segunda-feira, 15 de maio de 2023

Arte no Coração de Ortega Y Gasset

"Tel Aviv man XIX", de Jaume Plensa
A2 Edifico Beatriz
"La condición humana y su lugar en el universo" Madrid Luxury Art 2023



Exposição Temporária: Madrid Luxury Art | La Condición Humana y su Lugar en el Universo
Inauguração: 16 de fevereiro de 2023
Período: Previsto até 16 de abril de 2023 mas alargado até final de julho de 2023
Curadoria: Maria Luz Cárdenas - AGM, Art Management
Local: As obras encontram-se expostas ao ar livre na avenida Ortega y Gasset e também no interior de edifícios associados na mesma avenida.

Ao Ar Livre e Sob o Olhar de Todos os Públicos


"La Gran Enroscada roja" de Diego Canogar
Crédito: Maria David

"Socorrista de Biarritz" de Aurora Carreño
Crédito: Maria David

A Condição Humana e o seu Lugar no Universo é o título da exposição coletiva de arte contemporânea que se encontra no bairro de Salamanca em Madrid, no coração de Ortega e Gasset, trazendo emoção para as ruas da capital espanhola. Esta segunda edição de Madrid Luxury Art é um projeto que tem como objetivo principal aproximar a arte da vida urbana e gerar mudanças culturais, fortalecendo laços com as obras de arte. A exposição centra-se na reflexão sobre a condição humana e o seu lugar no universo, trazendo olhares sobre a forma como se estabelecem relações entre as formas espaciais e as figuras terrenas. A seleção de obras inclui artistas ibero-americanos de diversas linguagens artísticas.

Com um total de 20 escultores e mais de 30 obras, provenientes de coleções particulares e de galerias como Marlborough; Fernando Pradilla; La Cometa; El Museo; Garna Art Gallery; Luisa Pita; Fundação Botero e Galeria Freites. A exposição de rua começa em Ortega e Gasset, no alto de Núñez de Balboa, com a obra do pintor e escultor Manolo Valdés "Cabeza con tocado bombacáceas grandes" prosseguindo com obras de artistas como Aurora Carreño com "Socorrista de Biarritz"; Fernando Botero com "Mulher com uma maçã"; Baltasar Lobo com "Piece D´Eau sur Socle"; de Juan Díaz-Faes com "Pitarras", entre outros, até à obra "Aldeas Transversales" de Fernando Suárez Renguera, que se prolonga no espelho de água e nos lembra a mais autentica relação entre o Homem e a natureza.

Madrid Luxury Art reúne ainda no interior de alguns edifícios associados, artistas com suas obras como a de Odnoder com "A dança do vento", "A dança do amor", "Amor eterno" e "Maternidade" exibidas na boutique Jaeger Le-Coultre; Manolo Valdés com "Luna"; Rafael Barrios com suas obras “Razante” e “Malabarismo vertical”; Manolo Valdés com "Cabeça com samambaias de prata III" localizado dentro da joalheria Chaumet.

As obras são de tamanho proporcional ao espaço em que estão inseridas, convidando-nos a descobrir relações entre o ser humano e o meio ambiente. Percebe-se que o espaço designado para cada obra, a acolhe e dialoga com ela, num convite constante à fruição e interação do público. Sente-se como se as obras introduzissem beleza no dia-a-dia de quem passa.

Encontra-se ainda criteriosamente exposta na entrada do edifício Beatriz a obra "Tel Aviv Man XIX" de Jaume Plensa.


Jeume Plensa


Plensa no atelier em Barcelona
Crédito: Xavier Bertral


Nasceu em 1955 em Barcelona, onde estudou na Llotja School of Art and Design e na Sant Jordi School of Fine Arts. Depois de ter vivido e trabalhado na Alemanha, na Bélgica, em Inglaterra na França e nos Estados Unidos, reside e trabalha atualmente em Barcelona.

Jaume Plensa foi professor na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts em Paris e colabora regularmente com a School of the Art Institute of Chicago como professor convidado.

A sua vasta obra tem sido apresentada em galerias e museus da Europa, Estados Unidos e da Ásia. Entre as exposições marcantes da sua carreira destaca-se a organizada na Fundació Joan Miró em Barcelona em 1996, que seguiu para a Galerie nationale du Jeu de Paume em Paris e depois para o Malmö Konsthall na Suécia. Uma das grandes exposições do autor no Estados Unidos denominada de "Human Landscape", apresenta sete esculturas monumentais ao ar livre e instalações internas. Exposição inaugurada em 2015 e que viaja posteriormente para The Toledo Museum of Art no ano de 2016. As esculturas figurativas de Plensa interpretam as complexidades da condição humana numa variedade de materiais, desde ferro fundido e aço inoxidável até alabastro e mármore.

Jaume Plensa recebeu inúmeros prémios nacionais e internacionais, incluindo a Médaille de Chevalier des Arts et des Lettres, concedida pelo Ministério da Cultura da França, em 1993, e o Prémio Nacional de Belas Artes do Governo da Catalunha, em 1997. Em 2005, foi premiado com o título de Doutor Honoris Causa pela Escola do Art Institute of Chicago. Na Espanha, recebeu o Prêmio Nacional de Belas Artes em 2012 e o prestigiado Prémio Velázquez de Artes em 2013 e foi também premiado com o título Doutor Honoris Causa da Universitat Autónoma de Barcelona em 2018.

