domingo, 16 de outubro de 2022

Materiais não convencionais na produção de Livros de Artista


O livro foi, e continua a ser, questionado ao longo dos anos pelos artistas. A utilização de diferentes suportes e materiais, para além do papel convencional, permitiu repensar o livro enquanto objeto e materialidade. 


A produção contemporânea dos livros de artista foi influenciada pelo contexto social, pelos movimentos artísticos e pelas novas tecnologias do século XX. O Dadaísmo (1916) e o Fluxus (1960) foram movimentos que questionaram a criação artística. Estes trabalharam com novas disciplinas como a música, a instalação, a performance, e produziram publicações, acabando por expandir o livro enquanto objeto e evento (Fig.1, Fig.2 e Fig.3).  Tanto num, como no outro, era característico a utilização de materiais do dia-a-dia, económicos e objetos previamente construídos - os ready-mades

Influenciado pelos movimentos anteriores, o artista e designer Ben Denzer procura as possibilidades dos livros de artista e dos seus materiais. Ao dizer “What is a book but a collection of things bound together'', Denzer reflete sobre as infinitas possibilidades que poderão ser exploradas em relação à utilização dos materiais na construção de um livro. O designer publicou na ‘Catalog Press’ livros que exploram o conceito do mesmo enquanto coleção de coisas - imagens, palavras, objetos. Estes são feitos de materiais não convencionais, onde as páginas são coisas do dia-a-dia, tais como carne, queijo, papel higiénico e “raspadinhas” (Fig.4 - Fig.7). Esta escolha de materiais vulgares, isto é, materiais que pertencem ao quotidiano e que acabam por ser deslocados do contexto intencionado, pode ser considerada como uma abordagem ligada aos objetos ready-made.

Esta característica levanta questões em termos de comunicação, de leitura, manuseamento do livro-objeto e da durabilidade dos materiais em causa, e consequentemente, da sua própria efemeridade. No entanto, o papel do artista que produz livros passa por repensar o mesmo nas suas possibilidades e materiais, continuando a levantar questões e a criar problemas.


Concluindo, a utilização de materiais incomuns na criação de livros de artista leva o espetador a questionar o conceito de livro e convida-o a sair da expetativa do que pode ser identificável como livro e dos materiais que podem ser usados.


Caso prático do artista e designer, Ben Denzer:

https://www.youtube.com/watch?v=42dvTa9Mlq0

https://catalogpress.org/



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