A exposição MACAU. 100 ANOS DE FOTOGRAFIA, presente no Museu do Oriente, nos apresenta diversas imagens fotográficas, registros de um passeio dos últimos 100 dos 450 anos da colonização portuguesa em Macau.
São centenas de fotografias, reproduções, fotos panorâmicas, ou somente registros da arquitetura e da região, de como era a cidade, ou de simplesmente dos hábitos do povo, que vão desde os meados do século XIX, 1844 mais precisamente, até os anos 50 do século XX.
Encontra-se nessa exposição imagens de vários fotógrafos.
Vemos os primeiros registros fotográficos de Macau, raros e bem conservados daguerreótipos do fotógrafo francês Jules Itier, que mostram o povo chinês de Macau e um pouco dos seus costumes da época.
Vale a pena observar detalhadamente esses daguerreótipos. Primeiro pela riqueza dos detalhes que esta técnica proporciona, e segundo pela pluralidade de informação que nos passa um pouco do que era o cotidiano do povo macauense no século XIX.
Jules Itier foi chefe de missão comercial na China, Índia e Oceânia, e sua viagem tinha como objetivo resolver os preparativos para assinatura do tratado França-China, em 1844. Logo, apesar do valor do seu material fotográfico devido a questão histórica-documental, as suas imagens foram registros um pouco superficiais da cultura macaense. Jules não viveu em Macau para se inserir e mostrar de fato qual era o seu cotidiano.
Daguerreótipo, 1844. Jules Itier |
Nas fotografias de José Neves Catela, que fazem parte da Coleção Cecília Jorge/Rogério Beltrão Coelho, e que são mais numerosas nessa exposição, contam um pouco mais das tradições macaenses e toda influência portuguesa na região e na cultura.
Uma das primeiras imagens que aparecem é uma fotografia de 1925 de escoteiros, acompanhada do negativo original, uma película negativa de 11x16 cm.
Escoteiros, 1925. José Neves Catela |
Negativo 11x16. José Neves Catela |
É apaixonante poder ter acesso a esse material. Ver um negativo original, com pouco mais de 90 anos, acompanhado da foto impressa, é de um valor imensurável. Vale a pena perder mais tempo nessa parte da exposição para analisar cada detalhe dessa película.
José Neves Catela viveu por mais de 20 anos em Macau, e os seus registros e material fotográfico mostram o dia-a-dia e momentos da multifaceta vida macauense.
Contudo, cada fotografia possui detalhamentos de como era essa região, antes das novas construções hoje presentes em Macau, assim como também um pouco dos hábitos e da rotina do povo. Uma Macau bem diferente dos dias de hoje. Menos habitada e desenvolvida. Mais rural do que urbana.
John Thomson é outro fotógrafo que tem muitas imagens presentes na exposição. Em suas diversas viagens que fez ao extremo Oriente, John também passou por Macau e fez registros importantes, únicos e de suma importância para complementar esse acervo fotográfico centenário da história social e política dessa região. As suas fotografias são foto-reportagens, um olhar diferente, mais jornalístico.
A exposição ainda nos presenteia com uma curiosidade, os primeiros registros fotográficos de nus na China. Fotos do fotógrafo alemão Heinz Von Perckhammer. Uma raridade.
A exposição também tem uma curiosidade. Registros hollywoodianos: o ator Clark Gable, e o cineasta Orson Welles, ambos na década de 50.
A exposição é bem simples, sem muitas apresentações e interferências multimídias, somente fotografias emolduradas impressas, contando um pouco desses 100 anos de registro, de forma linear e cronológica.
Sem se preocupar muito com quais técnicas fotográficas foram utilizadas, mas com detalhamento de quais películas foram feitas as imagens fotográficas, essa exposição se preocupa mais em mostrar a documentação e o valor do registro fotográfico de um lugar.
Quem nasceu em Macau, ou viveu por lá, vai ter uma grata oportunidade e surpresas para entender um pouco mais de sua história e os seus costumes, mostrando toda influência lusitana em conflito com as tradições milenares chinesas.
Ator Clark Gable, 1954 |
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