Conhecido pelas suas esculturas de cabeças humanas gigantes, também trabalhou com pintura, desenho e instalações de arte. A escala e dimensão são importantes características da sua obra, que chama a atenção do público e cria a sensação de imersão. As suas esculturas são também conhecidas pelo simbolismo , por serem contemplativas e pela representação da natureza e humanidade.

O autor explora questões universais da condição humana. Com base no seu interesse pela música, literatura e ciência, Plensa desenvolveu uma poesia visual que faz referência à presença humana tanto no corpo quanto na alma. Por vezes através de grandes esculturas de ferro fundido que se colocam em espaços exteriores, outras vezes através de desenhos mais intimistas dentro de galerias, desenvolve a beleza que existe a partir de sonhos e de observações diretas.

As esculturas de Plensa são frequentemente construídas com letras de diferentes alfabetos mundiais, fragmentos de textos e poemas.

Colocadas em espaços públicos ao redor do mundo, essas construções são mensageiros silenciosos, contendo fragmentos de sintaxe para sugerir que o impulso para a comunicação linguística atravessa todas as fronteiras humanas.

A Obra "Tel Aviv Man XIX"


À entrada do Edifício Beatriz, na avenida Ortega y Gasset 29 esta localizado o "Tel Aviv Man XIX", obra de Jaume Plensa, com quase dois metros de altura (179,07x93x114 cm), em aço estampado soldado.

A obra faz parte de uma série de esculturas e instalações que usam letras para moldar uma silhueta esquelética. O autor entende o texto como algo digno de manipulação. Quer revelar o valor das palavras e do texto enquanto codificadores e marcas das civilizações. A obra revela que Plensa, segue o seu sonho de transformar as letras em algo físico. É como uma escrita transformada em escultura. Em entrevista com Leonie Schilling, Arte no Limite, n.42, v. 2010 e citado pelo Gran Teatre Del Liceu de Barcelona Plensa, referindo-se aos alfabetos salienta:

Siempre he trabajado con mi origen: la letra latina. Pero quería abrazar más cosas e introduje nuevos alfabetos o ideogramas: hebreo, árabe, chino, japonés, griego, cirílico, coreano, hindi y latín. La diferencia de forma entre cada letra es de una belleza única y es una metáfora muy interesante de la diversidad. Un alfabeto expresa bien la manera de ser de cada cultura. La resume y forma el retrato más preciso.

Segundo o autor a sua paixão pelos livros e a proximidade à cultura visual da letra representam fontes de inspiração para a sua linguagem expressiva e para o seu universo criativo. Os sonetos de Shakespeare; Elias Canetti e Stefan Zweig parecem ter sido fundamentais. Refere-se à leitura e ao passar das páginas de um livro como se a página anterior tivesse desaparecido mas o seu conteúdo tivesse ficado dentro de si. Na sua obra as palavras e as letras ganham peso e volume e assim perduram, não desaparecem.

Nomeou o primeiro homem de letras desta série de homem de Tel Aviv, porque o imaginou em Tel Aviv. E esse homem tatuado de letras representava exatamente o seu corpo. Refere:

Estávamos em Tel Aviv e pensei que a vida nos tatua permanentemente, mas com tinta invisível, e de repente, quando alguém te conhece e te contata, sabe ler nessa invisibilidade da tinta coisas que os outros não veem, e eles se tornam um amigo, um amante, uma pessoa próxima. E pensei nesse cuidado que a cultura judaica tem em observar se a vírgula ou o ponto está correto, porque isso pode mudar não só um texto, pode mudar o Universo, assim como um ponto ou uma letra a mais ou a menos pode mudar na nossa pele, na nossa tatuagem. E resolvi fazer um corpo que era meu na época, de letras, e assim nasceu a primeira peça dessas, que se chamou Tel Aviv man.

A partir da primeira peça, do primeiro homem de Tel Aviv, Plensa decide misturar alfabetos de todo o mundo, nas suas peças, representando diferentes bagagens culturais e a maravilhosa diversidade da sociedade e do mundo. Desejando que a arte crie a universalidade.

Na presença da obra "Tel Aviv Man XIX" de Jaume Plensa, sente-se algo como se a escultura se desmaterializasse e desse lugar à luz e à palavra. Vazia no seu interior, imponente na sua materialidade colocando-nos perante uma espécie de jogo literário e de linhas imaginárias. Simultaneamente corpóreo e insubstancial, sem expressão mas revelando humanidade. Estamos perante um material frio e duro, mas a forma é fluida e poética.

Por instantes coloca-nos numa espécie de aporia mental, como se fossemos transportados para o universo aporético de Platão, tal a intensidade daquela presença. Numa imersão que nos coloca num caminho sem saída, num jogo combinado de questionamento e de espanto, em que a escala tem a dimensão equivalente ao espanto que suscita. Ambas traduzem a genialidade da criação.

Fontes

  • https://www.liceubarcelona.cat/index.php/en/plensa-alphabet
  • https://mariasbildlektioner.weebly.com/uploads/1/3/3/1/13310596/katalogus-12.pdf
  • https://www.madridluxurydistrict.com/our_event/madrid-luxury-art-un-museo-urbano-al-aire-
  • libre/https://es.ara.cat/misc/jaume-plensa-aqui-artistas-gaudi-conde-guell_1_1059332.html
  • https://rubricadigital.es/el-arte-contemporaneo-inunda-la-milla-de-oro-de-madrid/

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