A biomimética, termo cunhado em 1997 por Janine Benyus, é a ciência que estuda os princípios criativos e as estratégias já existentes utilizadas pela natureza, a buscar respostas para problemas de função ou desempenho atuais da humanidade. Para além de apresentar soluções ao problema, procura-se criar de maneira similar aos processos naturais, na busca por maior eficiência na utilização dos recursos, maior desempenho energético e minimização dos desperdícios e dos impactos da ação humana.
A utilização de princípios da natureza para solução de problemas em projetos já pode ser observada nos trabalhos de Leonardo Da Vinci (1452–1519), que estudou teorias da aerodinâmica observando e analisando o batimento de asas de pássaros, o voo planado e o comportamento do vento no voo de morcegos, por exemplo. Os trabalhos de Da Vinci são vistos como as primeiras aplicações da biomimética antes mesmo do termo ser inventado. Atualmente o campo da biomimética encontra utilização em diversos ramos, como na química, biologia, medicina, arquitetura, agricultura e até mesmo no ramo de transportes.
Há na biomimética a intenção da busca por uma compreensão holística no projeto. Ela parte do princípio que a vida se sustenta na terra a mais de 3,85 bilhões de anos, e durante este período sempre buscou resolver os problemas e evoluir com soluções extremamente elegantes e eficientes. Hoje, boa parte dos nossos processos se sustentam em princípios contrários aos da natureza, como se pudéssemos nos dissociar dela. Essa visão baseada na vida, traz além de princípios de design, questionamentos éticos, pois, a biomimética busca a adequação do homem, dos seus artefactos, processos e sistemas aos princípios lógicos da vida, buscando por uma real sustentabilidade. Essa visão envolve uma observação cuidadosa de princípios comuns responsáveis pela sustentabilidade do ecossistema. Atualmente, a biomimética não possui uma metodologia concretizada e estabelecida, devido à dificuldade na tradução dos sistemas biológicos para o âmbito tecnológico. Em vez disso, é neste contexto que se destaca como um importante pré-requisito, para que ocorra a inserção destas ideias no projeto através da natureza de forma estratégica. Aponta-se que a biomimética é um método de trabalho que envolve abordagens transdisciplinares, sendo que, para se obter resultados concretos, deve se assegurar uma comunicação adequada entre as diversas áreas envolvidas.
Neri Oxman é um profissional que atua diretamente na área de exploração de soluções baseadas na natureza. É designer, arquiteta e professora associada de artes e ciências da mídia no MIT Media Lab, onde fundou e dirige o grupo de pesquisa Mediated Matter. Sua equipe explora um mix de design computacional, fabricação digital, ciência de materiais e biologia para explorar as possibilidades de design em pequenas e grandes estruturas. O objetivo de Oxman é aumentar a relação entre ambientes construídos, naturais e biológicos, empregando princípios de design inspirados e projetados pela natureza, implementando-os na invenção de novas tecnologias.
Muitos dos projetos da Oxman usam técnicas de impressão e fabricação em 3D, eles incluem o Silk Pavilion, girado por bichos-da-seda liberados numa armação de nylon; Ocean Pavilion, uma plataforma de fabricação à base de água que construiu estruturas de quitosana; G3DP, a primeira impressora 3D para vidro opticamente transparente e um conjunto de artigos de vidro produzidos por ela e coleções de roupas e vestíveis impressos em 3D usados em desfiles e performances de alta costura.
Neri Oxman realizou exposições no Museu de Arte Moderna (MoMa) e no Museu de Ciência de Boston, que têm alguns de seus trabalhos em suas coleções permanentes.Vídeo de TED Talk onde Neri Oxman explica sobre a importância e aplicação do seu trabalho. A sua busca pela “ecologia material”, termo que ela mesma cunhou para definir o seu trabalho.
A fórmula mágica é saber quando perguntar "Por que?" e logo em seguida "Por que não?"
-Neri Oxman
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