"Japão: Festas e Rituais" no Museu do Oriente é uma exposição fascinante, que convida a visitar um calendário de celebrações anuais, com base nos princípios do xintoísmo e do budismo presentes no Japão. A programação desta exposição, propõem a entrar neste mundo interessante da identidade japonesa, onde a tradição coabita na atualidade. Os visitantes são imediatamente imersos numa rica experiência cultural, tradição e espiritualidade.
Um dos aspectos mais marcantes da exposição é a diversidade de obras de arte expostos, com cerca de 1500 peças que demonstram o universo das celebrações e rituais, desde trajes elaborados e máscaras usados durante festivais, por exemplo os traje de demónio visitantes raihoshin namahage, até trajes cerimoniais utilizados durante as cerimônias no templo, como se viu na parte da exposição não só do vídeo de uma Miko Mai como também na secção de Kannushi e Miko com os trajes de sacerdote e sacerdotisas que carregam séculos de tradição, cada peça conta uma história da rica herança cultural do Japão.
Em termos expositivos, a organização do espaço cria um ambiente imersivo que transporta os visitantes ao coração dos festivais do Japão, dividindo o espaço entre rituais e festas através de um chinowa (ritual de purificação semestral), dando assim uma ideia do visitante passar do templo e entrar nas festividades após passar por um ritual de purificação. Com uma disposição meticulosa dos displays ou do uso estratégico de iluminação e som, cada elemento foi considerado para uma boa experiência geral. Uma característica particularmente interessante é a incorporação dos elementos multimídia ao longo da exposição: as projeções de vídeo que mostram os festivais em ação como as gravações de áudio que captam os sons da música e o próprio sino de ano novo, estes componentes acrescentam uma camada extra de profundidade à exposição, permitindo aos visitantes uma imersão total nas festividades, não só isso, mas tomamos conta de uma preocupação do museu na tentativa de replicar espaços relativos tanto às festividades como aos rituais, por exemplo no espaço de butsudan onde foi replicado uma espécie de fachada de templo para acompanhar o altar.
Além disso, a exposição trabalha na contextualização de cada festival e ritual dentro da paisagem cultural e histórica do Japão, por meio de painéis informativos e outros, os visitantes adquirem uma compreensão mais profunda dos contextos históricos, sociais e religiosos que moldam as celebrações.
Por outro lado, é necessário apontar alguns pontos negativos que ocorreram ao longo da exposição. Apresentada no espaço do 2º piso no museu do oriente observamos cerca de 1500 objetos artísticos expostos, este grande número levou a uma sobrecarga de informação para o visitante, grandes vitrines carregas de objetos e informação como foi o caso dos Yokai e como Ebisu e Daikoku onde existem textos grandes e mal expostos nas laterais dificultando a leitura. Outro ponto a mencionar, algumas peças encontram-se em espaços próximos das saídas de emergência como Réplica de fudo myoo e outras obras atrás de pilares sem indicações de estarem expostas como a Réplica de Jizo Shibarare.
Esta exposição apresentada pelo museu do oriente na educação cultural fica notória ao longo de toda a exposição, desde programas educacionais, workshops e visitas guiadas que oferecem aos visitantes de todas as idades, remete também para uma oportunidade de expandir a sua compreensão da cultura japonesa. Para qualquer pessoa interessada no Japão ou apaixonada pela descoberta cultural, esta exposição é imperdível.
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