O uso estratégico de cores num objeto gráfico vai muito além da simples escolha agradável das cores. Ela baseia-se essencialmente num lado mais influenciado pela psicologia que a envolve. O espiritualismo das cores é um campo que investiga como diferentes tonalidades podem influenciar as emoções, o comportamento das pessoas em relação ao objeto e o impacto que o mesmo tem perante o público a que o objeto é destinado. Essa compreensão das cores permite aos designers criar comunicações visuais que não só chamam apenas a atenção, mas também se refletem emocionalmente com as pessoas.
Por exemplo, o vermelho é uma cor poderosa, associada a sentimentos de energia, paixão e urgência. Ele é muito utilizado em campanhas de vendas e em chamadas de atenção, pois desperta uma resposta imediata e intensa. Um exemplo clássico é a utilização do vermelho em logotipos como o da Coca-Cola, que promove sensações de entusiasmo e dinamismo. Por outro lado, o azul é frequentemente escolhido por marcas que desejam transmitir segurança e confiabilidade. Empresas como Facebook e LinkedIn optam por essa cor para criar um ambiente de confiança e conexão, ressaltando a estabilidade e serenidade ao público. O azul tem um efeito calmante, que promove sentimentos de paz e lealdade.
O amarelo é a cor do otimismo e da alegria. Utilizado em projetos que desejam evocar sensações positivas, ele é vibrante e chama atenção, mas deve ser usado com moderação para não causar desconforto. Marcas como a IKEA usam o amarelo para transmitir entusiasmo e acessibilidade. Outro exemplo interessante é o verde, que simboliza a natureza, tranquilidade e crescimento. Frequentemente associado a produtos e marcas que promovem sustentabilidade e saúde, como a Whole Foods, o verde comunica um senso de bem-estar e equilíbrio.
Com isto surge-nos sempre perguntas como figurativamente: Como é que isso tem impacto no Design?
Bem parece um pouco óbvio para os mais observadores, é só associar uma coisa a outra. A verdade é que não é preto no branco. A escolha de uma paleta de cores adequada pode fazer toda a diferença na percepção de uma marca, um produto e até mesmo num simples objeto gráfico. O uso incorreto das cores pode causar danos colaterais como equivocar o ser humano devido ás diferentes percepções causadas, ou desviar a intenção inicial para outro público alvo indevido. Alguns exemplos dessa prática foram: o Logotipo das Olimpíadas de Londres em 2012, onde a paleta de cores do logotipo foi amplamente criticada por ser muito vibrante e confusa, causando um certo desconforto visual. Algumas combinações dessas mesmas cores chegaram a ser vistas como agressivas ou desarmônicas.
Alguns sites e aplicativos com interfaces multicoloridas onde os designs de interfaces digitais têm sido bastante criticados por misturar cores que não criam contraste suficiente ou que cansam a visão do utilizador. O que acaba por dificultar a navegação e a compreensão do conteúdo. E até mesmo algumas marcas de fast-food com cores não tradicionais que tentaram diferenciar-se usando cores como azul ou verde em vez do vermelho e amarelo que são as mais comuns (porque dizem que estimulam o apetite). Essa abordagem, em alguns casos, resultou numa mensagem confusa ou desproporcional do conceito de comida rápida e prazerosa.
O que nos trás á conclusão que uma combinação que reforce as emoções desejadas tem o potencial de aumentar o envolvimento, melhorar a memória visual e gerar uma conexão emocional mais profunda com o público.
Ainda por cima num mundo como o nosso que é tão saturado de informações visuais. Acho que podemos dizer que a compreensão da psicologia das cores permite aos designers criar experiências mais eficazes e impactantes.
Por fim, o design é uma ferramenta de comunicação muito poderosa, e o uso inteligente das cores é essencial para transmitir a mensagem correta.
Pergunta para o público: Qual foi a cor que mais te chamou a atenção num item de design e como é que ela influencia a tua percepção sobre o produto ou marca?
Deixo aqui afixado a baixo algumas referências de alguns especialistas na psicologia das cores.
Johann Wolfgang von Goethe: Autor da obra Teoria das Cores, publicada em 1810. Goethe explorou como diferentes cores podem provocar sensações distintas e reações emocionais nos seres humanos. Ele dividiu as cores em categorias baseadas em como as mesmas impactam o humor e a percepção.
Josef Albers: Artista e teórico que estudou como as cores interagem entre si. O seu trabalho Interaction of Color examina como a percepção das cores muda de acordo com os contextos adjacentes.
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