Capa dura, da edição da Saída de Emergência |
Howard Phillips Lovecraft é considerado o expoente máximo da literatura de horror do início do século XX, mas nem sempre o foi. Lovecraft passou por dificuldades, muito por conta da sua dedicação à literatura, que pouco mais conseguiu, à época, do que ocasionais espaços em revistas e imprensa pulp fiction. Lovecraft foi um pioneiro no que diz respeito a misturar ficção científica com terror, e o seu trabalho é considerado único e inimitável no que diz respeito à dimensão e ao pormenor. Na edição de Luís Corte Real, o fundador das Edições "Saída de Emergência" que participou ainda no design de capa, arte e editorial, "Os Contos Mais Arrepiantes" de Howard Phillips Lovecraft é uma homenagem mais do que digna àquele que foi um artista incomparável, não obstante, a sua morte precoce, aos 46 anos.
De facto, Lovecraft era um mestre naquilo que escrevia. É como se o terror dos nossos dias precisasse ser gritado para nos assustar, enquanto Lovecraft simplesmente sussurra o medo. E sussurrar, com toda a certeza, tem muito mais efeito.
Não é como o terror que estamos habituados a ver nas telas de Cinema ou a ler nos grandes lançamentos da atualidade. Não é um livro que se lê depressa, tanto pelo tamanho como pela forma como os contos podem mexer connosco.
Entrada do Índice |
Entrada do Conto O Intruso |
Os pormenores desta edição, então, são a cereja no topo do bolo. A começar pelo trabalho da capa dura, complexa de detalhes incríveis e bem elaborados, onde, no fundo, roxo assentam inscrições em prateado a que não faltam caveiras e tentáculos de criaturas marinhas -, pode ser vista como uma súmula da obra Lovecraftiana, reunindo 22 dos seus contos mais arrepiantes. A acompanhar uma paginação exemplar, com todo o ar de livro de uma época que não nos passou pelos dedos, cada um dos 22 contos – há pérolas como «O Intruso» ou «Herbert West, o Reanimador» – é ilustrado por um artista nacional, com nomes como Filipe Andrade, Ricardo Cabral, Bárbara Lopes, Joana Simão, Joana Afonso ou Miguel Mendonça a recriarem a negro o imaginário dos contos de Lovecraft, responsável maior pela literatura de horror ter deixado de ser só sobre vampiros, fantasmas e bruxas – e por deixar influências e inspirado autores modernos como Neil Gaiman, Alan Moore ou Guillermo del Toro.
Este livro é uma prova de que, apesar de ter falecido há mais de 80 anos, Lovecraft continua a viver através da sua obra. É um trabalho perfeito para quem se deixa levar pelas palavras e quem quer mergulhar na mestria de um dos maiores escritores de horror de sempre.
Ilustração de Miguel Mendonça, do Conto O Modelo de Pickman |
Ilustração de Carlos Fernandes, do Conto O que Sussurra nas Trevas |
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