(entre
monólogo interior e fluxo de consciência)
San Martino di Castrozza, 3 de setembro 1924
«No salão do Hotel Fratazza, as 22h, ao ritmo do 'Carnaval' do Schumann, uma menina vienense de dezanove anos, apenas com um manto que cobria o seu corpo nu, ficou em estado de semi incociênca»
Else, assim se chama a protagonista, está de dérias com uma tia rica, em San Martino de Castrozza, quandp ficou perturbada por causa duma carta que recebeu da mãe: o seu pai corre o risco de falência.
A partir deste momento, vai-se consumindo o seu drama interior.
A historia da Else parece ter saído de uma cronica contemporanea.
A novela abre com um diálogo entre a Else e o seu primo Paul, enquanto joga a tênis. O intercâmbio ajuda a compreender a atmosfera e o significado profundo da história.
Paul pergunta por que ela não quer continuar jogando, e Else responde que não pode.
O drama ocorre em poucas hotas, após o jogo de tênis da tarde, até a hora de jantar, quando é recolhida do salão do Hotel, sem sentidos, e levada para o seu quarto.
O tempo corre rápido em uma espiral de eventos e emoções contraditórias que pertirba a alma da Else, e segue num ritmo serrado, a partir de um telegrama da mãe.
A notícia perturbadora diz que o seu pai, viciado no jogo, perdeu uma grande soma de dinheiro, como de costume, e que se não pagar a sua divida, acabaria na prisão, e a mãe que pede a Else, mas atraz das suas palavras, se ouve as palavras do pai.
A mãe no telegrama, pediu a Else que pedisse uma soma de dinheiro 'irrelevante', trinta mil florins, ao Sr. von Dorsday.
Von Dorsday, é um senhor de classe, amigo de família, que está fascinado para a beleza e o portamento da Else, e com certeza aceitaria de emprestar o dinheiro.
Else pensava do von Dorsday que era um homen horrível e incontrolável.
Mais velho do que o pai.
Com muita coragem, fala com ele.
Ele aceita de pagar a divida do pai, mas com a condição que ela se mostrasse nua à meia-noite no quarto dele ou na floresta.
Else permanece desconcentrada da proposta, e nesse momento começa a sua locura interior.
Decide aceitar, mas quer mostrar-se não só a von Dorsday, mas a todos os que estão no hotel.
Else volta para o seu quarto,prepara uma dose extrema de Veronal (um calmante), sai do seu quarto com apenas um casaco e sapatos e começa a procurar von Dorsady.
Entra na sala de musica: o von Dorsday está là, ela o procura até que ele encontra os seus olhos, entâo ela tira o seu casaco e fica nua, e todas as pessoas na sala ficam surpreendidas.
Else, toda a noite dizia que sentia a testa quente e as pessoas pensaram que talvez fosse por esta razão que ela desmaiou.
Ela é imediatamene levada para o seu quarto e deitada na cama; ela ouviu todas as vozes e as conversas, mas não conseguia reagir.
Quando estava sozinha por um momento, consguiu rapidamente pegar o Veronal e beber tudo tão rapidamente que o desmaio tornou-se eterno e as palavras que queria dizer ficaram encerradas entre os lábios até o epílogo.
Else é uma jovem de dezanove anos, filha de um ilustre advogado, que
pertence à burguesia vienense. Foi educada para ter um bom casamento.
A magia deste romance é ser capturado em um vórtice de emoções.
A partir deste momento de férias, onde as preocupações dela, são os jogos de ténis, e os ‘dinners’, muitas outras prioridades a ocuparão.
O incipit simboliza a transição prematura da adolescência despreocupada para a idade adulta.
Esse sentimento estranho logo se transformará no pior pesadelo: será ela, jovem que deve salvar a sua família.
Demonstrará uma
coragem e um senso comum que faltam em seus pais; terá que se expor e se humilhar,
comprometer, aceitando uma proposta indecente.
Else é
orgulhosa do seu corpo: não se considera linda, mas interessante.
O corpo da
Else, tão jovem e fresco, se torna uma troca de mercadorias, um objeto que tem
um preço na sociedade e se entende logo que terá que ser vendido para obter a
salvação da família.
Else é o narrador do seu proprio drama, e adotando a técnica do monólogo interior, Schnitzler monstra-nos de perto, ou melhor, de dentro os estados do animo da protagonista.
Schnitzler representa este drama com grande dominio artístico.
O aspeto psíquico de uma menina de boa burguesia vienese, revelada pelas mesmas técnicas que Freud, a associação de ideias.
A Else, sente que caiu em uma armadilha; os pais pedem essencialmente um ato de prostituiçâo.
Na
turbulência dos sentimentos que negligenciam sua mente, existimos participantes,
mas impotentes para o lento e inexorável destroço de todos os sonhos de Else.
Encantadora, de fato, é a técnica narrativa particular usada
por Schnitzler, que com um fluxo ininterrupto de consciência - interruptido
aqui e aí por apenas alguns diálogos - imerge o leitor em contato direto com os
pensamentos da protagonista, como se estivesse dentro sua cabeça.
O resultado é de uma naturalidade impressionante e trai o estudo aprofundado do caractér feito por Schnitzler, um autor sempre consciente da importancia da espessura psicologica das suas criaturas e da corripção moral e social dos adultos na sociedade vienense.
Arthur Schnitzler, nascido em Viena em 15 de maio de 1862, de
uma família de médicos judeus ricos, era um dramaturgo e médico austríaco. Ele
é mais conhecido por ter desenvolvido um artefacto narrativo conhecido como o
monólogo interior que costumava usar nas suas obras para descrever os
pensamentos e a psicologia dos seus personagens.
Schnitzler é frequentemente comparado com Sigmund Freud. Nos seus dramas e novelas usa a técnica do 'fluxo de consciência”,
onde mostra drasticamente a atividade subconsciente dos seus
protagonistas. Em consequência da sua representação intransigente do
pensamento, foi inúmeras vezes criticado. O seu ciclo “Der Reigen”
provocou um grande escândalo e foi censurado como pornografia.
Afirmou Freud: “Sempre que me deixo absorver profundamente por suas belas criações,
parece-me encontrar, sob a superfície poética, as mesmas suposições antecipadas, os
interesses e conclusões que reconheço como meus próprios. Ficou-me a impressão de que
o senhor sabe por intuição – realmente, a partir de uma fina auto-observação – tudo que
tenho descoberto em outras pessoas por meio de laborioso trabalho.” (Freud,1922)
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