O LIVRO INDECIFRÁVEL
O Manuscrito de Voynich é um dos textos mais misteoriosos do mundo. Do ínicio do século XV – entre 1404 e 1438 – é um livro manuscrito ilustrado, escrito em uma linguagem ou código desconhecido e é ilustrado com o que parecem ser plantas, diagramas astrológicos, figuras femininas e outros elementos enigmáticos. O nome do manuscrito vem de Wilfrid Voynich, um antiquário polonês que o descubriu em 1912, quando o comprou a um jesuíta antes que o mesmo o vende-se ao Vaticano. Desde então, ele tem sido objeto de especulação e estudo, mas até hoje ninguém conseguiu decifrá-lo ou determinar o seu propósito exato.
Os textos desta obra estão escritos num sistema de escrita não identificado, chamado de “voynichês”. Este apresenta um padrão de escrita coerente e estrutura, mas nenhuma língua conhecida corresponde ou se parece a esta. Vários linguistas e criptógrafos já tentaram decifrá-lo, sem sucesso.
No campo das ilustrações, é possível identificar cerca de 113 plantas ilustradas espalhadas pelos livros, enquanto que algumas plantas têm elementos reconhecíveis, a maioria parece ser fictícia. O manuscrito possui diagramas celestiais, símbolos zodiacos e representações do que parece ser o ciclo lunar. Este conteúdo sugere um conhecimento de astronomia ou astrologia. Há também figuras de mulheres nuas, algumas envolvidas em tubos ou estruturas semelhantes a sistemas biológicos ou canais de àgua. Essas ilustrações têm sido interpretadas como representações simbólicas de processos biológicos ou médicos. É possível encontrar também desenhos de frascos e recipientes, além de uma seção com o que parece ser uma lista de plantas e substâncias, levando alguns estudiosos a acreditar que o manuscrito poderia ser um guia de ervas medicinais.
Alguns pesquisadores
acreditam que o manuscrito seja um herbário medieval com plantas medicinais e
receitas terapêuticas. No entanto, as plantas não correspondem diretamente a
espécies conhecidas. Devido à presença das figuras femininas e diagramas semelhantes
a órgãos, outra teoria é que seja um livro sobre medicina medieval, talvez um
tratado ginecológico ou de saúde feminina. Muitos estudiosos acreditam que o
manuscrito esteja em código, criado para proteger conhecimento específico. Em
alternativa, poderia ter sido escrito num idioma perdido ou inventado. Existe
também a teoria de que o manuscrito seja uma invenção intencionalmente sem
sentido, uma brincadeira ou mistificação, criada para confundir os leitores.
Contudo, a complexidade do texto sugere que uma construção cuidadosa, pouco
provável de ser apenas um enigma sem sentido.
O Manuscrito Voynich já foi submetido a várias tentativas de decifração, usando técnicas desde criptografia clássica até análises de inteligência artificial. Em 2013, testes de carbono-14 foram realizados para determinar a idade do pergaminho, o que confirmou a sua origem no ínicio do século XV.
Criptógrafos da Primeira Grande Guerra, como William Friedman, e modernos estudiosos de inteligência artificial tentaram decifrar o texto, mas nenhum conseguiu. No entanto, através dessas análises, conclui-se que o “voynichês” possui padrões de repetição e frequência de palavras similares aos de linguagens naturais. Isso sugere uma gramática interna, mas até agora, sem correspondência com nenhum idioma conhecido.
Alguns linguistas notaram que certas palavras parecem ocorrer em àreas específicas do manuscrito, sugerindo temas relacionados com o conteúdo visual. Por exemplo, palavras específicas aparecem em seções botânicas e outras na seção artronômica, o que indica organização intencional.
O manuscrito possui
marcas e inscrições adicionais que sugerem uma longa histórica de proprietários.
Entre esses, Rudolf II da Germânia, que teria comprado o manuscrito no século
XVII acreditanto que o seu conteúdo fosse valioso. Também Athanasius Kircher,
um estudioso jesuíta e criptógrafo que também tentou decifrar o manuscrito. Chegando
então Wilfrid Voynich, ao qual o manuscrito apropriou o seu nome.
O Manuscrito de
Voynich é atualmente mantido na Biblioteca Beinecke de Manuscritos e Livros
Raros da Universidade Yale, onde está catalogado como MS 408. O mesmo foi
digitalizado e está disponível para ser consultado online.
O mistério do manuscrito
permance até hoje, sem uma decifração definitiva, continuando a alimentar
teorias e estudos.
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