quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Revista tipográfica: FUSE



 Quantas letras cabem numa disquete? Para muitos desta nova geração esta palavra pode soar estranha mas para Brody, Spiekermann e Wozencroft vender uma revista com fontes que podem ser descarregadas numa disquete foi uma decisão lógica para o virar da década de 90 onde a tipografia sofria uma das maiores viragens na sua forma e estilo após os tempos da imprensa de Gutenberg, a transição para o digital que permitiu uma aproximação radical à linguagem tipográfica e o seu entendimento formal e estilístico e foi o maior propulsor do movimento pós-modernista e anti-modernista.

É em 1991 que Neville Brody, Erik Spiekermann e Jon Wozencroft lançam a primeira edição da revista FUSE, composta por tipografias experimentais criadas especificamente para cada edição, posters e ensaios tudo dentro de uma caixa de cartão. Cada uma destas edições tinha um tema e participantes convidados pelos editores. Alguns dos nomes mais famosos e influentes da indústria como Malcom Garret, Jeffrey Keedy, Peter Saville, David Carson e muitos outros constam na lista de contribuidores para a Fuse e marcam uma época de vanguarda e experimentalismo para o design gráfico e tipografia cuja influência ainda é perpetuada nos dias de hoje com muitos dos posters e tipografias resistindo à passagem do tempo e mantendo uma certa contemporaneidade.

A revista, agora fora de impressão, conta com uma existência de 20 anos, 18 edições e uma edição comemorativa publicada pela taschen. Para os amantes de tipografia, a FUSE é uma ode ao experimentalismo da tipografia digital, muitas vezes à beira da ilegibilidade, com um formato interativo que fazia do leitor não só um agente passivo mas um participante ativo no processo de design tipográfico.

Novas formas de ver e criar exigiam também novas linguagens visuais e novas formas de reprodução e FUSE veio criar um espaço de liberdade onde estas fronteiras pudessem ser ultrapassadas e as normas e tradições tipográficas desrespeitadas. Apesar de criticada na sua altura por vários críticos de design, entre os quais Steven Heller, o seu objetivo era promover inovação, como Wozencroft diz na primeira edição “abuso faz parte do processo”.






LINKS

https://www.wired.com/1994/07/fuse/

https://www.typotheque.com/articles/10_issues_of_fuse

https://www.printmag.com/design-books/the-fuse-box-faces-of-a-typographic-revolution/

https://www.nytimes.com/2012/06/01/books/review/clint-eastwood-posters-bob-dylan-paintings-and-more.html?searchResultPosition=61

https://www.designweek.co.uk/issues/december-2011/brodys-fuse-back-catalogue-to-be-republished/

Sem comentários:

Enviar um comentário