“Para se ser Designer Gráfico ás vezes é preciso utilizar uma lupa, ou então o projeto é concretizado em dimensões de grande porte”, disse Annie Atkins, designer gráfica de renome.
Neste caso, um dos grandes projetos em que a designer participou foi o filme “Grand Budapest Hotel”, de Wes Anderson, em que a mesma foi a diretora da equipa do departamento de arte do filme.
“Grand Budapest Hotel” é um filme marcante pela sua cinematografia peculiar, pela paleta de cores utilizada, mas também pelo conteúdo de design gráfico que apresenta. A autora, e a representante do design gráfico do filme é Annie Atkins, em que a mesma, numa palestra dada em 2017, fala sobre os erros visíveis, a nível de design, que estão presentes neste filme.
Annie Atkins explica que num filme não é suposto apercebermo-nos do trabalho gráfico que completa o cenário idealizado e criado, é suposto estarmos apenas presos à história e às personagens, mas, inconscientemente, reparamos no design concretizado. Por exemplo, quando, num filme, o espectador no decorrer do mesmo visualiza um sinal/letreiro a dizer “WALK not running”, o mesmo assume que a personagem irá parar de correr e começará a caminhar.
A designer relata diversos detalhes de cada peça projetada para o filme de Wes Anderson. E os diversos erros cometidos à medida que o filme foi rodado. Segundo a designer, é possível reparar nos diversos erros, tal como um simples calendário. Annie assume que, na realidade, quando o departamento de arte criou o calendário de parede na estação de
“Quando se vê uma personagem a ler um jornal no filme, alguém teve de o fazer, tudo é criado de raiz”
Um dos pontos de referência do filme de Wes Anderson são as “Mendl’s Box” em que foi cometido um erro de ortografia na palavra “Pâtisserie”. A mesma foi escrita com dois “t”. Este erro só foi notado quando o realizador do filme advertiu a designer acerca do mesmo, em que já tinham sido gravadas diversas cenas com as “Mendl’s Box”. Cada caixa foi pintada à mão, não havendo tempo para nova confeção das caixas das 2000 caixas produzidas.
É importante referir que, como papel de designer gráfico, é necessário a criação de variás cópias do design projetado. Neste caso, durante a rodagem de um filme, quando é necessária a interação entre a personagem e o design gráfico projetado, o designer tem de estar preparado para a criação de várias réplicas do mesmo. Por exemplo, neste filme em questão, foram criadas várias réplicas do telegrama, rasgado, colado e coberto de sangue, pois existe uma interação entre a personagem e o objeto, porque são peças frágeis ou pode acontecer imprevistos/acontecimentos.
Por fim, um dos erros mais falados e comentados quando foi o lançamento do filme “Grand Budapest Hotel”, questionou-se o porquê do facto das letras presentes no letreiro por cima do hotel, as mesmas apresentarem um espaçamento diferentes e não algo uniforme. A designer relata que quando criou o letreiro, a mesma se inspirou nos hotéis do período de tempo do filme em questão, em que o realizador aceitou e aprovou, tornando assim o mesmo como um “erro autêntico”, quase como imagem de marca do filme de Wes Anderson.
Annie Atkins diz que para ela poder fazer uma boa pesquisa quando é deparada com um trabalho novo em maõs, ela não recorre à internet, mas recorre a livrarias, a museus, a bibliotecas, etc... . A designer, para poder criar algo que se relacione com a época dos filmes, sente a necessidade de procurar os materiais, sentir a tentura, o peso, tudo aquilo que lhe dá vantagem para poder fazer um bom projeto.
"Grand Hotel Budapeste", de Wes Anderson, 2014:
https://www.imdb.com/title/tt2278388/
Palestra de Annie Atkins, 2017:
https://www.youtube.com/watch?v=SzGvEYSzHf4
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