá-lo e a folhear as suas páginas. Quer o conteúdo seja de base visual ou linguística, o movimento físico através de uma obra de arte implica noções de sequência, repetição, justaposição, e duração A interação de texto e imagens, bem como considerações sobre o processo de impressão e a conceção do livro, permite muitas possibilidades excitantes dentro da narrativa, meios e significados que são específicos do livro do artista sozinho. 

Alguns exemplos de livros de artista:


Stab/Ghost, 2013 - Tauba Auerbach 








RGB, 2013 - Dominique Gonzalez-Foerster

Sem comentários:

Enviar um comentário