Pós-Modernismo no Design
Durante uma grande parte do séc XX design o design Modernista tinha-se definido como a norma de abordagem projetual e estética, a certo ponto, já nos anos 1970 havia-se tornado rígido e desconectado, o que deu origem ao Pós-modernismo, um movimento de contracultura que rejeitava as normas e pretendia ser mais acessível e apelativo. Este movimento, presente na arte, arquitetura e design, trouxe uma nova era de liberdade artística, caracterizada pela diversidade de formas, autoconsciência de estilo e a rejeição de um significado único e inerente na arte. Os pós-modernistas valorizavam o contingente e o temporário, rejeitando a ideia de progresso linear e teorias totalizantes. Subvertiam o materialismo e conformidade do Modernismo, com a mistura de estilos e a procura de inspiração no passado, priorizando a liberdade criativa sem restrições.
Nos anos 70, o Pós-modernismo destacou-se também no contexto musical, compartilhando a crítica ao modernismo, que se tornara comercial e materialista. Estilos como Rock Psicadélico, Punk, New Wave/Post-punk e música Eletrónica marcaram esse período. O design gráfico teve um papel essencial especialmente nas capas de álbuns, que expressavam visualmente a atitude dos músicos. Designers britânicos como Barney Bubbles, Peter Saville, Malcolm Garrett e Neville Brody foram fundamentais na indústria de capas de álbuns, tinham influenciado a estética pós-moderna, colaboraram com músicos renomerados, e tinham o fator de estarem interligados na cultura jovem e música popular, distantes do mainstream do design profissional.
Entender a Arte da Capa de Álbum
A arte da capa de álbum sofreu muitas alterações desde a sua primeira concepção em 1910, foram do físico para o digital dentro de um período de tempo relativamente curto, sendo influenciadas pela tecnologia. Quando Alex Steinweiss criou a primeira capa para Columbia Records, nos anos 30, o número de venda de álbuns com capas ilustradas aumentou. Permitiram ao público relacionar-se de uma forma nova e mais pessoal com a música do disco.
Além de sua função conceptual e criativa, as capas de álbuns são ferramentas de marketing, fundamentais para a imagem da banda e a criação de logos e transformar as mesmas em marcas. As ilustrações nas capas formam uma primeira impressão importante, pois ser visualmente captivante pode atrair consumidores, até mesmo aqueles que não conhecem ou não gostam da música.
Inclusive ter uma função conceptual e criativa, as capas dos álbuns também servem como ferramenta de marketing desenvolvidas para propósitos comerciais. Ao longo do tempo foi adquirindo uma importância na imagem geral da banda, contribuindo para a criação de logos de banda e, consequentemente, transformando as mesmas em marcas. As obras utilizadas nas capas eram essenciais em formar uma primeira impressão positiva, uma nova parte intrínseca para qualquer álbum musical: ser visualmente cativante tem o potencial de fazer um consumidor comprar uma obra que talvez nem gosta.
Desde o início do modernismo, a produção visual e a musical estabeleceram uma relação íntima. Com o séc.XX havia-se criado uma troca fértil entre sons e formas, manchas e melodias, e diferentes espaços de composição e performance.
Já na década de 80, começou a se perceber que o primeiro contato consciente dos jovens com o Design Gráfico ocorria por meio das capas de discos.
O cenário Britânico
No Reino Unido, as tendências pós-modernistas assumiram uma forma diferente em relação aos EUA. Enquanto críticos americanos tentavam categorizar o movimento como "nova onda"(new wave) ou "pós-moderna", na Inglaterra não houve uma definição clara desse conceito. A new wave pós-modernista britânica foi fortemente associada à cultura jovem e à música popular, com os designers a afastarem-se do design profissional dominante, um gesto pós-moderno por si só.
Se esses designers britânicos passaram a ser chamados de ‘new wave’, foi principalmente por associação. A denominação pertencia, num primeiro momento, ao estilo musical de rock que surgiu no final dos anos 1970, após o punk rock, as figuras chave (do design) — Barney Bubbles, Saville, Brody e Malcolm Garrett — todos produziram designs para músicos da new wave/post punk.
Os seus trabalhos não seguiam um padrão consistente. Era eclético na sua inspiração e pluralista na aplicação de estilos. Embora, às vezes, fosse uma resposta ao modernismo ‘pioneiro’, manifestou-se mais como historicismo e homenagem do que ‘um desejo de subverter’ o que o modernismo posterior havia se tornado. Em algumas circunstâncias, era difícil identificar as fontes visuais específicas dos designs da nova onda britânica, mas isso apenas evidencia a sua ruptura com as normas e convenções predominantes na comunicação gráfica.
O design gráfico pós-punk acompanha de perto as operações culturais casuais do rock e da música pop (tendências, influências, híbridos, colisões, etc.) do que as noções filosóficas de ofício, habilidade, expressão, originalidade, etc., que se fomentaram e filtraram através do modernismo da primeira metade deste século.
Malcolm Garrett considerava a maior mudança da era da new wave como: um movimento "de saída da direção de arte (art direction) e introdução para o design gráfico", em que as pessoas perceberam que isso podia ser feito, e feito bem. Garrett, Peter Saville e Jamie Reid exerceram para mudar as coisas. Concluíram que tinham de ‘destruir o departamento de arte interno’. A ideia de que um designer poderia ser uma parte integral da evolução e desenvolvimento de uma banda começou a surgir, mesmo antes da banda assinar com as gravadoras, que — de maneira implícita ou explícita — deixaram que os departamentos de arte internos simplesmente desaparecessem.
“New wave created a better understanding of the power of graphic design to shape language, convey meaning, and communicate.” - Malcolm Garrett