segunda-feira, 17 de outubro de 2022

“I AM MOTHER”, obra de Emeke Obanor

 

    O que é ser mãe? O que é ser mãe quando a vida lhe exige um esforço sobrenatural? Não conhecemos nem a dor nem o esforço que a mesma faz, apenas sentimos a nossa, mas, no entanto, é algo que podemos ver a longas distâncias, até mesmo noutros países, noutros continentes, através de mares e oceanos.

    Ao visualizar e admirar a obra do artista, Emeke Obanor, fui submersa através do olhar de cada “mãe” e do papel que as mesmas têm neste mundo. Ridicularizar o papel da sociedade faz parte. É esperado que a mãe carregue nas suas costas tudo e todos, que represente vários papéis em diferentes palcos. No entanto, neste caso, a mãe serve uma casa, um marido e os respetivos filhos.

    Se observarmos a nossa própria mãe conseguimos ver a força e o esforço que a vida lhe exige. Assim, deste modo, o artista representou a sua mãe, e outras tantas nigerianas, como força e poder da natureza, pois todas foram submetidas a diferentes tipos de abuso.

    

"My mother must look beautiful all the time. Father comes home to a loving, beautiful and caring wife, who will always make him feel good about himself."

    A mulher não tem opinião. A mulher é quem cozinha. A mulher é quem educa os seus filhos. A mulher arruma e limpa. A mulher cala e consente. A mulher tem o dever de satisfazer o seu marido. A mulher é isto e aquilo.

    NÃO! A mulher é a força da natureza. A mulher é poder. A mulher tem o direito de se expressar. A mulher tem o direito que lhe cabe a ela e nada mais. A mulher é quem quiser. Em pleno século vinte e um a mulher ainda luta pelos seus direitos e deveres contra uma sociedade que abomina a raça feminina que ainda a vê como objeto para uso próprio.


    "My father constantly reminds my mother that she became his possession the day he paid her marriage bride price."

    O nigeriano nesta obra, o qual apresenta um projeto ainda por concluir, relata momentos da sua infância… No entanto, o mais importante, é o relato de memórias, de conversas com a sua mãe e momentos em que o mesmo presenciou o abuso do poder masculino, do seu pai, subjugando os maus tratos à sua própria esposa. À primeira vista, parece uma obra que representa a sociedade feminina, mas, por outro lado, quando a mesma é visualizada na sua íntegra somos abalroados com dezenas de memórias de maus tratos e abuso da mulher.

    Podia estar a descrever o tipo de composição, cenário e regras utilizadas nestas obras, mas não é isso que está em causa. A mulher deve ser falada e defendida, e a arte, como meio de expressão livre, permite dar uso à comunicação de variadas formas. “I AM MOTHER” é uma obra forte, comunicativa e elucidativa para mais um relato de uma mulher e dos sacrifícios a que é submetida.

    E se o homem se colocar no lugar da mulher? Ele desiste?


"Gender equality is unnatural in our home. My uncle ones told my mother, " you are a woman, with all your education, you will still end up in the kitchen".


Artista e suas obras:

https://www.emekeobanor.com/shades-of-gray#1




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